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Mesmo com o banho frio, ele ainda continuava com febre. Preocupado, eu peguei mais cobertores e coloquei sobre ele. Mang estava no quarto, me olhando. Fui ao banheiro buscar mais água e peguei um pedaço de pano,molhei e coloquei na testa dele, fiz várias vezes.

Eu não conseguia imaginar a dor e o sofrimento que ele passou, essas marcas em seu corpo, é de alguém que foi punido. Olhei seu rosto detalhadamente, os cortes no canto da boca estavam inflamados, não eram grandes cortes, mas inchado, deixava a fisionomia dele horrível. Agora, eu consigo entender porque o chamam de Fera.

— Não…não…chega! — Ele balbuciou. Estava delirando de febre. Molhei o pano mais uma vez e coloquei em sua testa. — Chega! Eu vou morrer, chega!

— Meu senhor, calma! — Eu toquei seu ombro, fazendo ele parar de se mover.

Ele continuou balbuciando, mas não dava para entender nada. Fiquei a madrugada inteira cuidando dele, ainda bem que a febre estava baixando. Mang estava adormecido em sua caminha. Me levantei e levei a bacia para o banheiro. Peguei suas roupas molhadas e levei para lavar. Logo voltei para o quarto, me sentei perto da cama, como eu estava exausto, adormeci.

Despertei sentindo algo macio no meu rosto, lentamente fui abrindo os olhos e Mang estava na minha frente. Rapidamente olhei para a cama e meu senhor não estava lá. Me levantei e fui para o banheiro, ninguém.

Onde ele estava?

Mang veio até mim e eu lhe fiz um carinho, olhei para a cama e resolvi trocar os lençóis. Fiz isso rapidamente, assim que terminei saí do quarto, junto com Mang. Deixei as roupas na lavanderia e coloquei a ração e a água de Mang. Então, fui à cozinha.

— Bom dia? — Bogum me olhou.

— Bom dia! O café da manhã está pronto..— Olhei para a mesa.

— Bogum, meu senhor não está em seus aposentos, você o viu? — Ele me analisou e fechou a cara.

— Saiu para andar a cavalo! — Eu arregalei os olhos

— Como? Andar a cavalo?

— Sim, ele sempre faz isso. Não precisa se preocupar, ele sabe se cuidar!

— Não estou preocupado, estou surpreso.

Ele não falou mais nada e eu fui tomar meu café. Esses dias trabalhando aqui, percebi que Bogum não está contente com a minha presença. Acredito que eu tirei o seu lugar. Bom, ele deveria estar feliz, pois não vai ser mais punido. Terminei meu café e fui fazer meus afazeres diários.

Fiquei atento, pois eu queria saber quando meu senhor chegará. Não demorou muito e ele voltou do seu passeio a cavalo. Voltei para a sala correndo e fingir estar limpando uma mesa, logo ele adentrou.

— Escravo? — Eu me virei. — Meu escritório, agora!

— Sim, meu senhor!

Ele seguiu para o escritório e eu o segui. Confesso que estava apreensivo. Será que ele vai me punir? Mas eu cuidei dele! Assim que entramos, fechei a porta. Fiquei de cabeça baixa, pedindo proteção para não ser punido.

— Olhe para mim! — Eu levantei a cabeça.

— Sim, meu senhor! — Ele se aproximou e eu não desviei o olhar. Eu aprendi que para lidar com ele, eu preciso ter coragem.

— Por que você voltou para o quarto? Eu não tinha te expulsado?

— Meu senhor, fiquei preocupado. Por isso tive aquela atitude! — Ele continuava me encarando, mas sua expressão suavizou um pouco.

Entregue a Fera Onde histórias criam vida. Descubra agora