raízes.

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melina viana's point of view.

Tava tomando café da manhã enquanto esperava o Apollo sair do banho. Eu já tô arrumada, deixei meu cabelo natural, então não levei muito tempo pra estar pronta.

Tô usando um short branco de tecido, na parte de cima um cropped laranja muito lindo e nos pés uma papete branca. Por sorte o tempo colaborou com a ideia da mãe do Apollo de fazer um churrasco hoje e o dia tá quente.

Terminei de ajeitar a bancada da cozinha e fui no banheiro escovar meus dentes. O japonês já tava no quarto vestido, falou que tava escolhendo os acessórios. Quase uma dama ele, pior que eu.

— Como você demora, Mano. — revirei os olhos, sentando na cama.

— Calma, Cara. São dez horas da manhã ainda. — por um lado ele tá certo, mas não interessa. — Vem cá tirar umas fotos comigo.

Me juntei a ele. Rogério ficou de frente pro espelho e eu apenas abracei seu corpo. Ele perguntou se eu não ia mostrar meu rosto na foto e eu disse que não.

Depois disso, finalmente, fomos pro carro.

Faz muito tempo que não vou na casa da tia Rosa, talvez uns três anos já, mas tenho ótimas lembranças da casa dela durante a infância. Lembro que na época que o Apollo ficava lá em casa durante a semana, ás vezes meu pai deixava eu vir com ele e era incrível. Foi assim que eu aprendi a andar de skate, soltar pipa, jogar futebol... Mas também aprendi a fazer as comidas preferidas do Rogério, costurar e fazer crochê. Tia Rosa me ensinou muito do que sei.

— Nossa, que saudades de fazer esse caminho nos finais de semana, Apollo. — falei empolgada enquanto olhava pela janela.

— Eu achava cansativo. — deu de ombros, sorridente. — Mas hoje em dia eu até que sinto falta.

— Será que eu ainda lembro as comidas que sua mãe me ensinou? — dei risada, porque provavelmente não lembro.

— Ela com certeza vai querer te ensinar de novo, Princesa. — o mais velho trouxe uma das mãos pra minha coxa e pousou ali.

Não demorou muito pra chegarmos. Agradeci mentalmente por ter vindo de papete e não de saltinho, porque aqui tem MUITA escada, juro.

Quando finalmente as escadas, morros e subidas acabaram, eu já sentia o cheiro de tempero caseiro e o som do pagode vindo da laje. Aqui é um dos lugares com a melhor atmosfera do mundo, o clima aqui é perfeito.

Tia Rosa é uma mulher muito gentil, simpática, amorosa, e ainda por cima ela é linda. Por coincidência, ela está usando um vestido laranja longo bem parecido com o tom do meu top. Se combinasse não acontecia.

— Melina, Que linda! Você tá maravilhosa! — a mais velha me deu um abraço carinhoso. — Olha, não liga pra bagunça, tá? Fica a vontade.

— Relaxa, Tia. A senhora sabe que eu amo esse lugar! — dei espaço pro Apollo falar com ela.

Aqui sempre foi um lugar muito aconchegante, mas dá pra notar que o Apollo fez umas obras aqui. Ele já tinha me falado até. É uma área externa muito bonita inclusive. A maior parte é coberta, mas tem uma parte de varanda que não tem cobertura. Ele comentou que tem umas coisas novas na casa também, mas subimos direto e eu não vi.

Me encostei na parte de parede mais baixa, tendo visão da rua onde Apollo e eu aprontamos algumas. Até o cheiro daqui me lembra minha infância.

Não demorou nada para que eu sentisse mãos rodeando minha cintura e um cheiro bem familiar invadindo minhas narinas.

— Gostou de como ficou aqui?? — perguntou enquanto me virava delicadamente pra ele.

— Ficou uma gracinha. Eu amei. — o japonês se aproximou do meu ouvido.

— Quer ver a obra que eu fiz no meu antigo quarto? Tem uma cama de casal bem grande lá agora... — sussurrou.

— Rogério Caui! — repreendi ele sentindo minhas bochechas esquentarem. — E para de gracinha, sua mãe vai ver.

Ele deu uma risada alta e eu tratei de me afastar antes que ele fizesse outra. Tenho autocontrole, mas nem tanto assim também, né?

