12 - O MUNDO DE ENJEL

1 1 0
                                    

O Mundo de Enjel

     — Oh Enjel... Não consigo acreditar que estamos finalmente juntas! - Disse Enjel, após quebrar o espelho, e me puxar para dentro dele, me mostrando o seu "mundo por dentro do espelho".
Eu olhei para todo aquele lugar, me deparei com a situação... e achei tudo muito estranho.
— O que foi? Você não parece muito bem.
— Eu... Eu estou muito feliz em te ver! É apenas isso. - Disse eu, com um sorriso falso no rosto, na tentativa de amenizar toda a situação.
— Vai ficar tudo bem agora! Você está segura comigo. Sempre estarei com você, e agora em diante, nada vai nos separar, eu prometo!
— Obrigada, Enjel.
— Bem, vamos?
Enjel pegou em minha mão e foi me guiando, em frente, em um enorme tapete vermelho. Nós estávamos em um local muito estranho, agora, dentro do espelho. Era como um pedaço de terra flutuando no "nada". Como se um lugar fosse telê transportado para o "nada". Nele, haviam diversos objetos flutuando, como enfeites brilhantes, espelhos, cortinas enormes, e lamparinas. Parecia tudo um grande e belo teatro flutuante. Era encantador.
— Enjel, me siga! Agora que estamos juntas, posso finalmente te apresentar o meu "mundo"!
— Claro, Enjel, eu adoraria conhece-lo!
— Venha por aqui! - Disse Enjel, me levando para um corredor, a direita daquele local. Neste corredor, não haviam paredes, era apenas o chão, e o "nada" ao seu redor. Porém, neste corredor, haviam muitos espelhos flutuando, como se estivessem pregados a uma parede.
— Eu usei estes espelhos para poder me conectar com você!
— Sério? - Perguntei assustada, vendo a enorme quantidade de espelhos.
— Sim... fiquei muito assustada por você... Fiquei preocupada se você estava bem... se nos veríamos novamente...
— Me desculpe, nunca foi minha intenção te deixar assim...
— Não, tudo bem... Só estou feliz que no final, você conseguiu!
— Se não fosse por você...
— Obrigada...
— ...
— Bem, vamos! Me de sua mão, não podemos perder muito tempo!
— Ah, Claro! - Afirmei, segurando sua mão, e a seguindo.
E então, Enjel me levou a um corredor, cujo o tapete terminava.
— Ora, Enjel, não há mais um caminho por aqui.
— Veja...
Assim que Enjel disse isto, um enorme e lindo "fantoche" de teatro de lua crescente desceu do céu, e parou bem na frente de Enjel, e intrigada, ela disse;
— O que é isso? Isso não estava aqui antes...
— Não estava?
     — Não, mas está tudo bem, talvez seja melhor arrumarmos outra forma de passar para o outro lado. - Disse Enjel, triste e desconfiada.
— Vai ficar tudo bem, Enjel! Estamos juntas, certo? - Respondi Enjel, com um sorriso no rosto.
— Você continua positiva!
— Fico mais tranquila com você do meu lado! Veja... Nem tudo precisa ser levado ao lado negativo, venha!
Agarrei nas mãos de Enjel, me agarrei naquela enorme lua, subi em cima dela, e puxei Enjel para cima também. Sentados uma do lado da outra, e assim, a lua começou a se mexer, em direção do outro lado do abismo. Era tudo muito alto, e o vento batia em nosso cabelo, conforme a lua se movia, cada vez mais rápido.
— Estamos muito alto, parece um carrossel! - Exclamei.
— Carrossel? - Perguntou, Enjel.
— Sim! Aqueles brinquedos com cavalos.
— Ah, sim, claro! É óbvio, Haha!
— Há tantas estrelas aqui! Eu acho elas tão lindas!
— Sim!
— Acho que Fleta adoraria ver elas...
— Fleta?
— Sim! Ela gosta de coisas brilhantes!
