Faz parte do meu show - Cazuza (MA)

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- inesperado

Maitê — Vai embora então, seu egoísta! Cafajeste! Espero que você se arrependa da sua decisão!

Thiago —Pode ter certeza de que eu não vou me arrepender – disse, pondo o capacete e dando partida em sua moto.

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Mais uma vez, me pego pensando na discussão que acabou com meu relacionamento e minha dupla para cantar. Sinceramente, não consigo entender como posso ser tão fútil a ponto de acreditar que, com uma proposta grande daquelas, ele me incluiria nela ou ao menos me daria os créditos pelas músicas que são de minha autoria!

Minha prima estava tentando me animar de alguma forma. Já fazia três dias que eu não saía do sofá. Ela queria me levar a um show de uma banda que estava começando a ficar famosa, um tal de Utopia, mas eu nunca tinha escutado uma música sequer deles. Para ser sincera, nunca nem ouvi falar da banda.

Isis —Vamos, prima! Eu tenho um ingresso sobrando e não quero ir sozinha. Você está aí jogada nesse sofá, mofando desde que terminou com o Thiago. Vamos sair para se animar! – disse, me puxando do sofá na tentativa de me animar.

Maitê — Eu nem sequer sei quem são esses loucos! – gritei, mas ela apenas levantou os ombros e mandou que eu fosse me trocar.

No banho, fiquei pensando e percebi que ela estava certa. Eu não podia deixar ele me derrubar assim. Eu iria continuar na música, com ou sem ele. Vesti uma saia de couro preta, um body de alcinhas finas e uma jaqueta de couro da minha prima. Optei por deixar meus cabelos soltos, e nos pés coloquei um coturno preto de salto, o que me fez sentir mais velha, apesar dos meus 19 anos.

Maitê — E aí, vamos logo ou não? – perguntei à loira, que pulou do sofá com um sorriso de orelha a orelha e respondeu:

Isis —Agora, prima! – disse, pegando a chave do carro e me dando um beijo na bochecha.

Chegando na boate onde minha prima disse que seria o show, a fila estava quilométrica, mas minha prima era amiga do dono, então fomos passadas à frente das outras pessoas. O palco ainda estava vazio; estavam arrumando os instrumentos, o que causava uma barulheira. Aproveitando que não havia quase ninguém lá dentro, conseguimos um dos melhores lugares que se poderia querer em um show!

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O show havia acabado, mas minha prima ainda estava ficando com um garoto qualquer. Eu estava encostada em uma pilastra do lado de fora da boate, perto da van que trouxe a tal banda Utopia.

"...Toda pedra no caminho 
Você pode retirar 
Numa flor que tem espinho 
Você pode se arranhar 
Se o bem e o mal existem 
Você pode escolher 
É preciso saber viver..."

Me peguei cantando uma música dos Titãs e, de repente, senti que alguém me observava. Eram os integrantes da banda me olhando cantarolar. Olhei para eles, e os mesmos começaram a bater palmas, como se estivessem me aplaudindo.

Dinho — Caramba, você canta muito! Galera, acho que é isso que falta na nossa banda! – disse ele, e os outros concordaram. Então, ele me perguntou:

Dinho — Aceita um lugar na nossa banda? – perguntou, e eu nem sequer pensei antes de responder:

Maitê — Claro que sim! – respondi com um sorriso, que foi recíproco dos garotos.

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The end.

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