Aqui estou eu, diante da enfermaria, aguardando ansiosamente a permissão da médica para ver meu irmão. O tempo parece se arrastar até que, finalmente, sou autorizada a entrar. Ao cruzar a porta, o que vejo faz meu coração apertar: Ethan, deitado na cama, com a perna grotescamente contorcida. A visão é quase insuportável. Não sei quem, nem por que, fizeram isso a ele, mas o ódio que sinto é quase palpável, fazendo minhas mãos tremerem. E o pior de tudo é a sensação de impotência, a percepção de que, por enquanto, não posso fazer nada para ajudá-lo.
Mas mesmo assim, juro para mim mesma que essa injustiça não ficará impune. Alguém pagará caro por ter machucado Ethan. Caminho rapidamente até seu lado, soltando minha mochila no chão sem me importar onde ela cai. Sento-me ao seu lado e, ao ver sua expressão abatida, sinto uma onda de angústia. Ele deve estar sofrendo muito. É óbvio que está.
— Ethan, quem fez isso com você? — pergunto, segurando sua mão com firmeza. — Garanto que essa pessoa vai pagar, não se preocupe.
Para minha surpresa, ele retira a mão da minha. Afasto-me um pouco, sem entender o motivo dessa reação. Estou tentando ajudá-lo, protegê-lo, mas ele parece não querer minha ajuda.
— Eu estou bem, Sadie — diz ele, tentando forçar um sorriso que não convence ninguém. — Pare de bancar a irmãzona protetora.
— É claro que você não está! — Minha voz sobe, carregada de frustração. A enfermeira se aproxima, tentando apaziguar a situação. — Me diga quem fez isso com você!
A enfermeira coloca as mãos em meus ombros, gentil, mas firme, indicando que eu deveria sair. Mas como posso abandoná-lo assim? Como posso sair sem saber quem o machucou?
— Hudson, por favor — diz ela com um tom de autoridade misturado com compaixão — seu irmão está machucado. Talvez esse não seja o melhor momento para essas perguntas.
— Mas eu preciso saber quem fez isso com ele... — insisto, minha voz agora entrecortada pela emoção.
— É sério, Sadie — interrompe Ethan, com uma expressão de cansaço que quebra meu coração. — Por favor...
Ele olha diretamente nos meus olhos, e naquele instante, sinto que há algo mais ali, algo que ele não está disposto a compartilhar. Ele está me pedindo para confiar nele, para respeitar seu espaço, mesmo que isso vá contra todos os meus instintos de protegê-lo.
Sem outra opção, levanto-me devagar, pegando minha mochila do chão. Saio da sala, mas meu espírito permanece inquieto. Eu não vou desistir de descobrir a verdade. Se Ethan não quer me contar, encontrarei outra maneira. Alguém deve ter visto o que aconteceu. Alguém deve saber quem fez isso com ele.
🔸🔸🔸
A aula inteira passa em um borrão, minha mente presa na imagem dele, machucado e triste. Cada minuto se arrasta, e não consigo me concentrar em nada. A preocupação pesa como uma âncora no fundo do meu estômago. Sinto uma mão suave pousar no meu ombro direito, interrompendo meus pensamentos. Era Manon.
- Você vai querer fazer comigo? - ela pergunta, sua voz sempre tão calma e reconfortante.
- O quê? - Pergunto, ainda distraída.
- O trabalho de história. O que mais seria?
Levanto os olhos para o quadro e vejo as instruções detalhadas do trabalho. Parece que é sobre alguma entrevista histórica, algo que exigirá pesquisa e organização. O trabalho é para ser feito em grupo, com cinco pessoas.
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Código dos Mortais
Misterio / SuspensoQuando a família Hudson decide se mudar para Harborview, uma pequena cidade no interior, em busca de uma vida tranquila e distante do trauma que sofreram pela perda do pai. Eles só não imaginam os horrores que os aguardam. Logo após sua chegada, uma...