Capítulo 4

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Felipe me acordou por volta de cinco e meia da tarde. Já estava bem tarde.

- Nicole, vamos já está tarde. - falou ele suavemente

- Eu não vou para casa agora, mas eu te levo até em casa. - digo

Ele me olha com um ar de curiosidade.

- Você vai para aonde? - pergunta ele

- Para o rio aonde encontraram as coisas de Iran - respondo

- Nicole você não pode...

Eu o interrompo

- Não só posso como eu vou. - Afirmo com voz firme

- Se você quer tanto assim não posso te impedir. - Fala ele

E então nós dois nos levantamos e descemos a ladeira de saída do núcleo. Eu deixei Felipe em casa após um abraço confortável e costumeiro e fui em direção ao rio.
Quando enfim cheguei lá já era umas seis e meia da noite e minha mãe já havia me ligado várias vezes.
Não havia mais nenhum pertence de Iran por ali, os polícias já tinham confiscado tudo. Mas ainda assim fiquei vagando procurando alguma coisa, alguma mínima coisa que me levasse ao assassino ou a motivação do assassinato. E enquanto vagava procurando algo achei algumas pegadas.

- Pegadas..? - pergunto a mim mesmo

Elas estavam no outro lado do rio, como se estivesse saindo dele. E então eu escondi minha viola e minha mochila em meio ao matagal para que elas ficassem seguras e decidi atravessar o rio.
A água estava gelada e não havia nenhuma espécie de correnteza. A água batia em meu peito, mas ainda eu estava atravessando.
Eu consegui atravessar em segurança.
Eu estava morrendo de frio, mas não podia desistir ainda.
Fui dar uma olhada nas pegadas, eram grandes, pegadas masculinas. Também tinha um papel com um pouco de fuligem, estava no chão, eu o peguei. Estava escrito;

"Por causa de um todos sofrerão.
Por causa de um culpado todos os inocentes morrerão.
Quem não tem culpa vai pagar
E isso só irá acabar quando quem tem culpa se manifestar
Admita sua culpa! Se confesse na frente de todos!
Se não cada um de vós serão mortos."

Eu fiquei olhando o papel por um bom tempo e então coloquei-o no meu cabelo, pois era a única parte que não iria molhar quando eu atravessasse o rio. Procurei por mais coisas em volta do lago, mas não achei mais nada. E então eu atravessei o rio de volta, mas não sem antes da uma boa olhada nas pegadas.
Quando cheguei do outro lado do rio novamente eu peguei minha mochila e abri procurando meu celular, assim que achei eu fui ver as horas. "Minha mãe vai me matar", eram oito e vinte sete da noite. Vinte e três ligações perdidas da minha mãe e quinze do meu pai.
Coloquei minha mochila nas costas coloquei meu fone, ajustei para volume máximo, peguei a viola e fui em bora para casa.

...

Minha mãe me deu um sermão sobre responsabilidade ou algo do tipo, eu não liguei muito, estava concentrada no que eu havia achado no rio. Assim que ela acabou o sermão fui pro quarto e tranquei a porta.
Eu estava relendo o texto que havia achado. O texto podia estar ali por acaso, aquelas pegadas também. Mas eu achava que não, parecia ser algo mais profundo do que isso. E então peguei meu caderno e anotei tudo que eu tinha até agora.

Tecido de roupa encontrado* - confiscado pelos policiais

Calçado encontrado* - confiscado pelos policiais

Texto misterioso*

Pegadas masculina*

Eu li essas anotações umas sete vezes, tentava achar algo que fizesse sentindo. Nada fazia sentindo, e eu acabei dormindo em cima do caderno e dos papéis.

...

No dia seguinte eu não fui para escola, mas fiz minha mãe achar que eu fui. Na verdade eu fui para o rio novamente. Tentei achar algo que fizesse sentido. Alguma outra pista. Algo que me levasse para outro lugar.
Eu não achei nada.
Novamente eu voltei para casa, me sentia derrotada, não achei mais nada que me ajudasse.

- Filha talvez você não devesse ir hoje - diz minha mãe calmante

- Eu tenho que ir mãe - respondo

Ela acena positivamente com a cabeça então eu vou novamente para o NLF
Enquanto eu caminhava em direção ao núcleo me sentia em um universo distante, sabia que meu fone estava tão alto que dava para escutar do outro lado da rua. Mas e daí? Eu não estava nem aí. Só queria esquecer.
Quando já estava chegando parei em uma farmácia no final de linha e comprei um calmante. Eu precisava me acalmar. E comprei uma água. Assim que a máquina de cartão confirmou o pagamento eu abri a garrafa , tirei uma pílula da cartela e engoli.
Sai da farmácia e fui caminhando pensativamente para lá.
Sentei no meu lugar e esperei ansiosamente a hora da saída, queria mais pistas.

...

Assim que deu a hora de ir em bora, eu fui conversar com Bernardo sobre tudo.

- Nick... você não acha que você está... Obcecada por isso? - pergunta ele preocupado

- Não - respondo asperamente

- Eu só quero que você fique bem.. - sussurra ele para mim

- Eu sei irmãozinho - tento tranquiliza-lo

- Eu tenho que ir, mas eu acho que Jasmin quer falar com você - diz ele me dando um último abraço e indo em bora

"Jasmin..?" Penso comigo mesmo

Jasmin estava sentada em um dos bancos de pedra pintados de azul, ela estava lendo alguma coisa no celular. E como Bernardo disse que ela queria falar comigo, eu fui atrás dela.

- Jasmin- ela levanta os olhos para mim - Meu irmão disse que você queria falar comigo

- Ah sim, pode sentar - diz ela desligando o celular Enquanto eu sento no banco - Eu te vi ontem saindo de perto do rio aonde Iran morreu. E te vi lá hoje também

- Você me viu? - Pergunto surpresa

- Sim. - ela da uma breve pausa - Você está tentando investigar isso sozinha né ? - pergunta ela de forma direta

- Sim.. - respondo abaixando o olhar

- Eu acho que eu posso te ajudar. - eu levanto minha cabeça de forma ansiosa - Eu também fui lá, um pouco antes de você ter passado lá ontem, e achei algo.

- O que você achou? - pergunto

- Eu achei uma câmera, e nela tinha uma filmagem de Iran fugindo de algo ou alguém, infelizmente não dá para ver tanta coisa pois a câmera descarregou durante a filmagem - responde ela

- Mais que merda...

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