amor?

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apollo's point of view.

Anteontem foi um dia muito caótico.

Depois daquele encontro de merda na praça, eu nem consegui dormir. Por mais insano que pareça, Melina dormiu um tempo considerável, mas acordou bem cedo com um pesadelo.

Pra mim, Gustavo deveria apodrecer na cadeia até a morte.

Ontem eu poderia ter sido mais inteligente e ter chamado a policia, considerando que Melina tem uma medida protetiva contra ele ainda ativa, mas eu fiquei cego pela raiva e mal consegui raciocinar na hora. Se não fosse por Melina, acho que eu teria matado ele no soco.

Enfim, agora já foi, né?

Ontem fomos dar uma volta e eu fui obrigado a acompanhar Melina e Amanda nas compras delas no shopping. No final até que eu me diverti, elas são doidinhas quando se juntam.

Vim pro apartamento porque realmente precisava descansar, tanto que são quase duas horas e eu acabei de acordar. Hoje é quarta-feira. Não tem nada de muito incrível no meu dia, porém vou colar num estúdio com o Tavin hoje se pá.

A Mel tá pela casa da Amanda e elas devem fazer algo juntas hoje. Não sei como que passam tanto tempo juntas sem brigarem, porque eu vivo discutindo com a Amanda.

Levantei da cama indo direto pro banheiro. Demorei bastante no chuveiro, precisava mais que nunca de um banho gelado. Terminei de tomar banho e fiz minhas higienes pessoais, nada incomum.

Olhei o Instagram, Tiktok, Twitter e Whatsapp... Inclusive tinham algumas mensagens. A maioria delas era do Otávio louco atrás de mim, como sempre. Não demorou pra ele me ligar.

— Dorme pra porra em, Japonês. — revirei os olhos, mesmo que ele não visse.

— Eu não dormi nada anteontem, Viado... Tava morto. Mas fala aí.

— Sid tá por SP, vamo colar no estúdio de um amigo dele. Quer vir?

— Tu desmarcou aquele outro som? — ele tinha falado de estúdio hoje.

— Não ué, é isso mermo que eu disse.

— Ah, tá... — eu acho que tô com sono ainda.

— Vem ou não? — a ligação parou, tinha alguém me ligando. Era a Melina.

— Calma aí, Mano. A Melina tá ligando, já te ligo. — sem nem deixar ele responder, encerrei a chamada. — Eai, Morena? Como você tá?

— Oi. Sua voz tá rouca que só, Japinha. — esse apelido acaba a minha credibilidade, mas eu gosto.

— Acabei de acordar, Princesa.

— Imaginei. Aqui, o que você acha de me buscar aqui na Amanda e passar o dia comigo, abraçadinhos, vendo série? — proposta quase irrecusável, mas eu tô louco por trabalho hoje.

— Eu posso buscar você na Amanda antes de ir pro estúdio com o Tavin. Tô precisando de um pouco de trabalho pra esfriar a cabeça, Lina. — suspirei pesado. Tô cansado ultimamente.

— Tudo bem. Mas você dorme comigo hoje, né?

— Tá bom, Pequena. — a mesma deu um gritinho do outro lado. — Te busco daqui há uma hora, pode ser?

— Não precisa, me busca na volta do estúdio, tá? — condordei. — Até mais tarde, Japonês.

Ela desligou e nem deu tempo de me despedir, enfim a Melina.

Retornei a ligação do Tavin pra avisar que em meia hora tava na casa dele. Ouvi uns xingamentos dele por ter desligado, mas tudo bem.

Coloquei uma calça preta de moletom e um casaco da Nike do mesmo tom, estúdios costumam ter ar-condicionado e normalmente são frios. Peguei a chave do carro, minha carteira, meu celular e um carregador. Tudo que eu preciso na casa da Mel já tem lá, então não preciso levar mochila.

Fui dirigindo até o apartamento do Tavin, que já tava na portaria me esperando quando eu cheguei. Fomos encontrar o Sid direto no estúdio mesmo. Eu não tive tanto contato com ele, como o Otávio, mas a gente fez algumas músicas juntos também.

