Rainha Egliette
— A Rainha espera por você! - disse um gatinho soldadinho real.
Haviam oito lindos e pequenos gatinhos com lanças em suas mãos dois dois lados do corredor.
— Obrigada...
— O que está te incomodando mocinha?
— Eu não sei porque eles fazem coisas tão horríveis...
— Entendo... Escute senhorita, nossas existências não importam o quão fracas sejam, vão servir a algum propósito e acabaram por afetar a sua.
— Oh...
— Você pode ficar com isso, acho que vai te animar um pouco. - Disse o gatinho, me entregando uma Bengala Doce.
— Obrigada senhor, você é muito gentil!
— Infelizmente não posso lhe acompanhar em sua jornada, mas tenho certeza que isso vai lhe ajudar em momentos de estresse. Agora siga ao fim do corredor! A cerimônia da Rainha Egliette está prestes a começar! Que excitante!
Corri até o fim do corredor, e abri os portões para o salão de cerimônias da Rainha. Ao lado da porta haviam duas abóboras cochichando alto uma com a outra:
— Essa garota é tão sortuda! Gostaria de ser um convidado de honra.
— Convidado de honra? Devo me preocupar?
Eu não fazia ideia que estava convidada, ainda mais com as honras da Rainha Egliette... Mesmo assim entrei no salão.
— Finalmente! A rainha está te esperando. - disse uma das abóboras do salão
— Muitas abóboras! Novamente...
No enorme salão de cerimônias, haviam oito guardas, muitas poltronas, mesas com enormes bolos decorados com creme, lindos tapetes vermelhos, colunas enormes com detalhes banhados à ouro e muitas estátuas. Sem contar com o enorme tapete que levava até os degraus do trono real da Rainha.
Segui todo o tapete, até chegar ao principal, A Rainha, que estava sentada em seu trono, ao lado de dois guardas armados. Que me recepcionou dizendo:
— Impressionante! Sabia que conseguiria chegar até mim!
— O que você quer dizer com isso?
— Silêncio! Eu tenho alguns assuntos a serem discutidos com você, querida. Primeiramente, estou anunciando seu falecimento, visto que você não vai avançar a lugar nenhum depois desse quarto!
— Por favor, espere! Você não pode simplesmente...
— Silêncio! Outra coisa, querida... Já que você logo irá desaparecer para sempre, devo lhe dar meu respeito! Já tive o suficiente dessas suas atitudes medíocres e não pretendo tolerar mais nenhuma delas. Mesmo que seja um jogo tolo, eu já fiz minha jogada! Agora é a hora de você fazer a sua!
Após dizer todas aquelas barbaridades, ela se levantou de seu trono, e foi para trás dele se escondendo de alguma forma.
— Por favor, espere! Preciso que me explique o que está acontecendo!
— Guardas!
— Não, espere!
— Está em suas mãos, garota! É sua vez de reivindicar o que é seu!
Ao terminar de falar, todos os guardas começaram a marchar em minha direção. Meu coração batia como o de um rato tentando sobreviver. Meus passos para trás eram mais lentos que suas pisadas fortes no chão, então me virei e comecei a correr em direção à porta. Todos os outros guardas foram atrás de mim, eu desviava de suas tentativas de me cercar, mas isso não era o suficiente.
— Por favor, não! Parem!
Rodeei a mesa de bolos, fazendo uma espécie de jogo de pegar com eles. Mas um deles chutou a mesa fazendo com que ela virasse ao chão, e o bolo, caísse sobre mim, fazendo com que toda a cobertura de creme fosse para a minha boca.
— O que está acontecendo com ela?
Assim que comi, meu tamanho foi aumentando cada vez mais, agora eu estava do meu tamanho normal, o mesmo que era antes de entrar no palácio da rainha. Sem pensar duas vezes, chutei e pisei em todos os guardas, deixando um por um mortos e inconscientes.
— A Rainha! Volte aqui, ainda preciso de explicações!
Corri para a parte de trás do trono, mas ela havia fugido por um enorme portão que estava atrás de seu trono. Abri os portões e me deparei com uma sala intensamente escura.
— Meu Deus... O que foi isso?
— Shiu! Você não deve perturbar os mortos!
— Os mortos?
Um sino toca na direção frente, dou dois passos para frente, e vejo a pior imagem da minha vida.
