cicatrizes⚡️- apollo.

marco zero.

apollo's point of view.

20 de janeiro de 2023.
—• aniversário de dezenove anos da melina.

Acabei de estacionar em frente a casa da Melina.

Hoje é aniversário da Lina. Depois do aniversário de dezesseis anos dela, ela nunca mais quis comemorar a data. É muito compreensível, mas eu me sinto mal. Ela sempre amou a data e hoje em dia ela deixa passar em branco, não deixa nem a gente dar parabéns direito.

Ás vezes alguns flashes daquele dia invadem minha mente. Eu me sinto tão culpado por não ter a protegido, por ter levado ele pra lá. Dispersei os pensamentos quando vi a morena saindo pela porta.

As ondas, que ela nunca usa, nos longos cabelos dela estavam realçando sua beleza. Se eu não soubesse que a roupa que ela está vestindo é de dormir, eu nunca adivinharia também, ela fica perfeita com qualquer coisa.

— Fala, Lina. — abracei ela que logo deixou um selar no meu pescoço, como sempre faz.

— Oi, Japinha. — a morena me deu espaço para entrar e logo me seguiu.

— Seu cabelo tá lindo. — passei a mão de leve nele.

— Eu tava com preguiça de secar, então deixei assim. — ela me deu um sorriso pequeno.

Desde daquele dia, Melina não sorri mais abertamente ou dá gargalhadas. Ela parece sempre atormentada com aquele maldito dia.

Eu nunca vou esquecer dela enrolada naqueles lençóis nem da mancha de sangue. Ela tinha só dezesseis anos. Eu sei o quanto ela achava esse momento importante, ele simplesmente arrancou isso dela a força.

Melina nunca mais se envolveu com ninguém, ela sequer flerta com garotos. Não é por falta de opção, porque todos os caras que eu conheço venderiam a alma por um beijo dela, mas ela simplesmente não consegue. Eu e Amanda já até reparamos que ela se sente desconfortável quando tem que interagir com um garoto que não tem tanta intimidade. Ela não gosta que apertem a cintura dela e chegar perto do pescoço é proibido.

Mesmo que a gente tenha saído daquele dia, ele nunca vai sair de nós.

A morena estava conversando alguma coisa com a Amanda, enquanto eu apenas observava. As duas se conhecem já faz um bom tempo, são inseparáveis desde então.

Amanda é tipo eu, assim, ela não faz parte do ciclo típico de Melina, mas acabou caindo aqui. Digo isso porque, vamos combinar, a Melina tem muito dinheiro. Eu e Amanda não. Nós não somos como os amigos de escola ou clube da Lina, mas ela também não parece ligar muito pra isso.

— Eu não tô certa, Apollo? — Lina me pergunta e eu apenas balanço a cabeça que sim. Não sei do que elas tavam falando.

— Ele nem tava ouvindo, Melina! — Amanda sorri um pouco debochada. — Eu tô falando pra ela que quero comprar um bolo e salgadinhos. Se eu quero dar de presente, ela não pode recusar, certo?

— Mas eu odeio meu aniversário, Amanda. — os malditos flashes. — Apollo, me ajuda aqui.

— Olha, a gente pode não comprar comida e nem comemorar. — acariciei a mão dela. — Mas o que você acha de colar num rolê com uns amigos meus mais tarde? A gente faz alguma coisa... Como em um dia normal. — a morena me olhou desconfiada. — Vamo, por favor, Morena?

— Ai, tá. — respondeu revirando os olhos enquanto vi um sorriso aparecer no rosto de Amanda. — Sem contar pra ninguém sobre meu aniversário.

Outro fato foi que Melina parou de sair depois do acontecimento. Ela não sai pra se divertir nunca e se afastou de todos. Meus amigos mesmo, ela só conhece o Tavin, a Maria e o Jotapê. Eu batalho já tem anos.