Fui na cozinha perguntar se Dona Rosa precisava de algo, mas ela logo recusou e me mandou ficar tranquila. Conversamos um pouco sabre quem viria aqui hoje. Alguns vizinhos, tios e primos do Apollo e, segundo ela, uns amigos do Rogério. Acabei ajudando a tia a colocar a mesa.

Voltando ali fora senti falta do japonês. Entrei na casa, aproveitando pra ver as mudanças no lugar. A porta do antigo quarto dele estava aberta, vi ele sentado na cama olhando em volta. Assim que entrei vi que nas paredes tinham várias das suas folhinhas emolduradas, entre outras conquistas e presentes de fãs dele. O quarto agora era quase um memorial.

— Isso aqui ficou muito bom, Apollo. — comentei antes de sentar ao lado do mais velho.

— Verdade. — sorriu. — Vejo que você aceitou a ideia de vir conhecer a cama, né?

— Você tá meio abusado hoje, não acha? — provoquei, levando meu rosto bem próximo do seu.

— Não. — entre o sorriso debochado, o mais velho selou nossos lábios.

Apesar da gente já ter feito isso várias vezes nos últimos dias, me dá um frio na barriga toda vez que eu sinto a boca dele contra a minha, seu corpo quente me aquecendo e suas mãos me segurando firme.

Mas dessa vez o sentimento logo foi substituído por pavor da tia ver a gente se beijando.

— Hm, ei. — resmunguei me afastando dele. — Sua mãe vai aparecer aqui, ai eu quero ver.

— E o que tem, Cara? Vem cá, Linda. — ele me puxou pra mais um beijo e eu infelizmente falhei na missão "autocontrole".

Apollo só me deixou se afastar quando a falta de ar nos tomou por completo. Sorri pra ele logo depois de ver que ele estava um pouco corado.

— Amo seu sorriso. — me deu um selinho demorado.

Ouvimos barulho do lado de fora, ou seja, sinal de que as pessoas começaram a chegar aqui. Apollo queria fechar a porta e ficar mais um pouco aqui, mas eu disse que isso tava fora de cogitação.

Já na laje novamente, vi uma das tias do Rogério e dois garotos que deviam ter mais ou menos a mesma idade que eu e Apollo. Lembro pouco deles, mas pelos nomes já consegui me achar mais.

Depois disso a quantidade de gente só foi aumentando mais e mais.

O japonês chamou Jotapê, Kakau, Tavin, Sofia e Maria. Ele disse que a mãe dele tinha liberado e seria bom interagir com eles. Bom, ele tava certo.

Só sei dizer que a tarde foi incrível demais. Agora o pessoal da família do Rogério já foi todo embora, já tá anoitecendo também.  Estamos apenas nós aqui fora e Tia Rosa foi tomar banho.

Estávamos ouvindo música e conversando sobre coisas aleatórias. Apollo e eu ficamos um do lado do outro o tempo todo até agora, como normalmente a gente ficava mesmo, mas mesmo assim recebi umas encaradas de Sofia e Maria.

O pessoal logo começou a se agitar pra ir embora, menos o Tavin, aí as meninas trataram de carregar ele. Depois que o Jota e a Kakau foram embora, elas pediram o uber e convenceram ele de descer com elas.

— Vamo logo, caralho. — Maria disse puxando o Tavin pra escada.

— Calma, Mano. — ele resmungou mais algo, mas não ouvi bem.

— Foi impressão minha ou suas amigas tavam querendo deixar a gente sozinhos? — perguntou enquanto me puxava pela cintura para mais perto.

— É, eu acho que sim. — um vento mais frio bateu e eu abracei Apollo, logo deixando um selar no seu pescoço.

— Obrigado por vir hoje, Mel. — o mais velho fez um carinho reconfortante na minha bochecha.

— Obrigada você... Tinha esquecido o quanto eu amo esse lugar. — me virei pra vista da rua, ficando de costas pra ele.

— Ele fica mil vezes melhor com você! — murmurei um "é?" bem baixo e isso foi o suficiente pra Apollo me beijar.

Isso até esse belo momento ser interrompido pelo grito nada discreto de Sofia e Tavin — isso enquanto a Maria tentava calar eles e fingir que não os conhecia ao mesmo tempo.

Ai ai amo esse malucos!

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⏰ Última atualização: Feb 11 ⏰

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