jantar em família.

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melina viana's point of view.

O Apollo acabou de estacionar na em frente a casa dos meus pais. Por mais incrível que isso possa parecer, ele ainda está super estranho comigo e evitando qualquer tipo de conversa duradoura. Ele veio o caminho todo no carro em silêncio.

A situação tá ficando desesperadora, já tentei de todas as formas fazer ele falar, mas não acontece. Ele simplesmente diz que não tem nada acontecendo e é pra eu esquecer. Ele nunca foi disso e eu não tô entendendo qual é a dessa palhaçada agora.

Eu não gosto muito de vir até a casa dos meus pais, isso porque eles sempre querem tocar naquele assunto. O único assunto que eu fujo sempre.

Apollo sabe disso e, considerando a situação atual, acho que ele só veio porque sabe que eu surtaria aqui sozinha.

— Minha bebê! — minha mãe disse assim que abriu a porta, ela me esmagou em seus braços. — Você tá tão linda!

— Oi, Mãe. — disse meio abafado, pelo aperto.

— Meu Deus, Filho! Você tá tão mudado também... — ela logo abraçou Apollo também, que sorriu.

— Eles não são mais crianças, Querida. Nós os vimos têm dois meses apenas. — meu pai falou se aproximando da porta.

— Deixa ela, Pai. — dei de ombros.

Entramos na casa ainda com o silêncio insuportável do Apollo, que estava um pouco a frente com meu pai.

Minha mãe tava me olhando meio desconfiada, sei que é questão de tempo até ela perguntar sobre o Apollo estar estranho, mas tudo bem.

Eu gosto bastante aqui da casa dos meus pais, afinal morei aqui por dezoito anos. Eu tenho muitas lembranças boas nessa sala e pelos corredores. Eu, Apollo e Amanda éramos três mini terroristas.

— Sentem ai no sofá, Crianças. Estamos terminando o jantar. — sorri pra minha mãe em concordância.

— Ela vai chamar a gente de crianças pra sempre mesmo? — tentei quebrar o gelo.

— Provavelmente. — ele riu baixo.

— Lembra o dia que você decidiu me ensinar a jogar bola dentro de casa? A gente quebrou aquele vaso caríssimo da minha avó. — me recordei rindo.

— Nossa, mas aquilo foi um favor. O vaso era feio demais. — eu concordei, ainda rindo. — Mas eu apanhei aquele dia, tá? Minha mãe ficou puta.

— Eu lembro, chegou aqui roxo no dia seguinte. — neguei com a cabeça. — Branquelo.

— Olha quem fala, Pretona. — o mais velho bagunçou meu cabelo.

— Pelo menos eu não fico marcada com qualquer coisa. — dei de ombros.

A postura de Apollo se enrijeceu um pouco, ele ficou desconfortável. Eu sei bem o que passou pela cabeça dele.

— Ei. — chamei usando minha mão para virar o rosto dele para mim. — Esquece isso.

Ele apenas concordou com a cabeça e deitou no meu ombro.

É estranho pensar no quanto isso o afetou em todos esses anos. Sou capaz de dizer que ele se tortura com aquilo todos os dias. Apollo está sempre muito ocupado se preocupando comigo, parece que esquece dele.

Depois do ocorrido, ficamos um mês sem conseguir conversar direito. Junto a isso, o Apollo ficou revoltado. Ele tinha raiva de tudo, menos de mim.

Despertei com a voz do meu pai nos chamando pra mesa. Eles fizeram strogonoff de frango, minha comida preferida. É a do Apollo também.

Conseguimos conversar minimamente durante o jantar e por algum milagre hoje meus pais decidiram não falar sobre aquilo. Graças a Deus, por que já basta o Apollo todo estranho.

Depois do jantar, fiquei ajudando minha mãe a lavar a louça e o meu pai carregou o Apollo pro escritório pra tomar um whisky. Eu não gosto muito quando o Apollo bebe, mas fazer o que.

apollo's point of view.

Os pais da Melina são meus padrinhos. Eles eram bem próximos do meu pai, mesmo depois da morte dele eles continuaram me procurando.

Meu padrinho me chamou no escritório dele pra beber um whisky. Melina não sabe, mas eu trato do processo contra o Gustavo de perto. Quando tudo aconteceu eu quis saber de tudo e até hoje não perco um mínimo avanço do processo.

— Eai, Padrinho? — disse enquanto via ele me servir uma dose de whisky.

— Meu filho, tenho novidades. — ele falou sério. — O processo avançou e o Gustavo vai ser julgado.

— Isso é ótimo, não? — passou pela minha cabeça a possibilidade da Melina precisar depor. — A Mel não vai precisar fazer parte de nada disso, né?

— Não, não. Naquela época as câmeras dos quartos funcionavam. — arqueei a sobrancelha. — Sim, a gente via você fugindo do seu quarto pro dela toda noite. — sorri com a lembrança.

— Quando ele vai ser preso?

— Calma, Menino. Ele vai ser julgado daqui alguns dias, mas ele tá aguardando em liberdade. — ele tá solto aqui em São Paulo?

— Ele tá andando por São Paulo nesse momento? — meu padrinho fez que sim com a cabeça.

Todo o ódio guardado no meu corpo subiu a mente. Não é tão difícil assim pra mim achar ele, não se eu quiser. A cena dele em cima dela fechou minha visão e me fez cerrar os punhos.

— Promete que vai cuidar da Melina e não cometer nenhuma loucura. — olhei nos seus olhos, hesitante. — Rogério.

— Tudo bem, eu prometo. — tomei a dose no meu copo em um gole só.

Ficamos alguns minutos em silêncio, até meu padrinho começar a fazer perguntas sobre eu e a Melina. Eu fugi de todas, claro. Faço isso desde que tenho dezessete anos, fiquei bom. Pelo menos eu achava.

— Larga de graça, Garoto! Tá escrito na sua testa que você gosta dela. — tentei não demonstrar surpresa, mas falhei. — Só você acha que tá me enganando com essa.

— Tio... — eu esperava que ele ficasse mais bravo.

— Relaxa, Rogério. Você é o melhor que minha filha poderia ter. Basta vocês admitirem isso um pro outro logo. — sorri leve, mas minha cabeça tava na conversa da Melina sobre o Otávio.

— Obrigado, Tio. Mas eu acho que a Melina não se sente assim.

— Bem, se você não perguntar, não vai descobrir. — ele falou levantado e indo até a porta. — Vamos?

Concordei com a cabeça antes de deixar o escritório.

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