O despertador toca. Que droga! Primeiro dia de aula nunca é fácil, na verdade costuma ser uma bosta.Eu fico 10 minutos deitada olhando pro teto e então tomo coragem para levantar. Eu vou até o banheiro e tomo um banho. Eu saio, arrumo meus cachos e me visto. Coloco uma calça preta boca de sino e uma blusa de frio preta colada. No pé, como sempre coloco meu allstar preto de cano alto que segundo minha mãe está todo encardido. Claro que também coloquei alguns acessórios, incluindo um anel de cobra no dedo polegar que eu sempre uso.
Pego minha mochila, passo pelo corredor de casa e vejo a porta do quarto da minha aberta. Ela está dormindo então prefiro não incomodá-la, apenas saio de casa e sigo meu caminho até a escola. Tem muitos adolescentes em volta, muitos grupos e muito barulho pra quem está de pé as 7 horas da manhã.
O sinal exagerado da escola começa a tocar, aposto que nem mesmo o alarme de incêndio faz esse barulho.
Eu entro e vou até um dos funcionários da escola. É um moço bem magro e alto, com óculos retangulares.
-Licença...
Eu chego nele com um sorriso dócil, forçado mas dócil.
Já ele me olha com uma cara fechada escancarada.
-Sim?
Tento manter o sorriso apesar da cara de bunda desse homem. Olho seu crachá, "Jeferson"... Tabom, apesar da cara de bosta do Jeferson eu continuo sendo um raio de luz.
-Eu sou aluna nova. Poderia me mostrar onde fica minha sala?
Ele nem olha na minha cara, ele só segue o caminho até uma sala.
-Me siga.
Eu o sigo até uma sala cheia de pastas e papeladas. Ele se dirige até uma escrivaninha no centro e pega um papel.
Ele quase enfia a cara no papel na tentativa de conseguir ler algo. Pelo visto os óculos não tem funcionado muito bem pra ele.
-Qual seu nome?
Ele pergunta com o tom de quem odeia a vida e principalmente o trabalho.
-Sarah... Sarah Davis.
-Sarah Davis...
Ele se esforça muito pra achar meu nome na folha de papel.
-Ah sim, Sarah Davis, achei.
Ele coloca o papel na bancada.
-Bem senhorita Davis, me siga.
Eu dou um sorriso e começo a segui-lo, é só o homem virar de costas que minha cara se fecha novamente.
Eu o sigo e passo por um corredor cheio de salas barulhentas até que chegamos numa sala com um professor baixinho, já de idade.
Eu entro na sala organizada em duplas e enquanto o funcionário conversa com o professor eu noto um garoto cutucando o ombro do outro, apontando para mim logo em seguida, ou melhor, para minha bunda. Idiota.
E para melhorar sou recebida com uma bolinha de papel na cara e um "foi mal" de um garoto do fundão.
O funcionário sai da sala e o professor caminha até mim. Ele é bem baixo, tenho 1.66 de altura então suponho que ele tenha 1.55.
Ele tem aquele sorrisinho de velho bobo que é bem fofo. Ele toca meu braço com cuidado, parece trêmulo.
-Seja bem vinda Sarah. Pode se sentar...
Ele levanta o braço e aponta para o fundo da sala. Meu coração para ao perceber que ele tá apontando pra um garoto loiro de olhos escuros, mas não é qualquer garoto, é o garoto que eu vi através da minha janela.
-Ali, você vai se sentar com o Tate.
Eu não consigo mover um músculo e então o Professor vai me empurrando com seus braços fracos de velho.
-Vá não seja tímida. Se precisar de alguma coisa me chamo Oliver.
-T-tá... Valeu.
Eu ando até o lado do garoto e vejo que ele também usa um anel de cobra no polegar.
Eu passo por trás dele e me sento ao seu lado. Ele não se mexe, fica apenas encarando a mesa com os braços cruzados e a perna direita balançando.Eu sento ao seu lado em silêncio e coloco meu lápis em cima da mesa até que uma voz suave aparece. Tate está falando mas não move a cabeça e nem mesmo o olhar.
—Não vai precisar do material.
Do que ele tá falando?
—O que?
—É aula de biologia, não vai precisar disso. Vamos dissecar um sapo.
—Ah...
Eu guardo o lápis de volta na mochila e me ajeito na cadeira. Tate não fala mais nada, o único som é das duplas conversando, na verdade eu diria gritando.
—Eu me chamo Sarah... A propósito.
O garoto finalmente levanta o rosto e ajeita a postura se inclinando um pouco na minha direção, não parece querer parecer menos desajeitado mas sim intimidador, e pra ser sincera ele conseguiu. Ele encara meus olhos castanhos e seu olhar pode ser comparado com facas. Seus olhos escuros perfuram os meus.
Meu corpo arrepia, é uma sensação estranha, não sei explicar...
—Eu sei quem você é.
Ele fala com uma voz firme. Não sei como reagir. Ele prossegue:
—Não quero conversinha com uma garota intrometida.
Droga! Já vi que isso tá ficando um pouco pessoal. E já vi que ele entendeu errado a situação. Eu nem escutei o que eles estavam falando ontem na casa dele! Mas também não parei de olhar... Eu queria! Mas não consegui.
Eu suspiro e tento explicar pra ele com calma.
—Você tá falando de ontem né... Olha Tate, eu não escutei nada!
Ele se aproxima mais com sua face ilegível.
—Não quero suas desculpas!
Começo a ficar irritada também. Que garoto idiota, eu tô tentando ser legal e me explicar!
—Eu não estou dando desculpas! É a verdade, eu não escutei nada que você e aquela mulher estavam falando!
—Então por que você estava olhando?!
—Eu não sei!
Eu realmente não sei! Algo naquela casa me intrigou, algo nela me prendeu.
—Mas eu sei. Você é uma garota intrometida.
—E você está tirando conclusões erradas!
Ele se vira de frente, deixando de me olhar. Ele olha para a mesa e murmura:
—Garota idiota.
Eu não vou deixar isso quieto. Me viro para frente também e sem olhar para ele retruco:
—Pinto pequeno.
Tá, tá... Eu não fui muito criativa mas a pior parte é que eu e ele não percebemos que a sala toda estava com os olhares concentrados em nós.
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Amor Para Fracos
FanfictionAmor não é para fracos mas talvez a maneira em que os fracos se amam seja diferente... Talvez seja mais intensa. Há uma beleza na fraqueza e há uma beleza em amar um fraco. (Não se preocupem, não terminei de escrever porém pretendo que a fanfic não...