A sala estava em silêncio ensurdecedor, uma luz vindo do teto iluminada apenas uma coisa... A Rainha perfurada por tesouras, pendurada no alto de uma parede, atrás de uma cruz feita com seu próprio sangue. Sua cabeça estava baixa, suas roupas rasgadas, seu sangue pingava ao chão e um cartaz ao seu lado dizia:Lembre-se Lembre-se
o quão tenras
Eram as mentiras doces da Rainha
vindas de um traidor de mentirinhas.— O que isso significa? Eu não posso ficar aqui... Eles iram me achar!
Olhando para trás, vendo a Rainha morta, entrei na sala ao lado, que ao contrário desta. Era completamente feita de cerâmicas rosas, e haviam flores no chão, envolta de um baú fechado no meio da sala. Pude perceber que o toque de sino que havia ouvido na sala da Rainha, vinha de dentro deste baú.
— Está vindo do baú...
Atrás do baú havia um portão bloqueado por barras de ferro, como uma prisão, e por elas passavam uma grande luz que iluminava toda a sala.
Imprevisivelmente o baú começou a balançar muito, como se algo quisesse sair de lá. Me afastei do baú com medo do que poderia sair de lá, e então ele se abriu...
— Oh...
— Certo, quem foi o coelhinho engraçado que me trancou dentro desse baú?
— Você é aquela garota da história...
— Quem é você?
— Eu sou...
— Eu nunca vi você por aqui... Como chegou aqui?
— Eu só...
— Por acaso vocês viu quem me trancou aqui?
— Ah, não... Quando cheguei o baú já estava trancado.
— Tudo bem! Eu sou uma ótima detetive então logo pegarei o culpado!
— Oh... Incrível!
— Então? O que está fazendo aqui, mocinha?
— Sobre isso... a Rainha Egliette me convidou!
— Tudo bem então. Falando nela, viu ela por aí?
— Eu... Er.
— Ela deve estar em seu trono! Vamos procurá-la juntas!
— Tudo bem...
— Por sinal, qual é o seu nome? O meu é Fleta, Princesa Liliputiana.
— Eu não lembro o meu nome...
— Sério? Que estranho!
— Né?
— Vamos deixar de papo e vamos procurar Egliette!
— Certo.
Fleta tomou a frente e seguiu para a sala aonde se encontrava a Rainha morta...
— Ela deve estar por aqui me espe- ...
— Fleta?
Ela agora se deparava com a pior cena de sua vida, sua melhor amiga morta em sua frente. Como uma criança como Fleta conseguiria entender isso da melhor forma? Fleta se ajoelhou, e chorando, dizia:
— Egliette! O que fizeram com você?
— Fleta...
— Precisamos salva-la!
— Mas como?
— Tive uma ideia! Me segura!
— Fleta, mas isso dói...
— Cala a boca e anda logo!
Fleta subiu em meus ombros e agarrou a sua boneca Egliette, tirando todas as tesouras que a perfurava.
— Oh, Egliette...
— Ela... está bem?
— Sim, mas está toda cortada...
— Não se preocupe, eu sei consertar!
— Cuidado, tudo bem? Toma...
— Farei o meu melhor!
Com a linha e agulha que havia ganhado, costurei Egliette por inteiro, fazendo ela voltar a ser uma pelúcia com vida novamente.
— Prontinho!
Egliette pulou no colo de Fleta como uma criança manhosa e se aconchegou.
— Oh Eguiette! Ainda bem que você está melhor!
— ...
— O que é isso?
— ...
— Você viu quem fez isso com você?
— ...
— Tudo bem... Agora estamos juntas e é isso que importa! Muito obrigada por ter salvado Egliette!
— Ah.. não foi nada!
— Que isso! Eu e Egliette queremos te convidar para brincar na nossa casa de boneca. O que acha?
— Sério? Eu posso ir?
— Vamos!
— Você vai amar nossa casa de boneca!
— Eu acho que vou, Fleta!
— Vamos!
Voltamos para a sala do baú, aonde estava Fleta. Ao chegarmos lá, a única saída era um portal bloqueado por barras de ferro, aonde passava a entrada de luz na sala.
— Como vamos passar por aí, Fleta?
— Fácil! Irei fazer um truque de mágica!
— Você sabe fazer truques de mágica?
— Veja!
Fleta pegou em duas barras, mas antes de eu conseguir ver oque ela iria fazer, a luz adentrou na sala e clareou minha vista, fazendo com que eu ficasse de olhos fechados diante da "mágica" de Fleta.
— Prontinho! Venha.
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O Espelho de Bolso
FantasyUma jornada por um reino misterioso onde nada é o que parece e tudo está conectado. Como uma jovem com um passado nebuloso, você acorda em uma mansão estranha e sinistra com nada além de seu espelho de bolso na mão. Uma adaptação do RPG Maker (Pocke...