Chapter 3

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Na manhã seguinte, quando Harry abriu os belos olhos verdes e focou o teto de seu quarto, a primeira coisa que ele notou foi sua respiração irregular, ofegante, e um crescente desconforto nas áreas íntimas de seu corpo. E ele amaldiçoou Tom mais uma vez, pois o delicioso sabor dos lábios de seu paciente ainda não havia lhe abandonado. Por um lado, ele se sentia ultrajado por ter sido facilmente submetido por um de seus pacientes, mas Tom não era qualquer um.

Tom era um homem charmoso, inteligente, sedutor...

E por esse motivo, o jovem médico não conseguia deixar de se sentir entusiasmado também, secretamente maravilhado com o beijo que o maior lhe roubara na tarde anterior. E Harry se odiava por isso, odiava a mórbida felicidade que estava sentindo ao ter sido beijado por um assassino.

Naquele momento, tudo parecia confuso em sua mente - suspirando, Harry se virou na cama e enterrou o rosto no travesseiro macio que ainda cheirava a roupa de cama recém lavada. Distraidamente, ele se lembrou que precisava passar na lavanderia mais tarde para deixar suas roupas e as de Sirius. Esta breve distração, porém, logo esvaeceu e a imagem de sedutores olhos vermelhos e o sabor de lábios pecaminosos regressaram à sua mente. E Harry teve absoluta certeza de que não conseguiria olhar para Tom outra vez sem que o seu rosto adquirisse uma patética colocação avermelhada.

- Maldito Tom... - resmungou infeliz, o rosto ainda enterrado no travesseiro.

Maldito beijo.

Maldito calor que insistia em envolver seu corpo.

De repente, porém, a alegre voz de seu padrinho interrompeu suas lamúrias, chamando-o do outro lado da porta:

- Hey, campeão, são 07h00min. Você já está pronto?

- Não... - murmurou ainda agarrado ao travesseiro, como se este pudesse protegê-lo do mundo lá fora.

- Harry? - chamou o maior, obviamente sem ouvir a resposta anterior. E ao não obter qualquer sinal de vida do afilhado, Sirius revirou os olhos e entrou no quarto - Vamos lá, dorminhoco, saia desta cama.

Mas o menor nem se mexeu, ignorando o colchão afundar ao seu lado, sob o peso de seu padrinho.

- Ora, eu sei que você não tem aulas hoje, mas não precisa estar no hospital antes das oito?

- Humm...

- Harry?

- Humm...

- Harry!

- Eu não vou - murmurou finalmente e Sirius logo se assustou:

- O que? Por quê? Você está doente?

- Sim - mentiu - Por favor, ligue para o Remus e o avise por mim.

- Tudo bem, campeão, apenas espere aqui, eu vou fazer o café da manhã e trazê-lo para você com uma aspirina.

- Apenas não me envenene com os seus dotes culinários.

- Engraçadinho, procure manter a boca fechada para não piorar - brincou. E Harry sorriu, observando o maior desaparecer em direção à cozinha.

Pelo menos hoje ele não precisaria enfrentar Tom.

Mas não poderia fugir para sempre.

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Naquele dia, então, Sirius saiu para o trabalho deixando-o deitado na cama, sob dois cobertores, com uma bolsa de água quente na cabeça e um termômetro digital na boca. O telefone do restaurante delivery estava na mesinha de cabeceira, ao lado do telefone da emergência e de um copo de água.

Charme da Insanidade Onde histórias criam vida. Descubra agora