Segredos

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Conforme a água fria descia pelo corpo de Vaan, memórias do que havia acontecido passavam como um filme dentro de sua cabeça. Memórias de como ele gostou do momento entre os dois, memórias de como a situação saiu fora do controle e memórias de como Reed gemia e se contorcia em meio aos carinhos dele.

Vaan suspirou e olhou para o teto, um tom avermelhado surgindo em suas bochechas. Ele não queria sair daquele banheiro. Ficar de cara com Reed seria impossível depois de o ter feito melar a cueca. Sem sombra de dúvidas, aquilo iria gerar uma atmosfera estranha entre os dois, principalmente levando em conta o fato de que aquela memória se recusava a deixar sua mente.

Mas obviamente ele não poderia ficar ali para sempre. Depois de muito pensar, ele fechou o chuveiro e limpou o rosto com a palma da mão antes de abrir a porta.

Uma leve nuvem de vapor escapou para fora do banheiro e Vaan timidamente esticou o pescoço, olhando para os lados antes de dar o primeiro passo. Não demorou muito, porém, para que ele avistasse Reed.

Provavelmente alertado pelo barulho da porta, ele logo apareceu pelo corredor. Vestido apenas com uma toalha de banho amarrada na cintura, os olhos dele evitaram a face de Vaan. O rosto dele não tardou em se avermelhar, e um silêncio se deu entre os dois antes de Reed conseguir falar.

— ... Você demorou, em, hehehe... — disse Reed, coçando a bochecha. — B-bem, com licença...

Vaan o respondeu com um sorriso desconfortável e um aceno antes de seguir o caminho dele. Mas pouco antes de deixar o corredor, foi parado por Reed, levemente o puxando pelos dedos. Vaan se arrepiou ao toque da pelagem aveludada.

— Mais tarde... Mais tarde nós podemos conversar? S-sobre o que aconteceu...

— T-tudo bem — Vaan forçou outro sorriso, desajeitadamente soltando os dedos dele dos de Reed e seguindo em frente.

Assim que se distanciou o suficiente, a farsa foi desfeita. "D-droga! Logo quando eu achei que tinha acabado...", ele disse mentalmente para si. Vaan sabia que uma conversa seria inevitável depois daquilo, mas ele esperava ter ao menos mais algum tempo para se preparar psicologicamente.

Suspirando, ele chegou ao quarto, e depois de se vestir, caiu de costas na cama, braços estirados enquanto ele olhava para o teto imaginando a terrível conversa.

...

Um toc toc na porta despertou Vaan de seu estado vegetativo, e rangendo os dentes, ele relutantemente se levantou. Um olhar rápido para o relógio do quarto indicava que já eram 19h41, pouco depois da hora do jantar. A conversa dos dois teria que acontecer na cozinha, e Vaan se aliviou em não ter que ficar a sós com Reed naquele quarto.

Depois de um jantar quase completamente silencioso, os dois sentavam em cadeiras opostas na mesa.

— ... E então, por onde começar? Pela parte em que um carinho inocente entre um "animal de estimação e seu dono" te fez ficar animado até demais e melar a cueca? — Vaan evitava o olhar de Reed, focando em brincar com os talheres no prato vazio.

Reed corou e limpou a garganta, não esperando que ele fosse tão direto. A ansiedade era insuportável. Como não poderia ser? Aquele seria o momento em que ele diria para Vaan o que realmente sentia, e também o momento em que falaria sobre o pecado supremo que cometeu no dia passado. Mesmo após Vaan dizer que nunca o machucaria, ele estava bastante preocupado com a reação dele.

Olhando para Vaan, Reed cerrou os olhos. — Primeiramente, Vaan... Se você percebeu que eu estava ficando... excitado, por que não parou antes? — Braços cruzados, sobrancelhas levantadas. Um argumento, afinal.

O Último Humano do Velho MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora