Desde cedo, eu percebia que era diferente das outras crianças, ainda mais depois da morte da minha mãe e a prisão do meu pai. Enquanto elas demonstravam alegria, tristeza e compaixão, eu me sentia como um espectador em um teatro, observando as emoções se desenrolarem diante de mim sem poder vivenciá-las. A falta de empatia sempre foi uma sombra que me acompanhava, aprendi a imitar as expressões faciais e os gestos dos outros para me encaixar, mas por dentro, eu permanecia frio e distante. Não conseguia me conectar emocionalmente com as pessoas, e isso me deixava isolado em meu próprio mundo interno, eu via a vida como um jogo, uma série de oportunidades para manipular as situações e alcançar meus objetivos. Não sinto remorso ou culpa por minhas ações, pois esses sentimentos simplesmente não existem em meu repertório emocional. Eu era movido por uma lógica fria e calculista, usando as pessoas como peças em um tabuleiro. No entanto, devo admitir que havia momentos em que sentia um vazio profundo dentro de mim, uma sensação de que algo estava faltando. Às vezes, olhava para as pessoas ao meu redor, rindo, chorando, amando... me perguntava o que era aquilo que elas tinham e que eu nunca poderia experimentar plenamente.
Essa consciência da minha condição me fazia sentir solitário, muitas das vezes apanhava na escola ou na rua, por ser diferente. Eu era um estranho em um mundo repleto de emoções que, de certa forma, eu não conseguia compreender ou compartilhar, não da forma normal. No entanto, mesmo que eu fosse incapaz de sentir, havia uma parte de mim que desejava ser como os outros, que ansiava por um vislumbre das maravilhas da conexão humana.
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DEPOIS DE TUDO: O recomeço - PARTE 2
DragosteAyumi e Kaléo começam a perceber que seus sentimentos vão além da amizade. Juntos, eles lutam para encontrar uma maneira de lidar com as dúvidas um do outro e encontrar um caminho para o amor verdadeiro. Mas antes de poder amar alguém, Ayumi precis...