Traições

29 4 5
                                    

  A superfície do lago parecia distante quando olhei para cima, como uma miragem de um futuro que eu não iria alcançar, meus braços doíam e eu me sentia tonta pela falta de oxigênio quase sentindo meus olhos se fecharem e não se abrirem jamais

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


  A superfície do lago parecia distante quando olhei para cima, como uma miragem de um futuro que eu não iria alcançar, meus braços doíam e eu me sentia tonta pela falta de oxigênio quase sentindo meus olhos se fecharem e não se abrirem jamais. Meu corpo se movia com mais lentidão que o normal e segundos antes de segurar a gnosis em minhas mãos eu senti como se tudo estivesse acabado, como um pequeno desmaio que não durou muito.

  Segurei a peça firme em minhas mãos e coloquei meus pés no fundo daquele lago, peguei minha pistola e me impulsionei para cima nadando para aquela visão da superfície. A garota loira estava ao meu lado com sua mão vindo em direção a gnosis pronta para pegá-la, por um segundo eu olhei em seus olhos mas eles estavam focados no que eu tinha em mãos, então eu puxei a arma e mirei em seu rosto, ela pareceu quase surpresa e eu também. "Não posso atirar em Lumine."

  A mira do revólver foi para um ponto aleatório no fundo daquele lago, e então eu atirei. O impacto causado pelo tiro embaixo da água fez a pistola explodir pela pressão e me empurrar para trás, desviando de uma das investidas da Viajante.

  Enquanto nadava para cima eu acabei sentindo uma mão segurando meu tornozelo e me afundando, eu nadei, chutei, empurrei e balançei a garota que estava me puxando para o fundo e ela enfim se soltou, mas quando olhei novamente dezenas de bolhas subiam para cima e seu corpo estava afundando, sua face parecia quase sem vida.

  Aquela visão me fez repensar, ela estava afundando para o abismo e ninguém a salvaria, ninguém estaria ali, Paimon por algum motivo não entrou na água, os Magos do Abismo não podem nadar e apenas o poder hydro pode ter efeito em um ambiente assim, mas não havia sinal dele, estavam todos inutilizados menos eu. Seus olhos nebulosos olharam para mim e se fecharam, meu corpo tremeu e eu nadei o mais rápido que pude para o fundo, nem mesmo sabia que ainda me restava tamanha força.

  A superfície não pareceu tão distante agora que já havíamos a ultrapassado, eu mantive a calma e a deitei nas areias do Lago de Luhua enquanto tentava fazer a compressão torácica...sem resposta.

  Fiz reanimação...sem resposta. Eu tentei novamente, sem resposta.
.
.
"Sem resposta?"

  Paimon gritava, chorava e batia em minhas costas com suas pequenas mãos, ela parecia fatalmente desesperada e me culpava por aquilo. "Foi minha culpa." Havia um sentimento de remorso, algo que você não experimentava com muita frequência quando matava alguém "Cala a sua boca, o que você esperava?" A loira estava com seus cabelos molhados e alguns fios se colaram em seu rosto, algo que eu pude jurar que seria uma lágrima desceu de seu olho e então ela começou a cuspir a água e a respirar novamente. Um nó se alojou em minha garganta, olhei ao redor e Paimon pulou no colo de Lumine, o outro Mago do Abismo havia desaparecido.

- Eu sinto muito, não leve isso para o lado pessoal. - Foram suas últimas palavras ao desaparecer como uma neblina levando a gnosis junto de si.

  Afinal tomar aquela decisão de se aproximar, deixar ter um momento de amizade como alguém normal não foi uma boa ideia, pessoas se machucaram devido aos seus atos, quase se afundando para o abismo fatal.
"Nossa amizade nasceu para morrer."

  Você sentiu a culpa começar a te remoer, tal sentimento era revivido em seu peito quando alguém inocente se feria por sua culpa. "Não me faça sentir essa tristeza, dessa vez ninguém se feriu devido a minha falta de controle."

