Capítulo Quatro

173 20 50
                                    

Entrar no carro do meu futuro assassino para sobreviver ao caos imediato foi muito arriscado. Enquanto Akk dirigia para longe do caos percebi como ele era melhor nisso do que eu.

Levei tanto tempo para despistar aqueles caras, mas ele fez em poucos instantes como se fosse um talento secreto. Finalmente pudemos respirar quendo ele parou o carro num lugar afastado da cidade.

Só haviam árvores de um lado ao outro. Éramos facilmente detectáveis se eles passassem ali. Infelizmente, não estava pensando direito minha mente estava nublada.

— Eu falhei! — Akk grita no volante e bate nele algumas vezes. — Porra! Porra! Porra!

Ele grita e parece a um passo de chorar, ele finalmente parece voltar a respirar lentamente, mas eu não.

— Se você tem que me matar por favor fique a vontade. — digo incrédulo da merda que acabei de fazer.

Só havia um motivo para o alto dinheiro, era um golpe. Eu fui usado por alguém que queria atingir a máfia, e agora eles precisam de mim para fazer de exemplo e recuperar o controle da situação.

Se eu soubesse que era o filho do Matador nunca teria me aproximado daquela casa, nem sequer daquela cidadela. Aqui estou eu, destinado a morte pelos meus inimigos.

— Ayan...minha missão era te matar para impedir de completar essa missão. Meu chefe é responsável por manter as coisas o menos sangrentas possíveis quando ele descobriu que iam te dar uma missão que causaria tanto derramamento de sangue ele me chamou para o matar. Agora que você já fez a merda não faz sentido te matar, temos que converter essa bagunça. — Akk diz sua voz parece quase desesperada.

O homem chique e elegante não existia mais. Ele acendeu um cigarro com o coração acelerado e saiu do carro respirando o ar do lugar a céu aberto. Desci do carro, me posicionei ao seu lado.

— Você teve uma boa chance de me matar naquele dia. Provavelmente já estava de olho em mim antes. Qual o motivo de não ter me matado? — Pergunto e peço um cigarro. Ele sorri e pega um para mim.

— Peter. — ele diz com voz baixa e suave como se isso fizesse algum sentido.

— Investiguei você por um tempo, ninguém. Nenhum familiar, nem um amigo. Tudo que você tinha pode ser resumido em uma palavra...Peter. — ele diz com tom triste.

— E daí? Você não foi contratado pra sentir pena de mim. — falo nervoso.

— Eu não tenho nem mesmo um Peter. — ele diz com a voz mais baixa. — Sei como é ser sozinho, o jeito que você age como se tivesse tudo bem mas tem pesadelos toda noite. O cigarro e até a forma que bebe até cair para esquecer um pouco... tudo isso lembra a mim mesmo, você e eu não éramos diferentes, te matar era o mesmo que me matar.

Aquelas palavras me atingiram como uma bala atravessando meu coração. Quanto tempo meus sentimentos reprimidos estão sufocando aqui para mim sustentar uma falsa sensação de sorriso.

— Peter é útil pois ele é médico. — tento explicar.

— Mesmo assim quebrou todos os protocolos de um mercenário para atirar no ex problemático dele.

Mais um tapa na cara, quanto tempo eu vou fingir que Peter não é importante para mim. Ele é como amigo que me impede de pular do prédio mais alto para a morte eterna.

— No começo, ele não era importante. Mas cada vez que eu demorava para voltar pra casa ele acampa na frente da minha porta como se fosse um cachorrinho esperando seu dono.

— Você era meu alvo, eu só tinha um trabalho a fazer mas tentei observar sua interação com Peter. Queria saber se eu podia conseguir um amigo, igual você. — Akk fala e agora ele parece envergonhado.

Em direção ao seu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora