me beija logo.

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apollo's point of view.

Deixei o carro no estacionamento do prédio e peguei a mochila de Melina no porta malas. Ela dormiu no caminho, o que faz sentido já que ela costuma dormir cedo e já é de madrugada.

Ela costuma dormir pesado, então peguei ela no colo pra subir pro meu apartamento, mas a bonita acordou e não quis que eu levasse ela no colo. Ficou dizendo que ela era pesada e sei lá o que.

Assim que entramos no elevador, Melina me abraçou apertado. Ela ficou na ponta do pé e deixou um beijo carinhoso no meu pescoço, como sempre. Eu moro no terceiro andar, então o elevador foi bem rápido.

Eu passo muito mais tempo no apartamento da Melina do que ela no meu, é raro eu vir pra cá com ela. A morena me acompanhou direto pro quarto e enquanto ela tomava banho eu ajeitei minha cama e separei a roupa que eu vou dormir.

Confesso que deixei ela tomar banho primeiro porque a chance dela dormir é gigante, e eu quero adiar essa conversa o máximo que eu conseguir.

Confessar meus sentimentos por Melina foi como tirar um peso das costas, mas não quero que ela se deixe levar pela emoção ou simplesmente não queira me magoar. Não sei o que ela sente de verdade e não quero muito conversar porque vou saber se ela mentir.

A morena saiu do banho com seus longos cabelos molhados e as ondas dele mais evidentes que nunca. Eu amo quando ela deixa o cabelo natural.

— Eu amo seu cabelo, sabia? E o cheirinho de baunilha dele. — suas bochechas coraram um pouco e ela sorriu pra mim.

— Meu cabelo vai estar uma bagunça amanhã de manhã. — ela afirmou enquanto guardava as coisas dela na mochila.

— Tenho certeza que vai estar lindo. — coloquei uma mecha de cabelo solta atrás da orelha dela. — Vou lá tomar banho, tá?

— Vou te esperar acordada, pra gente conversar. — sorriu.

— A gente tem tempo. — deixei um selar em sua testa antes de entrar no banheiro.

A insistência da Melina nessa conversa me deixa nervoso demais. Ainda tenho muito medo de magoar os sentimentos dela.

Quando eu fiz dezoito anos, a Mel convenceu os pais dela a pagarem pra eu tirar habilitação. Na época eu achei ela tola por isso, nem carro eu tinha. Mas Melina dizia que eu ia ter um carro logo, porque eu ia ser famoso e importante. Eu não sou nenhum dos dois ainda, mas realmente tenho um carro já faz algum tempo.

Consegui comprar meu carro em dois mil e vinte um, depois de juntar muita grana e muita história. Não é um carro super novo, nem o dos meus sonhos em si, mas já foi incrível conquistar ele.

Minha mãe ainda mora na quebrada e eu moro nesse apartamento, que é dos meus padrinhos inclusive. Ela não quis vir comigo, porque ela ainda precisa trabalhar pra se manter e toda a clientela dela fica lá na quebrada mesmo, ela trampa de costureira e se precisar faz quentinha também. Ela é foda.

Demorei um pouco no banho, mas acontece. Quando sai do banheiro vi Melina deitada na cama, mexendo no celular. Ela tá mesmo determinada a ter essa conversa hoje.

— Demorou. — comentou assim que virou pra mim.

— Desculpa. — sentei na cama do lado esquerdo, onde eu durmo sempre. — Perdi a noção do tempo.

— Tudo bem, Japinha. — ela deixou o celular de lado e sentou na minha frente. — Achei que tava me enrolando. — sorri, sabendo que ela tinha certeza e não apenas achismo.

— Acho que eu não tô pronto pra ouvir o que você sente, Pequena. — fui sincero.

— Você não quer que eu diga agora? — ela inclinou o corpo pra frente, ficando bem próxima.

— Quero. Eu só não quero que minta, ok? — acariciei seu rosto antes de fechar meus olhos aguardando que ela falasse.

— Olha pra mim, Japinha. — a morena começou um carinho no meu rosto e eu abri os olhos. — Era sobre você que eu tava falando com a Amanda.  Eu sou apaixonada por você. Muito apaixonada. — os olhos de Melina brilhavam intensamente pra mim. — Desde sempre, eu acho. — soltou uma risada nasal.

— Eu não sei se tava com mais medo de ouvir isso ou um "não"... — não consegui controlar o sorriso.

— Porque? — sua expressão era confusa.

— Eu não quero quebrar seu coração. — ela negou com a cabeça.

— Não vai. — ela veio em minha direção pra se aconchegar no meu colo de frente pra mim, eu deixei.

— Eu amo você, Minha princesa. — rodeei os braços na sua cintura de um jeito firme, escutei a mesma respirar fundo. Eu devia me lembrar que ela não gosta muito que segurem ela assim. — Desculpa.

A morena colou nossas testas e apertou meus braços de leve.

— Nunca mais peça desculpas por me tocar. — pousei as mãos na cintura dela de novo. — E me beija logo, por favor. — pediu sorrindo.

Aproveitei nossa proximidade mais um pouco, mas nem eu aguentava mais. Num impulso colei nossos lábios, trocando vários selinhos. Eu ia deixar a Melina ditar o ritmo, mas acho que ela quer que eu conduza ela então é isso que vou fazer.

Iniciei o beijo dando espaço pra ela me mostrar como gostava. Mantive o ritmo lento e a intensidade. As mãos da Melina estavam me puxando, como se fosse possível ficarmos mais próximos que isso.

Se ninguém me contasse que ela não beija ninguém há três anos, eu jamais saberia. Como sempre, ela é perfeita em qualquer coisa.

Assim que encerrei o beijo Melina escondeu o rosto no meu peito, com vergonha. Achei fofo. Ela subiu um pouco o rosto pro meu pescoço, deixando um beijo molhado no local.

— Acho que você vai precisar maneirar com esses beijinhos aí, Mel. — falei depois de sentir os efeitos dela em mim.

— Não aguenta? — falou na maior cara de inocente, como se não fosse nada.

— Fica quietinha, morô? — dei um selinho demorado nela, mesmo no meio da risada.

— Foi mal aí. — levou as mãos pro meu cabelo. — Então... Foi bom o beijo? — ela ficou toda sem graça, mas era óbvio que ela ia perguntar.

— Hum, acho que não muito. Vamo repetir pra eu ter certeza. — que coisa estúpida, pareço ter doze anos.

— Bobo. — Melina me deu um soquinho de leve. — A gente pode dormir agora? Tô com sono.

— Podemos, Gatinha. — ela saiu do meu colo e eu fui apagar a luz. — Quer o led de que cor?

— Azul. — me respondeu sem abrir os olhos.

Voltei pra cama e deitei com ela. Não demorou nada pra Melina se agarrar ao meu corpo com força e eu fiz o mesmo com ela. A morena me deu um selinho demorado antes de se aconchegar contra meu corpo.

— Canta pra mim? — a voz dela saiu baixinha.

— Claro, Meu amor.

Comecei a cantar "Cicatrizes" do Orochi, é do álbum novo dele. Sei lá, acho que tem a ver com a gente.

cicatrizes⚡️- apollo.Onde histórias criam vida. Descubra agora