Capítulo 7 - Round 2

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— E então. Está gostando? — disse uma voz familiar, porém levemente estranha.

Vaan lentamente abriu os olhos, se deparando em um lugar completamente escuro, tão escuro que ele não conseguia enxergar o próprio corpo. Apesar disso, ele conseguia observar uma figura iluminada na distância, e ao apertar os olhos, Vaan sentiu seu estômago esfriar enquanto ele relembrava a imagem do homem estranho que o havia drogado naquele fatídico dia.

Notando a mudança na expressão de Vaan, ele começou a sorrir.

— V-você... Seu desgraçado! O que você fez comigo?... Como você fez isso?!

— Não é educado responder uma pergunta com outra pergunta, rapaz — ele respondeu, claramente fingindo estar desapontado.

— O que você fez comigo também não é lá muito educado, seu velho filho da puta! — disse Vaan, não deixando de notar a falta do sotaque nordestino pesado na fala do homem presente na primeira vez em que o viu.

— Heh, suponho que não tenha sido. Mas e então. Está gostando?

— Isso não interessa! Por que você fez isso? — Vaan começou a marchar.

O homem olhou para o relógio no pulso, balançando a cabeça antes de se virar e caminhar pela escuridão:

— Você é muito chato, Vaan. Bem, até uma outra hora.

— Volta aqui, seu merda!

Por mais que ele tentasse correr o mais rápido possível, era como se cada passo o afastasse mais e mais dele, até que o homem lançou um último olhar para Vaan antes de desaparecer por completo na escuridão, e junto dele, também desaparecia a força nas pernas para se manter em pé.


***


Como se fosse mágica, a escuridão anterior lentamente deu lugar à visão familiar do quarto em que ele estava dormindo. Suor escorria pelo corpo dele e Vaan estava ofegante. O primeiro palpite dele foi que aquilo havia sido um pesadelo, mas havia algo de estranho. Na verdade, ele nunca havia tido um pesadelo tão real quanto aquele, e considerando os últimos eventos, o "pesadelo" poderia muito bem ser algum truque de mágica do velho maldito.

Rangendo os dentes e apertando o punho, ele fechou os olhos e tentou voltar a dormir, mas foi interrompido por um toque suave seguido de uma voz preocupada:

— V-vaan, com quem você estava falando? Ah- você tá todo suado!

Aquele comentário quase o fez pular da cama, mas em questão de segundos as memórias dos eventos passados retornaram pedaço por pedaço. Olhando para trás, ele encontrou Reed, sentado na cama e roendo uma unha enquanto o encarava.

— Ah, Reed... Acho que tive um pesadelo. — Vaan tornou o olhar para o outro lado, sentindo o rosto dele queimar conforme refrescava suas memórias.

Reed simplesmente sorriu, aparentemente aliviado com a resposta, antes de se deitar novamente e abraçar Vaan por trás enquanto se aconchegava junto dele.

— Relaxa, mestre. Eu vou seeempre estar ao seu lado~ — Ele começou a ronronar em uma frequência calmante. — Aliás, essa foi uma boa hora para a gente acordar. Logo logo vamos ter que nos arrumar, mas a gente ainda tem mais um tempinho para ficar juntinhos assim, hehehe...

Vaan não o respondeu, mas concordava com ele. Mesmo ainda um tanto envergonhado, ele já não sentia tanto desconforto com a nova intimidade dos dois, sem contar que o pelo quente e macio junto das vibrações do ronronar de Reed o fazia se sentir nas nuvens.

O Último Humano do Velho MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora