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Suco com cenoura
𓇢𓆸𓇢𓆸𓇢𓆸𓇢𓆸

Passar o tempo com Toji é... Interessante. A cada tempo que passa, descubro mais coisas sobre ele. Como: corre matinalmente (É claro que ele faz algum tipo de exercício, não é atoa que se compara a uma montanha), sempre usa peças de moletom ou drysoft, adora doces, e adora ainda mais coisas azedas. E eu não o julgo, tudo que envolve limão é uma delícia.

— Beba isto. — Me entrega um copo grande cheio de um líquido desconhecido e suspeito.

— O que é esta arma mortal? — Pego o copo e cheiro. Tem cheiro de chá pronto de limão.

— Suco de limão. — Meus olhos se iluminaram e o homem apenas cruzou os braços — Com cenoura. — O olho incrédula.

— Cenoura?

— Cenoura. — Confirma. — Achei que deixaria o suco mais saudável... Então coloquei.

Mais uma coisa que descobri sobre ele: Toji é extremamente impulsivo. Pelo menos para algumas coisas. Ele não se importa com o que as outras pessoas acham. E, normalmente, se achar que algo seja uma boa ideia, ele o irá fazer. Acho que foi assim que fui parar em seus braços à caminho de sua casa.

— Obrigada. — Bebo um gole hesitante — Hum, é bom. Não tem gosto de "gororoba"

— Eu iria me sentir ofendido se tivesse.

Sorri.

Posso acrescentar mais uma coisinha?: Ele não é sério o tempo todo. Não mais. Seu comportamento mudou, ele até acrescenta alguns apelidos no final das frases, como já o vi fazer antes; "pirralha, moleque, engraçadinha". Eu os adoro, particularmente.

O dia lá fora está um caos. Uma tempestade inesperada surgiu. E eu agradeço por Tsumiki estar na casa de tia Mei, junto à Megumi. Não posso imaginar lugar melhor para eles.

— Então, tá afim de mofar ai, ou quer assistir algum filme? — Pergunta Toji, apoiado na porta.

— Toji, eu já falei, você irá acabar ficando doente.

— Você está na minha cama, pirralha.— Sorri e caminha para deitar-se ao meu lado. Mas um pouco distante.

— Em minha defesa, isso foi idéia sua, e eu tenho quase sua idade. Quase.

— Sei... — Falou, entrando no quarto. — Não vou ficar doente, tomei suco de limão com cenoura. — Sorriu ladino.

Acabamos optando por assistir um filme de terror. E quando eu digo "terror" me refiro a um filme que me deixou tensa e aflita, enquanto pareceu relaxar Toji.

— Esse filme não tem a menor graça. — Disse, com mãos na cabeça, pernas cruzadas e um enorme, gigante, imenso... Tédio.

— Deve ser porque não era de comédia. Sabe, ver uma garota possuída não é nada engraçado. — Um som alto de trovão ecoou pelo quarto, me assustando.

Tempestades são um ponto negativo para mim, talvez porque quando pequena, sempre estive com minha mãe em dias chuvosos, me "protegendo". E quando ela se foi... Tudo ficou mais aterrorizante.

— Você tá bem?

— Hum? — Desviei o olhar da janela — Ah. Estou, sim.

Ele hesitou por um segundo, me encarando com um semblante desconfiado.

— Vou preparar algo para comermos. Vou trazer seus remédios, também.

— Não se preocupe, eu vou toma-los lá na cozinha. — Me levanto.

— Tem certeza? Não vá desmaiar pela casa.

— Não vou! — O sigo. — Ainda consigo andar sozinha.

— Que bom, pensei que teria que te carregar nos braços do quarto para a cozinha. — Engraçado. Muito engraçado.

[...]

Droga. Merda. Cacete. Inferno. Hum, qual outro xingamento? Merda de novo.

A tempestade está soando alta demais, ecoando em um cômodo grande demais. Me remexo na cama, fecho as cortinas, me encolho nos lençóis. Nada parece funcionar. Sinto minha garganta seca. Olho para a cômoda ao lado da cama, em busca de água, mas apenas encontro um copo vazio.

Resolvo ir até a cozinha e pegar um pouco de água para saciar minha sede. Toji está dormindo no sofá, parece sereno e tranquilo, não vou incomodar-lo.
Sirvo água no copo e bebo tudo, quando escuto palavras balbuciadas vindo de Toji.

Me aproximo, tentando escutar, até meu rosto ficar bem próximo do seu. Apenas ouço palavras sem nexo. Ele mexe a cabeça de um lado para o outro.

— Não consegue dormir? — Ele puxa minha mão rapidamente, e logo estou deitada ao seu lado.

— Eu... Você estava falando. Pensei que era comigo.

— Ou você estácom medo dos trovões, pirralha. — Minha cabeça apoiada em seu peito sente uma leve risada vindo do homem.

— Ou eu esteja com mais medo dos seus roncos, do que dos trovões.

— Engraçadinha. — Sua mão se apoia em minhas costas, enquanto a outra me cobre com o cobertor. — O barulho não ecoa tanto na sala. — Sua mão para em meu ouvido. — Agora, durma, medrosa.

Minha cabeça faz uma leve pressão seu peitoral, sinto meu rosto queimar.

O que diabos estou fazendo?!

𝐌𝐘 𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐎𝐍𝐄𓂃⊹ Toji Fushiguro.Onde histórias criam vida. Descubra agora