Capítulo Cinco

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Atravessar o país de volta sem chamar atenção foi difícil. Em uma de nossas paradas encontramos um motel caindo aos pedaços de beira de estrada.

O lugar era simples, largamos minha caminhonete alugada no meio da rua muito longe dali. Seríamos encontrados facinho se continuassemos com ela.

Após caminhar vários quilômetros, pegar carona com um estranho e parar ali no meio do nada finalmente iríamos descansar. Aquele lugar era perfeito não perguntariam nada recebiam tão poucos clientes que tinham que fazer vista grossa pra quem viesse.

Entramos no lugar, desde o momento que ele apontou a arma na minha cara e havíamos surtado não falamos nada. Era estranho como se houvesse uma raiva, tensão e medo mas estivéssemos tentando nos manter seguros um do outro.

Um mercenário sabe que não deve confiar em ninguém. Pois somos dispensáveis, nossa vida é ser o peão sacrificado pelo benefício de algum imbecil. Por isso muitos de nós são ex militares, quando você se acostuma a matar e estar perto da morte o mundo comum se torna... diferente.

O cara na recepção do hotel era um velho de expressão safada parecia dar em cima de todas as moças que se aproximassem do lugar e honestamente não me sentia seguro com ele ali.

Akk pagou o dinheiro e subimos as escadas finalmente me toquei que estaríamos sozinhos em um quarto sendo que nem conseguimos conversar sem que matar um ao outro vire tópico.

Ele se jogou na cama parecia cansado,  também estávamos na estrada sem parar por mais de um dia. Meus olhos focaram nele que respirava profundamente.

— Tome um banho antes de subir na cama. — Reclamo.

— Se não tivessemos que economizar já que não podemos sacar dinheiro sem sermos localizados estaríamos em quartos diferentes agora. — ele diz com expressão de raiva.

— Mas não é o que está acontecendo aqui, é? — pergunto. — Vá banhar logo!

Ele me encara como se não pudesse perder a competição de olhar o outro por mais tempo e levanta indo até o banheiro. Sorri balançando a cabeça ele age como uma criança implicante.

Depois de estarmos limpos peguei uma roupa comum em minha mochila e vesti. Meus cabelos estavam molhados e eu limpava com a toalha quando ele se aproximou de mim.

— Se depender dessa sua secagem ai você vai ficar resfriado. — ele diz e toma a toalha da minha mão.

— O que está fazendo?

Ele liga um secador que parece antigo e então começa a secar meus cabelos. Tem algo nele que me faz sentir que ele está perdido em seu personagem. Seus dedos adentram minha raiz o que me faz estremece talvez eu seja o perdido no personagem.

— Não sabia que matadores podiam ser gentis. — falo baixinho.

— Tonto... — ele fala.

Finalmente ele termina e ajeita meu cabelo seus olhos ficam fixos nos meus intensamente. Ele parece focado como se sempre quisesse fazer isso por alguém. Akk era estranho, seu comportamento parecia ensaiado e quando não era ele parecia inseguro.

Agora seus olhos pareciam fascinados pelos meus. Me aproximei dele tocando seu rosto pela primeira vez notei como havia uma cicatriz perto de seu lábio.

— A gente sempre arrisca a vida nesse trabalho... — falo. — Mas você está aqui por sua própria causa, não é?

Ele me encara seus olhos parecem brandos e tristes. Seu silêncio é intenso como se ele tivesse ponderando o que falar e o que não.

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