-Por favor me responde.

Suplico a Tate. Ele então levanto e anda até a janela, a janela que tem vista pro meu quarto.

Ele provavelmente só quer evitar contato visual.

-Tate, responde! Quem são os gêmeos e por que você mentiu pra minha mãe!?

Ele para na janela enquanto olha para meu quarto. Talvez ele pense que estando de costas para mim será mais fácil de eu acreditar em suas mentiras.

-Eu não menti. Você deve estar louca, não que isso me surpreenda. Você tá inventando coisas, aqui não tem gêmeos e não tem enfermeira!

Fico quieta encarando Tate que ainda está na janela.

Ele falou enfermeira!? Mas eu nem falei nada! Ele viu ela!

É bastante coisa pra processar. Mal entrei nessa "nova vida" e já tem coisa demais pra lidar.

Eu sento na cama de Tate, dane-se se ele se incomoda, eu preciso pensar.

Tate finalmente se vira. Agora eu estava de costas pra ele.

-Você não me falou né?

Tá na cara que ele está se referindo ao grave erro de ter citado a enfermeira em sua mentira.

-É... Não falei.

Ele senta de costas pra mim. Nenhum dos dois sabe o que falar, mas tem uma pessoa que sabe.

Uma garotinha, Adelaide, a irmã mais nova de Tate aparece na porta. Ela veste um vestido lilás e uma tirinha fofa na cabeça.

-Fala pra ela Tate.

Tate levanto da cama rapidamente e vai até Adelaide.

-Não se meta Ade!

A garota bate o pé no chão e se opõe contra o irmão.

-Ela precisa saber!!

Mas que porra que eu preciso saber!? O que tá acontecendo aqui!??

-O que eu preciso saber?

Me levanto e fico em pé na frente da cama.

-Ade me fala, por favor.

Falo da forma mais cala possível. Adelaide é bem nova então não quero parecer grotesca. E talvez usando o apelido dela eu traga alguma confiança.

Tate agarra os ombros dela com firmeza em mas não com força bruta, ele quer ser autoritário mas sem machuca-la. Ele se abaixa um pouco para ficar com os olhos na altura dos dela.

-Não!

Ele diz a ela. A garota parece considerar obedecer o irmão mas logo ela olha para mim e diz:

-A casa é mal assombrada!

Tá... Essa com certeza não é a resposta que eu esperava.

-Já deu!

Tate puxa a Adelaide pelos braços e a leva para fora do quarto. Os dois começam a cochichar algo. Me aproximo com cuidado. Chego a porta e tudo que escuto é Ade dizendo "Ela viu eles! Temos que confiar nela".

Então eu não tô louca, os gêmeos existem e aquela mulher também. Eu... Eu estou um pouco atordoada.

Fico encarando o chão e esperando ouvir mais alguma coisa vindo deles até que meus olhos avistam os pés de Tate. Meu olhar sobe até o dele e ele bate a porta agressivamente. Ele tranca a porta deixando a irmã mais nova para fora e me deixando aqui trancada com ele.

-Você é realmente uma enxerida.

Droga... Eu realmente não tô facilitando muito pro meu lado. Faz sentido ele não gostar de mim. Lembra o que eu disse que nunca dá saber se o Tate vai te beijar ou matar? Então, esse é um desses momentos. Eu tô encurralada entre ele e a parede, seus olhos são profundos e parecem chamar os meus.

Mas se eu fosse dar um palpite com certeza diria que ele quer me matar.

-Tate me fala! O que foi que eu vi!?

Ele realmente parece com raiva e de alguma forma desesperado.

-Nada! Eu já disse que você é louca, porra!

-Olha a boca...

Vingança infantil.

Tate se enfurece e vem com os punhos na altura do meu rosto, por um momento meu coração congela, não consigo reagir nem fugir. Olho em seus olhos e vejo um flash do meu pai.

As mãos de Tate encontram a parede atrás de mim.

Ele não fala nada, só encara meus olhos com um olhar sadio. Um palpite, ele com certeza não pretende me beijar.

Meus olhos lacrimejam. Uma angústia toma conta do meu corpo se apossa de meu coração. Eu estou fazendo o que for preciso pra não acreditar que só estou ficando louca. Ainda há esperança pra mim, não é?

Sei que os problemas na minha vida são poucos mas invalida-los seria uma forma de engrandece-los.

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