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Com a bandeja nas mãos eu ia caminhando lentamente, em direção ao quarto da Fera. O tremor pelo meu corpo parecia que aumentava a cada passo que eu dava. Eu estava levando o seu jantar.
Assim que eu parei em frente aquela porta grande,eu suspirei pesadamente. Observei as refeições e tudo estava exatamente como ele pediu.

— Meu senhor? — Falei e logo ouvi o latido de Mang.

— Entre! — A Fera disse e eu entrei.

Era a primeira vez que eu entrava naquele quarto, tudo era preto, até o chão, era um mármore preto. Levei a bandeja até a uma mesa, retirei a refeição e ordenei tudo na mesa. Me posicionei e logo a Fera se aproximou.

—  Olhe para mim, escravo! — Sua voz grossa me assustou e eu levantei o olhar. — Prove a comida!

— Como? — Ele veio na minha direção e eu rapidamente disse — Sim senhor, provarei a comida!

Me aproximei da mesa, peguei uma colher e tomei um pouco do caldo, estava bastante quente.

— Está quente? — Eu o olhei e assenti. —  Esfrie, minha refeição precisa ser na temperatura exata. Nem frio e nem quente!

Eu esfriei e quando eu acredito que deu a temperatura exata, parei e ele se sentou na mesa. Me afastei e fiquei olhando se ele iria tirar aquele pano que cobria metade do seu rosto.

— Espere no corredor, quando eu terminar, lhe chamarei!

— Sim senhor! — Curvei minha cabeça e fui em direção a porta. Mang estava deitado em sua cama e parecia muito confortável.

Assim que saí do quarto, fechei a porta e me escorei na parede. Agora que sou escravo dessa Fera, preciso me acostumar com a presença dele. Não posso ficar trêmulo toda vez que estou no mesmo ambiente que ele. Não posso demonstrar medo perante ele.

Passei mais de uma hora naquele corredor esperando a fera terminar de jantar. Eu estava exausto, não me recuperei da febre e muito menos da tosse. Sentado no chão, ouvi a porta abrir.

— Entre! — Entrei e fui em direção a mesa, coloquei as louças na bandeja. Ele tinha comido tudo. Parece que ele é uma Fera, em todos os quesitos. —  Leve aquela maleta e vá até a dispensa da casa, traga todos os mantimentos que estiver acabando.

— Sim senhor! — Peguei a maleta e também a bandeja e saí do quarto. 

Cheguei na cozinha e coloquei as louças sujas na pia, Bogum estava fazendo uns biscoitos e percebi que ele ficou encarando a maleta.

— Essa maleta!

— Preciso ir na dispensa, onde é? — Peguei a maleta.

— Segue esse corredor,na última porta! A Fera te deu a maleta? — ele me olhou espantado.

— Sim, por quê?

— Você viu ele?

— Ele estava no quarto.

— Ele deixou você ver? — Eu o encarei curioso.

— Deixou eu ver o quê?

— Pelo visto você não viu. Está tão calmo. Não está com medo!

— Eu não vi nada. Aquele quarto é todo escuro. Aliás, ele não abre aquele quarto? — Ele negou.

— Não ouse mexer nada naquele quarto, limpe e deixe como está.

Com a maleta na mão fui em direção ao corredor, cheguei na última porta e abri. Tinha várias prateleiras, parecia até um mercado. Abrir a maleta para saber o que eu ia procurar e me deparei com insumos hospitalares e alguns medicamentos.
Mas para quê ele precisa disso?

Entregue a Fera Onde histórias criam vida. Descubra agora