Prólogo
Há um sentimento que nos mata aos poucos, nos afastando de pessoas que nos amam e que amamos também. É quase que impossível esconder quando chega. A felicidade, muitas vezes, nos fazem chorar de alegria, mas ela, contudo, não apaga a marca de um rosto triste e infeliz. A tristeza é triste para quem sente ela, durante anos e anos sempre se mantém indo e vindo Assim como dezembro e janeiro, nos fazendo chorar em um quarto transparente. Sem vida. Sem lembranças...
Suspiro olhando através da janela, observando o vasto cinza pelas nuvens que compõem aquele céu nublado, tão nublo e solitário quanto à mim. Encarava aquela mensagem com um sorriso irônico e talvez um tanto triste, não sentia mais nada há muito tempo e ninguém sabia sobre isso. E tudo bem assim, eu prefiro estar sozinha do que ter a pena de todos voltados para mim.
Aprendi que ninguém precisa saber que estou triste ou como anda minha vida. Aprendi que, seja lá qual for o problema, ele pertence a mim. Aprendi a guardar minhas dores e momentos difíceis só pra mim. Aprendi também que os melhores textos melancólicos ou aqueles de padrão clichê saem sempre daqueles que se trancam em seus quartos e tem como companhia apenas o silêncio, a solidão e o barulho dos dedos batendo em cada tecla enquanto escreve algo novo. Talvez sobre uma nova tristeza, um novo amor que não fora muito bem sucedido.
Aprendi também que ninguém se importa com como você está, de como foi seu dia. Aprendi que poucos valorizam o que nós fazemos por elas, e poucos valorizam a nossa companhia.
Aprendi a não me importar com ninguém da mesma forma que agem comigo e a não guardar mágoas no coração. E ser diferente de muitos. E pouco me importar com os pensamentos de fulano e ciclano. Apesar de que tudo que eles me dizem eu escuto, mesmo quando me falam da boca para fora eu escuto com o coração.
Eles pensam que eu sou apenas uma insensível e ingrata, que após aquele incidente fugiu. Fria e sem coração. Ah se eles soubesse o quanto eu me martirizo por conta daquilo, o quanto eu me machuco como se fosse uma auto-tortura. O quanto o sentimento de culpa, remorso, arrependimento, dor, me machuca. Maldita auto-piedade, isso é tão patético.
Eu diria... Eu diria agora que estou triste, que estou magoada, mas não posso ficar nessa. Tenho a noção de tudo ao redor de mim, mas pensam que sou idiota, até mesmo que estou morta. Dizem o que eu não quero ouvir e o que não quero sentir. Faltam-me com respeito, o respeito de ser vivente que sou. Não sei se vivo por viver ou vivo pra sofrer.
Já não sei se corro ou paro, se falo ou calo e é por isso que me vejo a pensar, a naufragar no meu mar, que viajo sem bagagem e que espero que me compreendam sem que eu tenha que antes me compreender.
Só eu sei da minha tristeza... Só eu sei da minha dor... Só eu sei da minha verdade que não se esconde, para agradar ninguém. Só eu sei da dificuldade que é caminhar, depois de cair de um lugar tão alto. E mesmo sangrando por dentro, resistir... Só eu sei como dói lembrar do que poderia ter sido e talvez não será. Só eu sei a força que tenho que fazer para de novo levantar. Só eu sei... Só eu e mais ninguém...
Percebo o solo coreano se aproximar cada vez mais, estava novamente em meu país de origem. O sentimento de paz e casa em instantes se passam quando percebo um homem alto e forte, parecia ter por volta de uns trinta a quarenta anos, com roupas formais e uma placa com meu nome, provavelmente outro motorista. Solto um riso nasal ao perceber que não era o mesmo de antes de eu partir, e eu duvido que ele sequer era o mesmo de semana passada. Eu não precisava perguntar para saber, meus pais sempre trocavam os funcionários quando os achavam ineficientes ou insuficientes. Reviro meus olhos lembrando que não era apenas com os funcionários que meus pais faziam isso.
Lembro deles deixarem meu irmão de lado e focarem em mim, sendo assim considerada a princesa mimada da família, e em breve arrumarão alguém para pôr em meu lugar se eu não atender às expectativas deles.
— Senhorita Jeong, eu sou seu motorista e segurança pessoal. Meu nome é Happy, é um prazer conhecer-la. — Solto um riso sarcástico com o pensamento de que me mandaram um motorista feliz, quando eu não sinto este sentimento há tempos. Sinto seu olhar confuso com minha atitude, dou de ombros.
— Pensei sozinha. Me diga, Happy. — Sinto um embrulho ao falar seu nome, talvez por ter vivido a maior parte da minha vida em terra inglesa e meu interior almejar o significado de seu nome. — Você contará tudo que eu fizer aos meus pais?
— Apenas o que for de extrema importância, senhorita, como por exemplo a sua segurança. Fora isso apenas o que a senhorita quiser que eu conte, afinal sou o seu segurança pessoal. — Sorri simpático.
O encaro ainda analisando se ele seria amigo ou inimigo, pode ser que meus pais tenham peço para ele agir assim, Pois eu abaixaria minha guarda e eles descobririam tudo, assim me punindo novamente, ou até mesmo me substituindo. Ou eles nem se deram ao trabalho disso, pois sabem o quanto eu sou fraca e não retruco nada do que eles me falam ou pedem, que sou uma boneca na mão deles. Inspiro fundo decidindo confiar nele, uma vez que me falhasse na lealdade arrumaria um jeito de o demitir.
— Me leve para casa. — Ele assente, me direcionando até uma Bugatti La Voiture Noire preto, O veículo conta com seis saídas de escape, frente única e o logo da marca iluminado na traseira. Além disso, o carro traz motor 7.0 W16 quadriturbo com 1.500 cv de potência e 221,2 kgfm de torque. Posso dizer que o tempo que passei em Nova York serviu para eu aproveitar um pouco a adrenalina que não podia ter, então andei em vários carros e motos secretamente, só dirigindo. — Eles... Estão em casa?
Olho para o mesmo que me lança um olhar pelo espelho do carro e nega com a cabeça, seus olhos pareciam ter pena, acho que ele pelo menos sabe como meus pais realmente são. Suspiro apoiando minha cabeça na janela, não é como se eu realmente esperasse que eles estivessem lá.
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𝒪𝓊𝓇 𝑀𝑒𝓁𝑜𝒹𝓎 - 𝐇𝐚𝐧 𝐒𝐞𝐨𝐣𝐮𝐧
Romance𝒩ó𝓈 𝒶𝓁𝒸𝒶𝓃ç𝒶𝓂𝑜𝓈 𝒶𝓈 𝑒𝓈𝓉𝓇𝑒𝓁𝒶𝓈 𝒫𝑜𝓇 𝒻𝒶𝓋𝑜𝓇 𝓂𝑒 𝒹ê 𝓈𝓊𝒶 𝓂ã𝑜 𝐸 𝒸𝒶𝓃𝓉𝑒 𝓃𝑜𝓈𝓈𝒶 𝓂𝑒𝓁𝑜𝒹𝒾𝒶 "- Você é meu planeta, eu sou só uma Lua para você . - Encaro seus olhos com vontade de chorar, eu não gostava de demons...