- Todo mundo pro chão, porra!- grita o homem branco atirando pra cima.
Permaneci na mesma posição que estava antes deles aparecer. Segurando o boleto com a mão esquerda pronto pra pagar a última conta de luz atrasada.
Porra! Justo agora que consegui o dinheiro pra pagar a luz. Mais que caralho!
Atrás de mim escuto um homem falar- Eu falei pro chão, vagabunda!- só foi preciso escutar a última palavra pra poder acordar da minha paralisia.
- Vagabunda? Sério, caralho!?- falei gritando
- Um bando de filha da puta invadem o banco e eu que sou vagabunda? Vai se fuder, branquelo do caralho!. Estou tão cansada que não pensei nas consequências que isso pode levar.
O homem na minha frente ficou imóvel por dois segundos, e quando voltou colocou a mão no lado direito do seu quadril e levantou a blusa mostrando uma pistola.
Nesse momento só consigo pensar no meu gato e na minha cachorra, que peguei na rua na noite anterior e que eles vão ficar sem luz e comida. Que merda!
Antes do branquelo pegar a arma na cintura, sinto gosto metálico de sangue na minha boca. Consigo sentir o sangue escorrendo no meu rosto.
Tudo ao meu redor fica em câmera lenta. O rapaz que estava com a arma na minha cabeça alguns segundos atrás, agora está no chão com os olhos abertos, com um buraco no meio da testa escorrendo sangue ao redor do seu corpo.
Ainda estou no mesmo lugar, olhando aqueles olhos verdes sem vida. Era um garoto, que não tinha mais do que 20 anos.
Desvio meus olhos do corpo e volto para as pessoas que estava no ambiente. Vejo a mulher que estava no mesmo ônibus que vim pra cá, correndo desesperada para fora do Banco. Uma criança com os cabelos pretos, estava com a boca aberta chorando.
Cada movimento parecia uma eternidade para terminar. Está tudo um caos gigantesco, estou com vontade de sair correndo para fora daquele lugar mas meu corpo não quer responder a essa vontade.
Sinto um líquido viscoso encharcar minha chinela fina e branca. Mais uma vez volto meus olhares para o corpo e faço o caminho até os meus pés. A impressão que meu corpo estava puxando o sangue até meus pés.
Um grupo de pessoas com roupa do exército começou a entrar pela porta giratória, com armas grandes apontando para a frente. Alguns deles estão girando. Girando? Porque eles estão assim? Que engraçado,penso. Sinto meu corpo cada vez mais leve. Faz tanto tempo que não sinto meu corpo assim.
Tento forçar meus olhos a ficarem abertos, mas não obedeceram.
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Meu Soldado
RomanceAyla vê sua vida solitária ser abruptamente sacudida por um evento incomum. E com esse evento um soldado mascarado de dois metros um tanto enigmático, surge em sua vida. Conflitos pessoais e o despertar de sentimentos que ela tentava reprimir, Ayla...