Capítulo Um

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Já era meu terceiro cigarro no dia, estava meio chateado. Baguncei meus cabelos de propósito adorava passar uma vibe meio largado. Meus olhos refletidos no espelho estavam vermelhos. Sério como eu vou aguentar até o fim de hoje se é só mais um dia extremamente chato?

Não importa quantas informações eu adicionasse a minha mente eu ainda tinha lampejos daquele dia. Minha mãe sangrando e sua vida de esvaindo dela.

Seu pedido se tornou meu objetivo de vida, eu não morreria com medo e assustado como ela. Queria ser forte e me tornei assim.

Meu trabalho, mercenário. Pelo preço certo eu posso matar qualquer um. Tenho apenas algumas regras, não mato crianças em hipótese alguma. Abusadores/ Pedófilos eu mato de graça é sempre um prazer me livrar desses lixos.

Eu não faço amigos durante as missões, ficar longe dos meus clientes me permite seguir em frente sem olhar pra trás. No começo, eu sentia remorso do meu trabalho. Só que eu tinha que ser forte, muito forte. Para que nenhum monstro que cruze meu caminho me fizesse tremer.

Hoje em dia meu nome faz até os monstros tremerem. Me tornei bom,muito bom em matar, talvez seja genético. Pensar nisso as vezes me deixa triste, sou como ele? Sou pior que ele? O que me diferencia do demônio que matou minha mãe?  Essa onda pode se tornar um espiral sem fim se eu não quebrar o fluxo.

Ouço um som de bater na porta, estava cedo para receber clientes. A maioria não vem na minha casa eles ligam de telefones descartáveis. Apaguei o cigarro mau humorado e caminhei até a porta.

Na minha cintura estava minha arma, pronta para ser usada em caso se emergência. Uma de minhas mãos segurava ela e com a outra abri a porta. Estava tudo bem, era só Peter meu vizinho intrometido.

— Ayan, ele me achou! — ele repete algumas vezes desesperado enquanto segura minhas mãos.

— Calma...respire. — falo em voz baixa e suave. — É aquele seu ex?

— Sim, Ayan ele me ligou dizendo a rua que eu moro e que ele sempre está de olho em mim. — ele diz e põe a mão no peito parece estar tendo uma crise de pânico sem respirar.

Puxo uma cadeira o fazendo sentar e então peço para respirar fundo. Eu o acompanho guiando dizendo quando inspirar e quando expirar até ele parecer mais calmo. Suas mãos ainda apertam a minha como se sua vida dependesse disso.

— Ele vai me matar...ele vai me bater...

— Se ele chegar perto de você ele é um homem morto. — falo em tom sério.

— Você está falando sério? Parece que você está falando muito sério. — Peter agora parece com um medo repetindo de mim.

— Escuta, não vou fazer mal a você. Sei que é assustador mas esse é quem eu sou. Não tenho medo de um cara como o seu ex, mesmo se ele for um psicopata. Eu sou um demônio tão ruim quanto ele e irei o destruir  se ele se aproximar de você.

Peter agora parece fungar mas em um estado mais calmo. Ele me encara um misto de emoções parecem atravessar seu coração mas ele levanta e me abraça.
Seus cabelos encaracolados roçam em meu pescoço o pequeno homem me aperta tão forte que me deixa surpreso com sua força.

Ele me encara como se tivesse ganhado o mundo inteiro hoje. Uma chance de se sentir seguro, apesar dos receios e da clara luta interna de moralidade ele parece calmo. Me surpreendo quando ele puxa meu queixo para sua direção e deposita um beijo me meus lábios.

Sem interromper levo minha mão até a cintura dele e o prendo na parede. O beijo fica mais intenso e percebo que estamos sem ar após alguns instantes. Seu olhar pousa no meu com um monte de conteúdo não falado. Mas eu não podia ir muito além com isso. Nunca me aproximo de ninguém por muito tempo.

— Irei confiar em você. — Peter diz finalmente.

— Percebi... — falo e pisco pra ele.

Agora um pouco mais animado do que quando acordei sorri e criei um plano de ação em minha cabeça enquanto acendia o cigarro que deixei para trás antes.

Até o final daquele dia eu iria descobrir como aquele imbecil tóxico seguia Peter. Caminhei pela rua procurando lugares estratégicos pensando como eu faria isso se Peter fosse meu alvo.

Com uma análise rápida da rua descobri que havia uma casa vazia do outro lado da rua. Não morava ninguém e estava com uma placa dizendo "vende-se". Se eu fosse um namorado esquisito que persegue meu parceiro aquele seria o lugar ideal,  acima de suspeitas e discreto o bastante para passar despercebido.

Decidi que iria entrar na casa para dar uma olhada. Dei uma volta pelo muro até a rua estar vazia então finalmente escalei o muro, conferi tudo ao meu redor ninguém me viu. Desci e pulei dentro da casa meus pés batendo forte no chão fazendo meu corpo estremecer com o choque.

Olhei o quintal, nada naquele lugar indicava qualquer sinal de vida. Muitas folhas da árvore próxima enchiam o chão. Estavam ali há muito tempo pois estavam amareladas e secas.

Dei uma volta ao redor do lote e vi a janela aberta escondida nos fundos da casa. Por ela dava pra ver um binóculos no meio do cômodo vazio. Uma revista, alguns pacotes de suprimentos, uma caixa onde certamente haviam suprimentos. Era oficial é aqui que esse desgraçado se esconde para observar Peter.

Entrei pela janela para ver os pontos de visão dele, era possível ver a casa de Peter com clareza principalmente com as janelas abertas pelo dia. A programação passando em sua televisão era algo culinário. Perturbador.

Ouvi o som de alguém saltando pela mesma janela que entrei então corri imediatamente me escondendo no primeiro cômodo próximo. Infelizmente era o banheiro. De tantos lugares logo um dos únicos outros lugares da casa que esse stalker de merda certamente entra.

Senhor, aquele imbecil ainda está vigiando o ex dele aqui.

Ele parecia estar no telefone. Pelo visto não era o stalker. Então quem seria essa outra pessoa e o que fazia aqui.

Não é fácil enganar Ayan...ele é profissional. Não sei por que quer ele morto, mas tenha paciência. Tudo tem seu tempo, preciso ter certeza de tudo primeiro.

Puta que pariu! Contrataram um mercenário para matar um mercenário. Isso é realmente uma reviravolta inesperada dos eventos, eu tive muita sorte de vir aqui hoje. MUITA.

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