Entregue a Fera

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O médico enfaixou minha mão e passou alguns medicamentos, caso eu sinta dor. Antes de sair, o médico conversou com Taehyung e eu não conseguia fazer movimentos com a minha mão e minha cabeça estava dolorida, por conta do baque na cadeira. O médico disse que por pouco não fraturou o meu dedo mindinho. Só preciso me recuperar rápido, não gosto de ficar assim, sem fazer nada.

Me deitei na cama e Taehyung se aproximou e sentou do outro lado da cama. Ele estava bastante calado. Ele tirou o pano do seu rosto e me olhou. Lembrei da sua história, do pouco que ele me contou. Eu fico me perguntando quanto sofrimento ele passou.

— Como está se sentindo? — Ele perguntou baixo.

—  Não consigo mover minha mão, mas vou ficar bem. — Ele se levantou e colocou novamente aquele pano no rosto. — Onde você vai?

— Preciso resolver uma situação. Não saia do quarto.

Ele saiu e eu fiquei lá esperando. Não tenho a mínima ideia do que ele vai fazer, mas espero que não mate o Bogum. Eu tenho a impressão que Bogum se aproximou de Taehyung, justamente para lhe entregar para aquelas pessoas más. Por isso, ele está se prestando a esse papel de ser cozinheiro aqui. Se Bogum quer o lugar de Taehyung, é lógico que ele vai fazer de tudo para conseguir, inclusive fingir ser leal a Taehyung e depois traí-lo.

Horas depois Taehyung entrou no quarto com uma bandeja na com comida nas mãos. Ele se aproximou da cama e colocou a bandeja no colchão à minha frente. Eu estava surpreso com sua atitude..

—  Você precisa se alimentar, coma! — Eu o olhei.

— Você preparou essa refeição?

— Eu não sei fazer isso. RJ que preparou.

— E Bogum, o que fez com ele?

— Tivemos uma conversa e eu deixei claro que tenho uma dívida com por ter me ajudado. Isso deixa claro que eu confio mais nele do que em você.

—  Você agiu bem. Não é o momento de descartar Bogum. — Eu o olhei e consegui tirar aquele  pano do seu rosto. — Não gosto de ver você cobrindo seu rosto.

— Coma ou vai esfriar! — Eu assenti e peguei a colher. Logo comecei a comer.

— Eu quero muito preparar uma refeição para nós. Mas agora vai ser difícil, com minha mão assim. — Eu comia devagar.

—  Quando você ficar bem, você faz essa refeição. — Eu o olhei.

—  Eu quero lhe dizer algo muito importante.

— O que é?

— Eu queria agradecer por confiar em mim, em contar um pouco da sua história. Saiba que independente de como nos conhecemos, eu aprendi a gostar de você. Como eu lhe disse, eu enxergo você além da aparência. Sua história é muito forte e inacreditável, mas eu acredito em você e eu gostaria muito de poder te proteger.

—  O que é gostar de alguém? — Ele me olhou curioso.

— É isso que você vem fazendo por mim, se importa comigo, quer me proteger. Acredito que essa refeição seja a forma mais clara de traduzir que gosta de mim. Você está cada dia mais se importando comigo e isso é gostar.

—  Eu fui buscar você naquela estrada, porque eu não aguentei ver você longe de mim. Com medo ou não de mim. Eu queria você perto.

—  Sempre que você quiser conversar sobre alguma dúvida, podemos conversar. Eu gosto de conversar com você. — Ele desviou o olhar. — Eu gostaria muito de te mostrar os meus gostos e saber os seus. Assim a gente se conhecia melhor.