  Eu estava acabada, meu corpo se tornava mais pesado a cada passo em direção ao Porto de Liyue. Quando minha mão finalmente tocou a maçaneta do meu quarto senti uma dor aguda em meu ombro mas forcei a me manter de pé. Joguei a gnosis em cima da mesa sem me importar com a causadora dos meus problemas e me sentei ao chão em frente a minha cama, trazendo meu pescoço dolorido ao encontro de conforto o apoiando na madeira da cama.

  Meus olhos ardiam enquanto eu observava o caminho de água que deixei onde passei, estava por grande parte da casa e do quarto, as roupas molhadas e pesadas com o cheiro do lago que me faziam querer vomitar agora estavam no chão e despida eu fui em direção ao banheiro e me lavei, tentando esquecer a sensação de estar se afogando e o desespero que não conseguir trazer a Viajante de volta a vida. "Achei que iria morrer."

  Com os olhos focados no vidro do espelho observando sua face, eu desviei o rosto com desgosto, entretanto me forcei a olhar diretamente dentro dos meus olhos, encarando minha alma face a face, como um castigo. Passei a toalha pelo meu corpo e voltei ao quarto pulando as poças de água pelo chão do cômodo, escolhi uma roupa em meu guarda roupa e olhei para a gnosis do Arconte anemo novamente.

- O que é você? - Você perguntou, mas não fez isso na intenção de receber uma resposta, apenas indagando em voz alta, sua mente está caótica demais devido a tudo que aconteceu nesses últimos dias.

.

  A sensação angustiante de ainda sentir seu corpo balançando pela força da água mesmo estando deitada em sua cama foi quase tão dolorosa quanto o sentimento latejante que abateu sua cabeça quando alguém bateu em sua porta.

- Você está aí dentro, Srta.Hydra? Aqui é um emissário dos fatuus, trago uma encomenda para a senhorita.

  Você procurou sua arma onde ela sempre estava, o ato foi como uma memória muscular exibida, se tornando um fracasso quando percebeu que nenhum dos revólveres hydro estava com você, um deles se explodiu no fundo do Lago de Luhua.

- Onde está meu outro revólver? - Você se virou para a porta enquanto mais batidas ecoavam pelo apartamento.

- Senhorita Hydra? devo voltar em outro momento? - Eu fui em direção onde antes havia colocado meu novo grampo de cabelo e o mantive escondido entre meus dedos. "O que esses fatuus querem dessa vez? descobriram o que fiz em Mondstadt? Isso pode se tornar um problema."

  A porta se abriu e uma figura de máscara roxa, cabelos claros e com um vestido preto se revelou.

- Boa tarde, desculpe pelo incômodo. O Sr.Jiwoo passou no Banco do Norte à algumas horas e fez um saque de mora, e nos pediu para entregar uma quantia nesse apartamento em nome de "Hydra". Você responde pelo nome de Hydra?

"Jiwoo já foi retirar nosso dinheiro do banco?" - Um sentimento de alívio ao ouvir o nome do seu melhor amigo tomou conta do seu coração, quase te fazendo abrir um pequeno sorriso.

- Exatamente. - A mulher fatui estendeu uma maleta pesada e eu a segurei, ela se curvou e saiu andando após desejar uma boa tarde. "Apenas isso? uma maleta? será se o banco irá entregar o resto da mora em outro dia? E afinal de contas onde está Jiwoo?"

-...Onde está você Jiwoo? - Uma pontada de raiva me atingiu.

  A felicidade se foi e uma ansiedade tomou conta do meu ser, eu segurei o grampo de cabelo com mais força, joguei a maleta no chão e a chutei para baixo da cama, depois me sentei em uma poltrona na sala e fiquei encarando a porta, esperando algo, ou alguém.

"Ele não faria isso comigo, somos amigos desde quando éramos crianças...ele não faria isso, não é? ele não faria...?"

?"

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Judas ;; Imagine Columbina ▪︎ DamseletteOnde histórias criam vida. Descubra agora