A cafeteria parecia mais fria do que de costume, como se o ambiente tivesse captado a tensão entre nós dois. Era o mesmo lugar onde costumávamos nos encontrar, mas dessa vez, tudo estava diferente. As luzes amareladas do teto lançavam sombras distorcidas sobre as mesas de madeira. Eu me sentei perto da janela, observando o movimento lá fora, enquanto o vento agitava as folhas das árvores.Eu estava desconfiada, cada parte do meu corpo em alerta. Meus dedos tamborilavam na xícara de café esfriando, a cabeça a mil. A ideia de Liam estar envolvido nas mortes e ainda ter atacado Ethan me fazia estremecer.
E se ele estivesse ali para me matar também?
Meu estômago se revirava, mas eu mantinha uma expressão firme, ou pelo menos tentava. A escolha do local havia sido minha, bem como Red falou: um lugar movimentado.
Liam demorou a chegar, mas lá estava ele, acabando de entrar pela porta do estabelecimento. Ele olhava para os lado, me procurando, com as mãos nos bolsos em uma compostura defensiva. Ele se aproximou quando me viu.
Quando ele se sentou, pude vê melhor o seu rosto, havia uma marca roxa perto dos seus lábios, exatamente no local onde eu havia dado um soco. Bom que eu havia deixado marcado.
— Então... você...
— Eu faço as perguntas. — Lancei, apoiando os meus braços na mesa e inclinando o corpo para frente. — Por que fez aquilo?
— Olha... Eu gostaria...
— Por que bateu no meu irmão? — Perguntei mais uma vez, de forma mais intensa, fazendo ele se encolher.
— Eu... eu não tive escolha...
— Todos têm uma escolha, seu estúpido.
— Não, eu não tive — Ele falou mais sério. — Me... Me ameaçaram, Sadie. Ameaçaram machucar minha irmã... minha família. Eu não tive escolha.
Isso me pega de suspensa. Minha pose confiante se desmancha. Mas não, eu não posso ter pena dele, ele deve estar mentindo. Se ele de fato for o assassino, vai dizer qualquer desculpa para se proteger, não?
Ele realmente estava mentindo?
A veracidade do seu olhar era difícil de dizer. No entanto, ele também pareceu sincero quando sentiu pena de Ethan. Não vou mais cair nessa.
— Olha, você... desde que eu cheguei, as mortes começaram a acontecer. Com o Cooper... lembro-me de ter lhe visto olhá-lo indiferente para ele. Com àquela mulher na cafeteria...
— Espera, você realmente acha que eu os matei? — Seu olhar ficou mais severo.
Nem quando eu havia dado um murro ele havia ficado com tanta raiva quanto agora, mas eu não deixaria aquilo me abalar.
— Acha que eu sou idiota? — retruquei, cruzando os braços enquanto o encarava. — Você estava em todos os lugares, Liam. Como eu poderia não achar? Com Cooper, você o conhecia, eram amigos. Depois, de repente, ele morre e você nem pareceu se importar. Agora vem aqui com essa história de ser ameaçado?
Ele passou a mão pelos cabelos de maneira frustrada e inclinou-se para frente, o olhar fixo no meu. Dessa vez, ele não parecia estar se contendo.
— Eu nunca mataria ninguém, Sadie. Eu não sei quem te disse isso, mas afirmo que eu pareci indiferente com Cooper porque ele apenas não era mais meu amigo. Ele se afastou — Ele fez uma pausa, a respiração pesada. — Eu ainda não sei quem está por trás disso tudo, mas você tem que entender... eu fui ameaçado. Você faria o mesmo se estivesse no meu lugar, não faria?
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Código dos Mortais
Misteri / ThrillerQuando a família Hudson decide se mudar para Harborview, uma pequena cidade no interior, em busca de uma vida tranquila e distante do trauma que sofreram pela perda do pai. Eles só não imaginam os horrores que os aguardam. Logo após sua chegada, uma...