— Entendo... - Respondeu, Enjel, meio desanimada.
— ... Veja! Nós chegamos do outro lado da ilha flutuante!
Assim que a Lua parou, descemos as duas com um pulo, novamente para o tapete vermelho. Enjel seguiu reto, e eu continuei seguindo ela. Até chegarmos mais a frente, e vermos abóboras no chão.
— Veja, Enjel! Aqui também tem abóboras!
— Qual o problema? Elas nem falam.
— Claro que falam! No castelo de Egliette e na casa de bonecas de Fleta haviam muitas dessas.
— Nós falamos sim, Enjel, você que nunca quis falar com a gente, hihi! - Disse uma das abóboras.
— Veja, Enjel! Eu disse.
— Vocês gostariam de ouvir uma piada? - Perguntou a Abóbora.
— Claro! Você também né, Enjel? - Perguntei entusiasmada.
— Hum, pode ser... - Respondeu Enjel, extremamente desanimada.
— Certo, vou contar! O que é o que é? É um instrumento musical, e está dentro do corpo humano.
— Puxa... Essa eu não sei senhor abóbora. - Respondi ele.
— É o Órgão! Hahahaha. - Respondeu ele.
— Hahaha.
— Qual é a graça? - Perguntou, Enjel.
— Entendeu, Enjel? Um órgão! Hahaha.
— Não, não entendi não... - Respondeu ela, totalmente entediada.
— Hihihihi. Se você não tem senso de humor eu não posso fazer nada! - Respondeu uma das Abóboras.
— Vamos embora daqui? Haha. - Perguntou, Enjel, envergonhada.
— Ah, sim... Vamos, Enjel.
Enjel, simplesmente deu as costas para todos e seguiu em frente. Eu a acompanhei.
— Para onde vamos agora, Enjel?
Ao invés de me responder, Enjel parou no meio do caminho e começou a olhar para tudo, desconfiada, e disse;
— Que estranho...
— O que houve?
— Este tapete vermelho não estava aqui antes...
— Como não?
— Costumava haver uma sala ali a frente... Melhor voltarmos... talvez eu tenha errado o caminho. Vamos! - Disse Enjel, já se virando e voltando o caminho.
— Não... - Disse eu, permanecendo aonde estava.
Enjel parou, e olhou para trás, estranhando eu não ter a obedecido.
— Enjel, nós já chegamos até aqui, certo? Vamos apenas seguir este caminho... Tenho certeza que vamos encontrar o caminho certo!
— Do que está falando? Eu já disse que não me lembro deste caminho! Deve ser perigoso...
— Bem... você tem razão... Mas...
— Mas? Veja, eu estou mas acostumada com esse lugar do que você, haha. Talvez faça mais sentido eu ser a guia.
— Até faz, mas acho que voltar não fará diferença... Só isso.
— Tá! Você guia primeiro, e se não der certo, nós voltamos!
— Certo!
— Vamos, então!
Tomei a frente, e começamos a seguir o caminho. Infelizmente, acabei causando um péssimo clima entre nós duas... e para tentar amenizar a situação, decidi puxar assunto, para não termos que andar todo o caminho sem nos falarmos. Mas assim que eu iria começar a falar, um som bem alto ecoou por todo o local, e uma imagem enorme apareceu ao nosso lado. Era uma imagem de Enjel comigo, e nesta imagem, nós estávamos de mãos dadas, sorrindo. Em nossas mãos esquerdas haviam rosas, brancas e vermelhas, e em nossas mãos direitas, que estavam entrelaçadas, havia uma grande luz brilhando.
— O que é isso? — Pergunta Enjel.
— Isso estava aqui antes?
— Não... Não estava...
— Bem, veja, pode significar algo bom! Como... como se nós já estivéssemos chegando a nosso objetivo! Né? — Perguntei animada para Enjel.
— Espero que sim... — Respondeu ela com um sorriso falso em seu rosto.
— Como assim?
Assim que isso aconteceu, tudo começou a se tremer, como um terremoto, e barulhos de destroços começaram a ecoar, como se tudo estivesse se que quebrando. Eu e Enjel entramos em desespero, tentando nos segurar em pé, com todo aquele terremoto.
— O que está acontecendo, Enjel?!
— Eu não sei! Talvez seja melhor voltarmos!
— Vamos! — Respondi ela, segurando em sua mão e correndo de volta.
Assim que saímos de frente a imagem, o chão se rachou, e caiu no enorme abismo, nos deixando ilhadas do lado em que viemos. Enjel foi até a beira do abismo, olhar, e eu fui atrás dela. Ao chegarmos lá, nos deparamos com algo, debaixo da "ponte" que caiu no abismo. Era como um pequeno pedaço de chão, largo, com duas torres e embaixo, no chão, três portas, cada uma de uma cor.
— O que está acontecendo... — Disse, Enjel.
— Isso não estava aqui antes, né?
— ...
— Enjel?
— Não... não estava.
— Ah... Mas calma, vamos achar um caminho! Vai ficar tudo bem!
— Não... Você não entende... Isso é mais um dos jogos de...
— Está falando do...
— Vamos! Você lidera o caminho!
— Por onde?
— Olhe para trás.
Assim que olhei, havia uma porta, azul, que não estava lá antes... olhei para a porta, olhei para Enjel, e disse;
— Segure minha mão! Não quero que fique para trás, haha!
— ...
Assim que passamos pela porta, saímos lá em baixo, em uma das torres, que davam acesso as três portas coloridas.
— Por qual porta devemos entrar?
— Vamos, devemos nos apressar! — Disse Enjel, entrando na primeira porta, a vermelha.
Assim que Enjel entrou pela vermelha, ela saiu na porta do lado, verde, e assim que entrou na seguinte, azul, saiu na vermelha. Era como um looping. Se você entrasse em uma, saia na outra, fazendo assim, não ter saída.
— E agora, Enjel?
— Calma... isso é um truque, devemos saber a ordem certa das portas...
— Como?
— Vamos na azul, depois da verde, e por fim, na vermelha...
E assim fizemos, saindo assim, do outro lado da ponte.
— Viu? não era tão difícil assim... — Disse Enjel.
Do outro lado da ponte, havia uma plataforma, que ia e voltava, para o outro lado. Nós esperamos ela chegar até nós, subimos nela, e ela seguiu o seu caminho e começou a ir para o outro lado. No caminho, de um lado para outro, Enjel, nem ao menos olhou para mim, e se acomodou no silêncio.
— Enjel? — Disse eu.
— Desculpa... — Disse Enjel, de cabeça baixa, e de costas para mim.
— Como?
— Eu não queria esconder nada de você...
— Tudo bem, mas... Pode me dizer oque aconteceu?
— Enjel, você tem razão... É justo que eu te conte... Ele está tentando nos separar! — Disse ela com um olhar de choro.
— O garoto estranho? Do teatro?
— Vejo que já o encontrou...
— Você conhece ele?
— Me encontrei com ele algumas vezes, mas... tudo que ele fazia era me mostrar seu reflexo no espelho e dizer que meu tempo estava acabando... Eu tenho medo dele... E se ele nos separar? — Disse Enjel, começando a chorar.
— Ele não vai! Chegamos até aqui juntas, certo? Ele não conseguirá separar isso!
— Obrigada... de verdade! Me desculpe ter escondido isso...
— Tudo bem, Enjel! Vou tirar nós duas daqui juntas, eu prometo!
— Me desculpa te dar tanto trabalho...
— Você não me da trabalho! Pelo contrário... Me sinto muito corajosa com você.
— Enjel... Eu também...
— Gosto quando me chama de Enjel, também, haha.
— Veja, chegamos no outro lado! Vamos descer.

O Espelho de BolsoOnde histórias criam vida. Descubra agora