Isle of secrets || L.S

0.1

— Torre, Soldado Tomlinson. Perdemos todos os instrumentos. Estou voando às cegas. Repito, voando às cegas. — O tom de sua voz transmitia a urgência da situação.

A pupila dilatada, cercada por uma fina orla de azul profundo, testemunhava a tensão que o dominava. Luzes piscavam freneticamente, indicadores de alerta lançavam sombras vermelhas em seu rosto pálido. Os mostradores, antes tão confiáveis, oscilavam com agulhas enlouquecidas.

Cada músculo em seu rosto estava tenso, os maxilares cerrados, enquanto ele tentava manter o controle em meio ao caos. Suas mãos suadas deslizavam sobre o manche, os músculos da perna se tornavam mais enrijecidos.

— Controle, estou sem navegação. Sem indicação de altitude confiável. Todos os sistemas falharam. — O soldado tinha um fio de esperança de que haveria resposta da Torre.

— Alguém na escuta? Preciso de instruções. A aeronave está perdendo altitude rapidamente. Repito, rapidamente. — A comunicação, antes uma troca precisa e eficiente, agora era um desabafo de desespero. O oceano, até então um horizonte distante, aproximava-se como um predador voraz, pronto para engolir a máquina desgovernada.

Os procedimentos de emergência começaram freneticamente. Com mãos ágeis e treinadas, Louis moveu-se na cabine. A bolsa de emergência foi presa com firmeza em seu corpo. As alças foram ajustadas, em seguida o colete salva-vidas foi encaixado ao corpo.

O tempo parecia distorcer-se, cada segundo arrastando-se em câmera lenta. Enquanto o avião despencava, a vida de Louis passava diante de seus olhos como fragmentos de memórias. Rostos familiares, momentos preciosos e promessas não cumpridas piscavam diante dele.

Em meio à queda livre, o homem, treinado para situações como essa, tentava friamente calcular o tempo exato para inflar o colete salva-vidas. Cada segundo era crucial, e a precisão tornou-se uma opositora arriscada com a morte. A tensão no ar era palpável, uma sinfonia sombria acompanhada pelo rugido dos motores agonizantes.

Apesar das lágrimas nos olhos, no limiar da calamidade, o soldado manteve uma calma que beirava o surreal. Sua mão, em um movimento treinado, puxou a corda do colete salva-vidas no último momento possível. O corpo tenso se adaptou à posição correta, as pernas juntas e os braços cruzados sobre o peito. Seu rosto, agora voltado para baixo, estava protegido pela postura que garantia a mínima resistência ao impacto.

O estouro repentino de ar preencheu os ouvidos do soldado, e o colete inflou, oferecendo uma bolha de segurança na vastidão azul que agora envolvia o avião destroçado. A sensação do impacto foi como um soco, e o avião, outrora uma máquina imponente, agora se despedaçava sob as forças do oceano implacável. A água, inicialmente um torvelinho de espuma e caos, rapidamente envolveu Louis, arrastando-o para as profundezas. A visibilidade tornou-se uma miríade de azuis, cada matiz uma dimensão de desorientação.

O soldado, mesmo sob a pressão brutal da água, manteve sua postura disciplinada. Os olhos, agora fechados, resistiam à invasão da água salgada, e os ouvidos captavam o abafado ruído do oceano. No tumulto aquático, o colete salva-vidas fez o jovem soldado emergir a superfície.

O ar, antes uma ilusão, tornou-se uma realidade urgente, e Louis respirou profundamente, sentindo os pulmões queimarem enquanto o gosto metálico do sangue tingia seus lábios. Seu olhar, da mesma tonalidade do mar que o cercava, se fixou na costa, que não parecia tão distante quanto antes. Seus braços começaram a se mover em um ritmo controlado.

A respiração ofegante misturava-se ao som das ondas. A natação transformou-se em uma batalha exaustiva, sendo cada braçada era um esforço hercúleo. O ferido soldado, com cada músculo protestando de dor, lutava contra a correnteza, seu corpo vulnerável contrastando com a imensidão indiferente ao seu redor.