Charlie Clement
Depois de explicar o motivo de nós termos "sequestrado" Henne Durand. Ele não falou nada, mas pode-se ver na expressão dele que nada do que eu falei era verídico. Não fiquei bravo por uma criatura minúscula, bonito e belo, pensar que provavelmente estou mentindo.
Henne passou por muita coisa com o pai. Então ele tem total razão para ficar desconfiado.
— Pensando em algo, Charlie? — Edward apareceu em meu escritório, adentrando e me tirando dos meus devaneios. Suspirei fundo e ele sorriu.
— Ou alguém... Tá pensando em Henne Durand, não é? - Sentou-se na poltrona a frente da minha mesa.
— Ele está assustado... — Falei pensativo.
— Não é para menos, o menino passou por muita coisa. — Disse e eu concordei.
— Mudando de assunto. O que aconteceu com você e o Yunne? — Perguntei já que ultimamente os dois vivem em pé de guerra, não que isso não acontecesse antes, mas está cada dia pior que o outro e esses dias os dois não se aguentam nem se verem.
— É que...
— PAPAI! — A pequena Eliza adentrou o meu escritório. Parou em nossa frente cruzando os braços, batendo o pé no chão.
— O que aconteceu meu doce? — Falei e ela se aproximou de mim. Estendendo seus bracinhos para mim e logo a peguei no colo, a colocando sentada acima de minha mesa. Ela tem quatro anos, mas se comporta como uma adulta.
— Eu achei que o meu papai estava aqui. Titio Charlie, você sabe onde ele está? Eu queria poder mostrar para ele a musiquinha que eu aprendi hoje na escolinha. — Perguntou.
— Eu não sei onde está o seu papai, Lili. — Falei e ela bufou, o que me fez ri. Ela pediu para que eu a descesse da mesa e assim o fiz. Ela foi em direção a Edward.
— Vai, Titio Ed desembuche. — Batia forte o pé no chão e Edward se levantou, a pegando no colo.
— Cada dia que passa você fica mais abusada, pirralha. Está igualzinha ao seu pai! — Edward falou a enchendo de beijos e ela gargalhava.
— Eu não sei onde estar o seu papai, mas vamos procura-lo, hm. — Disse e ela concordou animada.
— Tchau, titio Charlie.
— Tchau, Lili. Essa conversa não acabou, Edward.
— Eu sei que não! — Falou antes de sair de vez do meu escritório.
Suspiro fundo, me aconchegando na minha poltrona.
✿✿✿
Depois de passar horas e horas no meu escritório e de terminar pendências. Resolvo subir para o meu quarto. Não exatamente o meu quarto, mas um quarto de hóspedes. Henne estava estalado no meu quarto e eu não queria ficar entrando para pegar minhas coisas lá, então pedi para Sônia arrumar o quarto de hóspedes para mim.
Eu sei o que você esta pensando, mas eu o deixei lá porque foi a primeira coisa que veio no na minha mente assim que trouxe ele do hospital. O deixei no meu quarto porque lá é mais arejado e o mais confortável para ficar de repouso.
Passo pelo meu quarto, o qual Henne esta e voltou para trás novamente, pois algo me chamou atenção.
Alguém chorava e soluçava baixinho, mas ainda sim pude escutar. Me aproximei da brecha da porta e visualizei aquela figura pequena, sentado no chão, soluçando e chorando. Meus olhos percorreram pelo seu corpo e vi que em seus braços escorriam um líquido vermelho. Sem pensar duas vezes abri a porta e ele me olhou confuso e assustado.
— Desculpe, eu não quis assusta-lo. — Falei o olhando nos olhos, e nada ele falou.
Ele tem alguma coisa que o prende a mim, alguma coisa nele faz com que eu me sinta estranho.
Dei um passo em sua direção e ele encolheu o corpo, parei e o fitei. Ele continuava me olhando assustado, como se eu fosse fazer mal para ele.
— Olhe, talvez você não possa falar, mas pode me ouvir. — Ele continuava imóvel.
— Não irei dizer que sei de tudo que você passou. Até porque a única pessoa que sabe sobre o seu sofrimento é você mesmo. Mas isso aí — Apontei para o seu braço. — Não vale a pena, acredite. Sua mente está te auto sabotando, e isso faz com que você acredite que a dor que você esteja sentindo vai passar com um corte aqui e outra ali. — Ele abaixou a cabeça, se sentando na cama e fitando o chão. Suspirei fundo e continuei.
— A ansiedade destrói e é uma grande sabotadora de mentes. Mas, eu quero dizer para você uma coisa. Você não está mais sozinho, ninguém vai mais machucar você. Eu sei que é difícil querer continuar respirando depois de tudo que você passou. Tente se priorizar, priorizar primeiramente sua saúde mental e se você precisar de ajuda, acredite que eu farei o possível e o que estiver no meu alcance para ajudar você. — Ele levantou um pouco a cabeça, me olhou de relance, e eu pude ver seus olhos inchados e mais lágrimas rolando pelo seu rosto. Meu coração se apertou.
Como que o próprio pai tem a capacidade de destruir o filho dessa maneira, dessa maneira tão suja e violenta.
— Amanhã eu volto aqui para ver como você está. Pode continuar chorando, por que assim você derrama em lágrimas o que não consegue falar em palavras, pode chorar, mas não se corte mais. — Ditei por fim e me retirei do quarto.
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Destino Implacável - Seu Amor É A Cura Para A Minha Dor
General FictionPerigo e muitos inimigos, é isso que você irá enfrentar se quiser ficar comigo... você está pronto para enfrentar e até se sacrificar por mim?