CAPÍTULO 6

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Madelaine

Um som alto,

Fino,

Bem, alto,

E completamente irritante.

Invade meus ouvidos, estimulando meus olhos e cérebro acordarem.

Vagueio meus dedos pela cama em busca do causador do inconveniente barulho, mas não o acho, com um pouco mais de consciência o encontro e atendo imediatamente na tentativa de parar o infernal som.

Nunca fui boa com coisas que me acordam, isso me deixa extremamente agressiva.

- Pelo AMOR de Deus, o que foi?! - só percebo o quão grossa fui após receber a resposta.

- Nossa gatinha, te acordei? - a voz do Bruno bagunça meus sentidos. - Se arruma, vamos sair daqui a 2 horas.

Que droga de sonho é esse?

- A propósito, você não tem permissão para negar. Eu estou te devendo uma e minha mãe me educou para pagar minhas dívidas.

- Você fala muito sempre ou são efeitos do sonho? - disparo tapas no rosto, para me autenticar da realidade.

- Madelaine você bebeu ontem? - infelizmente continuo ouvindo sua voz e mesmo intensificando os tapas, não consigo acordar.

Não é um sonho.

- Bruno é domingo e são... - tateio a tela do celular para checar as horas. - 7 horas da manhã! Você não trabalha?

- Meu trabalho é livre, não me prendo com horários, dessa forma aproveito melhor da vida. Enfim, você vai poder saber muito mais de mim, em 2 horas, no Prior Park. - o bip indica que a ligação foi encerrada ou seja, sem tempo para refuta-lo.

Caminho em direção ao banheiro, no espelho, vejo o reflexo de um cabelo bagunçado, rimel borrado e batom manchado. Preciso começar tirar a maquiagem antes de dormir, ouvi dizer que faz mal para a pele.

Eu vou em um encontro, tipo de amigos ou futuros namorados?

Que roupa eu devo usar?

Devo realmente me preocupar com que roupa devo usar se vamos só sair como amigos?

Eu estou criando tanto caso, as coisas nem sempre precisam ser tão complicadas, só se vista.

...

Alguns passos adiante me deparo com a fachada do parque, sem sinal de Bruno começo ficar irritada.

Ele me acordou e me fez dirigir durante 1 hora para um lugar que nem mesmo conheço para me dar outro bolo.

Eu devo ser muito besta mesmo.

Não está um sol de rachar, mas os raios de luz que se formam evidenciam que talvez eu tenha exagerado nas roupas de frio.

Árvores perfertamente podadas entram em minha visão, junto com folhas e flores da estação. O lugar é movimentado, mas não barulhento, se fechar os olhos é possível ouvir o chilrear dos pássaros. O cheiro da grama recém molhada entra em minhas narinas e como um perfume adocicado inspiro mais fundo para aproveitar o máximo do aroma.

*Click* - Um flash rápido e muito desconfortável atinge meu olhos, os abrindo de imediato. - Foi mal, só estou guardando alguns momentos. - ouço Bruno falar alguns centímetros do meu rosto, o cordão da câmera que estava em suas mãos rodea seu pescoço. Os cabelos ondulados caem perfeitamente para os lados cobrindo certa parte de sua testa. Sua camisa clara tem botões abertos o suficiente para que se veja a pele naturalmente bronzeada, e os olhos castanhos sorriem sozinhos como das outras vezes que o vi.

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