Four Days

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Hoje não seria necessário a minha presença para decidir os preparativos do casamento, então estava deitado na minha cama sem fazer nada.

Até que, por alguma ironia do destino, vejo uma mensagem em meu celular. Akutagawa me chamando pra almoçar? Essa é nova.

Mas respondi que aceitaria e me levantei pra trocar de roupa - visto que, eu estava de pijama em plenas onze e quarenta da manhã. -.

Vesti uma blusa branca simples e uma bermuda preta até os joelhos. Nos pés, coloquei meu par de tênis all star branco de cano alto. Depois, desci e peguei minhas luvas.

Peguei minha carteira e meu celular e saí de casa trancando a porta. O restaurante que iríamos não era longe, então decidi ir andando mesmo.

Foram uns dez minutos de caminhada até chegar no estabelecimento. Não era um restaurante com algo memorável, era comum, como aqueles que vemos aleatoriamente na rua.

Adentrei nele e avistei Ryuunosuke sentado numa mesa um pouco longe das demais. Akutagawa sendo Akutagawa.

Fui até ele e me sentei na cadeira à sua frente, cumprimentando-o.

Ele estava com uma roupa muito parecida com a minha. Apenas mudava que sua blusa era preta, com all-star da mesma cor e uma calça branca.

- achei estranho você me chamando pra almoçar. Alguma novidade? - perguntei.

- nada em específico, apenas queria falar com alguém sobre o que ando pensando. - peguei o cardápio e comecei a pensar no que pediria.

- pode falar, sou todo ouvidos. - dei-lhe um sorriso sincero.

Ele abaixou a cabeça e folheou o cardápio à sua frente.

- eu... Eu não sei se realmente quero me casar com a Higuchi. - conti um sorriso. - não sei se você sabe, mas esse casamento foi ideia do chefe, Mori-san - como eu não saberia tendo um suicida fofoqueiro trabalhando comigo? - e ele disse que de primeira eu realmente não iria aprovar, mas com o tempo, iria me acostumar com a ideia... No começo até aceitei e achei que passaria a gostar dela com o tempo. Porém, agora, eu tenho minhas dúvidas. - colocou tudo para fora.

Naquele momento, só queria me levantar e abraçar ele falando que ia dar tudo certo. Entretanto, sei como ele é e provavelmente não gostaria de tal contato, então me contive.

- olha, é uma situação bem complicada. Mas na minha opinião, se você não quer que aconteça, deveria conversar com ela e esclarecer toda essa história. - dei minha opinião sincera.

- até pensei nessa possibilidade. Só acho que eu deveria dar uma chance para esse matrimônio. Até porque, essa decisão não é apenas por ela, também são ordens do meu superior...

- se não gosta dela, é só conversar. Se foi ordem do chefe, você deveria bater de frente com ele. Apesar dele mandar no seu trabalho, ele não pode controlar a sua vida inteira.

- talvez... Mas Mori-san não aceitaria, você sabe como ele é... - disse receioso.

- é uma situação bem complicada, Ryuu... Tente! Não se sabe se vai dar certo até ser tentado! - falei tentando apoiar ele em sua decisão.

- se diz... - Akutagawa chamou o garçom.

Fizemos nossos pedidos e voltamos a ter uma conversa sobre coisas banais, tipo "o que você fez hoje?".

Até que, em um momento aleatório, Ryuunosuke me fez uma pergunta que me deixou surpreso:

- Jinko, você já se apaixonou por alguém? - perguntou envergonhado.

- que pergunta repentina. Por que quer saber?

- é que... - suspirou e voltou a falar. - eu acho que gosto de uma pessoa, então queria saber como é para ter uma noção.

- bom... - pensei um pouco antes de falar. - sim. Já me apaixonei, mas infelizmente, sinto que não daria certo.

- Por quê?

- digamos que a pessoa que estou apaixonado não seja merecedora de ter alguém como eu. Ela é tão incrível, e eu sou só... Atsushi Nakajima, o membro menos treinado e mais fraco da agência de detetives armados... - olhei para a mesa afim de não lhe olhar nos olhos.

- nossa... Eu diria que essa pessoa é alguém de sorte. - senti meu rosto esquentar de leve com suas palavras. - Mas, o que se sente quando está apaixonado?

- você sente borboletas no estômago. Suas mãos ficam trêmulas e suadas com a presença da pessoa. Sente vontade de socar qualquer um que faça o mínimo mal a ela. E, se for como no meu caso, o bem-estar dela é acima do seu e você sente que mesmo que esteja infeliz, ela está bem, e é tudo o que importa. - segurei minha vontade de chorar naquele momento.

- ainda não tenho certeza do que sinto ou se realmente sinto algo - encarou o chão. Logo o garçom veio.

- bom apetite, senhores. - disse e saiu, indo atender outras mesas.

- parece muito bom.

- parece mesmo. Vamos comer.

E depois do almoço, cada um de nós seguiu seu rumo.

Mais uma vez um dia normal e pacato que não consegui falar nada, mas pelo menos sabia que ele não quer que esse casamento aconteça. Talvez uma oportunidade?

Seven Days - Shin soukoku Onde histórias criam vida. Descubra agora