🔸 Confiança Arriscada 🔸

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  Hoje, decidi acordar mais cedo. O café da manhã? Só uma maçã. Eu estava tão confusa que nem liguei para a refeição, ou para as roupas. Joguei uma blusa branca de mangas longas, uma camisa preta de grafitagem por cima, jeans rasgados e meus Vans de sempre. Antes de sair, me despedi da minha mãe, do vovô e do Ethan. Peguei meu skate e parti para o colégio.

  Ao chegar, quase atropelei um garoto. Entrada triunfal. Pedi desculpas, mas ele apenas me ignorou. A atitude dele me irritou, mas não tinha tempo pra isso. Minha cabeça estava fixada em uma coisa: descobrir quem quebrou as pernas do meu irmão.

  Minha mãe já tinha vindo ao colégio pra questionar a segurança, mas a diretora Void despachou-a com aquela velha desculpa: Não encontramos nada nas gravações. Claro que não. Como um colégio gigante desse não teria câmeras nos corredores? Algo está errado, e eu vou descobrir o que é.

  Avistando Manon no meio do corredor, fui direto até ela.

— Nossa, o que tá fazendo aqui tão cedo, Sadie? — ela perguntou enquanto guardava os livros no armário.

  Sem responder, peguei seu braço e a puxei comigo até o banheiro mais próximo. Havia algo sombrio naquele lugar. A luz era fraca e piscava de vez em quando. As cabines possuíam uma coloração azul, quase cinza, devido a sujeira e o eco dos nossos passos soava alto no silêncio abafado.

  O ventilador no canto emitia um zumbido irritante, e o cheiro de desinfetante misturado ao metal enferrujado das pias tornava o ambiente ainda mais opressivo.

— O que tá acontecendo, Sadie? — Manon perguntou, sua expressão começando a ficar séria.

  Eu respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Aquele lugar me dava arrepios, mas eu precisava contar a verdade.

— Vou descobrir o que aconteceu com o Ethan — falei, finalmente, minha voz firme. — E você vai me ajudar.

  Manon arregalou os olhos, surpresa, mas não protestou. Eu sabia que podia contar com ela, mas o que não sabia é que, a partir desse momento, as coisas iam sair totalmente do controle.

— Ei! O que estamos fazendo aqui? — Manon perguntou, impaciente.

  Olhei rapidamente para debaixo das cabines para garantir que estávamos sozinhas. Nenhum sinal de vida.

— Preciso da sua ajuda — sussurrei, aproximando-me dela. — Quero descobrir quem machucou meu irmão, e para isso, preciso ver as gravações de segurança.

  Manon arregalou os olhos, visivelmente alarmada.

— Você tá louca? Se nos pegarem, estamos muito ferradas!

— Por isso eu preciso que distraia os seguranças enquanto eu entro na sala e olho as câmeras.

— Nem pensar! Quem vigia aquela sala é a diretora Void. Ela não desgruda dos olhos das filmagens, e ainda por cima, tem acesso a tudo! Se ela ver a gente mexendo em algo, estamos fu...

— Não se eu apagar os arquivos — insisti, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.

  Manon recuou, mas eu não podia desistir. Precisava da ajuda dela. Peguei suas mãos, ajoelhando-me no chão frio do banheiro.

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