Tate agarra meu braço. Sua face não tem mais aquela expressão fingida de gentileza.

Ele me puxa com força até seu quarto e me empurra pra dentro batendo a porta logo em seguida. Ele não fala nada e eu ainda estou tentando processar o que acabou de acontecer.

Tate anda de um lado para o outro no quarto, provavelmente pensando no que falar, ou fazer.

Ele para na minha frente pronto para dizer algo mas assim que seus lábios se abrem eu acabo o interrompendo.

-Que porra acabou de acontecer!?

-Ei! Olha a boca!

Olha a boca!? Esse garoto deve ter merda na cabeça! Eu acabo de ver dois garotos rindo pra uma enfermeira ensanguentada que acabou me tocando e me fazendo sentir.... AQUILO.

-"Olha a boca"!?

-Sim! Minha irmã pode te ouvir!

Tate fala com bastante firmeza. Entendo que só está preocupado com a irmã então fico quieta. Encolho os braços e minha mente ainda tenta assimilar tudo.

-Tá... Desculpa.

Os dois ficam quietos por um certo tempo, tempo o suficiente pra minha tremedeira parar e eu me acalmar. Logo tomo coragem e rompo o silêncio.

-Quantos irmãos você tem?

Ambos estão de pé mas eu sou a única inquieta, Tate aparentemente só está irritado.

Ela olha para mim como de suas próximas palavras fossem ser ofensivas, igual a quase todas que saem da boca dele. Mas então ele me dá uma simples resposta, sem patadas ou palavras afiadas. Temos um avanço aqui.

-Só uma, mais nova.

Eu acabo franzindo a testa ao me recordar dos gêmeos. Talvez sejam primos ou algo do tipo.

-Mas e os gêmeos?

-Que gêmeos?

Ele olha para mim de forma neutra mas está estampado em seus olhos que sabe muito bem do que estou falando. Ele poderia pelo menos mentir falando que são primos ou que são vizinhos, algo do tipo, mas não, ele mentiu, está fingindo que não os conhece.

-Você sabe do que eu tô falando!

Dou um passo a frente, acho que é uma reação natural de oposição. Tate ergue as sobrancelhas e encolhe os ombros.

-Não, não sei.

-Porra!

Tate dá um passo muito longo e fica muito, muito perto de mim.

-Eu disse "olha a boca"!!!

Ele grita bem alto com os punhos cerrados. Tento manter a postura pra não mostrar que realmente fiquei assustada. Pelo visto ele é um garoto bem temperamental.

Tudo bem que eu realmente não deveria ter falado palavrão por causa da irmã dele. Eu poderia pedir desculpas de novo, é a coisa certa e racional a se fazer mas a droga do meu orgulho não deixa, eu não consigo simplesmente pedir desculpas pra ele mesmo sabendo que estou errada.

-E por que você se importa tanto!? Ela já deve ter ouvido outras pessoas falando palavrão.

Ele fecha os olhos e suspira enquanto tenta se acalmar. Tô realmente ficando com muito medo de levar um soco.

-Escuta Sarah... Adelaide é uma garota inteligente, não quero que você fique... Poluindo a cabeça dela.

-Tá... Foi mal.

Os dois ficam em silêncio e Tate de senta na cama encarando o chão.

Eu posso até ficar calada também mas não, eu preciso saber, preciso saber porque ele mentiu pra mim e pra minha mãe.

Por que ele mentiu pra minha mãe falando que eu tinha me assustado com uma ratazana? Ele viu a mulher ensanguentada também!? Não teria outro motivo sequer pra ele mentir.

Por que ele mentiu sobre os garotos? Tava na cara dele que estava mentindo quando disse que não sabia do que eu estava falando.

-Tate.

Ele não responde, só ergue a cabeça na minha direção. Então eu prossigo:

-Por que você mentiu?

Ele continua me encarando, nada nele muda, a expressão continua a mesma e ele continua de boca fechada.

Uma das coisas mais difíceis de decifrar em Tate é seu rosto. Ele é o tipo de pessoa que você NUNCA sabe se ele vai te matar ou beijar.

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