Assim que chegamos dei graças à Deus por ter vindo de casaco, o estúdio tava quase uma geladeira.

O Tavin tinha algumas músicas e eles foram gravando meio na zoeira assim, sabe? O Thiago acabou colando também.

Eu nunca fiz música com o Thiago, mas é muito foda ir pra estúdio com ele. Em dez minutos ele e o Sid escreveram uma música... Como é possível?

A tarde foi muito divertida, mas minha cabeça não saia dela de jeito nenhum.

— Ae, Japonês! — Thiago me chamou. — Vamo lá em casa tomar um whisky com a gente.

— Ih, Irmão. Vou ter que recusar. — olhei a hora e percebi que já são quase oito e meia. — Tenho que buscar a Mel ainda.

— Gado pra porra, em. — me zoou. — Mas vai lá. Tchau.

— Tchau, Mano. — fiz um toque com ele e com Otávio antes de entrar no meu carro.

A casa da Amanda é longe de literalmente tudo. De qualquer lugar de SP leva meia hora ou mais. Por sorte agora tá sem trânsito nenhum, então consegui dirigir rápido até lá. A Mel tava deitada no sofá quando eu entrei.

— Oi, Minha linda! — deixei um beijo na testa dela. — Vamo?

— Tá com pressa de que, Xing Ling? — Amanda perguntou, vindo da cozinha.

— Oi pra você também, Idiota. — respondi impaciente. — E eu tô muito cansado, preciso dormir.

— É melhor a gente ir mesmo. Péssima ideia pegar o carro estando com sono. — a morena levantou do sofá e pegou a mochila dela, que estava perto da porta. — Tchau, Amandinha. Até amanhã.

— Tchau, Mel. Me avisa se chegou viva. — revirei os olhos.

— Tchau, Amanda. — fechei a porta atrás de mim. — Me dá a mochila aí. — ela sorriu e me entregou.

Eu realmente tô cansado, então achei melhor maneirar na velocidade. Melina segurou minha mão o tempo todo apertando de vez em quando pra ter certeza que eu não ia dormir. Achei fofa, mas eu também nem tava com tanto sono assim.

Tomei uma ducha rápida assim que cheguei. A gente comeu uns pastéis lá no estúdio, então não tô com fome não. A Lina disse que ia pra cama e não prometia me esperar, eu concordei, mas tomei banho voando pra tentar ficar um pouco com ela antes da gente dormir. Deu certo, já que quando saí ela tava acordada.

Aqui também tem ar-condicionado, mas ela dorme com duas cobertas, então fiquei de calça e sem camisa mesmo.

— Vai ficar doente, coloca uma blusa. — a mais nova me repreendeu.

— Vou nada. — dei de ombros antes de me deitar em cima dela. — Tava com saudade de você.

— Foram só vinte e quatro horas, Rogério. — a garota falou abafado por eu estar em cima dela.

— Dois segundos longe de você parecem dois meses, e isso é muito. — ela deixou um selar no meu pescoço.

— Eu também fiquei com um pouquinho de saudade, mas só um pouquinho. — ela indicou com a mão um pedaço pequeno.

— Ok, posso lidar com isso. — a gente riu. A risada da Melina esquentou meu coração, fazia tempo que eu não ouvia.

— Agora sai de cima de mim, que assim eu não consigo respirar. — fiz o que ela pediu e me deitei do seu lado.

— Vamo dormir, tô morto de cansaço. — ela apenas se aconchegou no meu peito e puxou as cobertas.

— Amor, canta uma música só. — sorri abertamente.

— Amor? — ela escondeu o rosto na curva do meu pescoço. — Eu gostei disso, em.

— Para de ser assim, Apollo. — ela começou a fazer desenhos imaginários na minha barriga em baixo dos cobertores.

— Desculpa, Linda. — beijei o topo de sua cabeça.

Cantarolei pra ela o inicio de uma música que eu escrevi hoje com o Thiago, mas acho que ela dormiu na primeira frase.

Apaguei a luz do abajur e me preparei pra dormir também.

cicatrizes⚡️- apollo.Onde histórias criam vida. Descubra agora