CAPÍTULO 10

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Madelaine

- Você ficou maluco? - tento manter a voz baixa. Ele Finge não entender. - o colar de 5 milhões. - o inteiro do assunto que sei que sabe muito bem.

- O colar é bonito, você gostou, nós damos o lance. - olho incrédula. - De acordo com o leiloeiro somos um casal. -relembra.

- Você comprou o colar Tomas, que a princípio seria um lance para representar a empresa em que trabalha. - Meu tom sobe um pouco, isso atrai olhares invasivos. Respiro fundo para que as próximas palavras saíam com volume reduzido. - Seu chefe deve gostar tanto de você, seu salário deve ser milionário, capaz de custear um colar de 5 milhões. - me inquieto com o comportamento vil de Tomas, ele não se deixa abalar por nada que digo, não parece surpreso ou culpado.

E se parece, não transparece.

- Sou um bom funcionário. - a entoação brincalhona flui de suas palavras, deixando-me mais raivosa.

Impassível ele bebe a água em sua taça, pouco interessado em discutir comigo.

- Já que você não quer conversar como um adulto, e eu, não quero conversar com uma criança, não há motivos para que eu fique. - Agarro minha bolsa na cadeira, acelerando meus passos em busca de uma saída deste lugar.

Eu não estou surtando atoa, de jeito nenhum!

Quem em Sã consciência compra um colar de 5 milhões para uma pessoa que você conheceu a o quê? UM mês?

E pelo visto os investimentos altos em decoração luxuosa não custearam a sinalização das coisas neste lugar, há pouquíssimas placas e quase nenhum funcionário para orientar os convidados.

E "derrepente", estou perdida.

Calafrios perturbam minha pele, um alerta sobrevém na minha cabeça; esqueci meu casaco no carro de Tom.

Coloco o meu cérebro em ação, o fato desta sala ser tão fria, deve indicar uma proximidade maior com o lado exterior.

Seguindo meu palpite, evito virar e ando reto por onde sinto ser mais frio, mas infelizmente, não encontro saídas.

Que ótimo!

O vibrar do celular, que está há minutos tocando na minha bolsa, me alerta.

Eu posso atender, pedir ajuda para Tomas e voltar para a minha casa, onde tem cobertas, chocolate quente e um confortável sofá. Ou eu posso continuar procurando uma saída através de um palpite completamente infundado, correndo risco de me perder mais, contudo, meu orgulho não será ferido no processo.

O orgulho é uma barreira, não consigo ceder. Fora que não estou com o melhor humor do mundo para lidar com Tomas no momento.

- Nós precisamos conversar. - estremeço.

Deus, o Senhor faz de propósito não é?

- Eu acho melhor não, você já disse o suficiente. - ameaço passar por uma porta.

- Só. Me ouça. - o pedido soa impaciente.

Penso um minuto. Penso em negar, dar voz a emoção de minha raiva, entretanto, meu lado irracional não esta tão presente, consequência do frio, então respiro fundo e concordo.

- Eu fui exagerado, assumo. E tenho certeza que você deve achar que sou um babaca prepotente com indícios abusivos por pensar que a quantidade de dinheiro em meu bolso, me faz diferente de qualquer outro cara que saiu, dando-me a tola garantia de não precisar me esforçar pois esse privilégio fará o trabalho por mim. Mas não, eu não sou assim. - A fala acelerada demonstra um sentimento, desespero.

É pequeno, suave, mas está ali.

Suas pernas também cedem a esse nervosismo, pois logo é inevitável evitar sua presença devido à nossa proximidade.

- Não costumo ser impulsivo assim, mas te ver admirando o colar, a forma como o desejou. Eu só... - Os sons emitidos por sua boca diminuem a frequência. Ele volta assumir o controle de suas emoções e com uma calma inexplicável prossegue. - Eu só desejei que você fosse a mulher sortuda que terminaria a noite com aquele colar. E depois, - os seus dedos tocam a região da minha clavícula, deslizando em uma linha reta.

Tudo ferve diante seu toque, o frio que me incomodava se foi, agora, só resta calor e antecipação por suas palavras.

- Que eu fosse o cara que o colocaria. - Tom desliza o dedo um pouco mais acima, como se estivesse passeando sobre o colar imaginário. Fecho os olhos devido o sentimento de seu toque.

Não sinto o seu calor mais em minha frente, pois agora ele se reposiciona, nas minhas costas. Delicadamente toca meu cabelo, passando para frente, minhas costas ficam vulneraveis ao seu toque. - E com cuidado eu beijaria suas costas, - Retraio com o calor de seus labios, mas não o impeço de prosseguir. - sua nuca, - assim ele faz, acariciando em especial uma pequena tatuagem que tenho no local. - e o seu pescoço. - Meu fragil controle rompe com o deslizar dos seus lábios nesta região.

Tudo parece parar, o estresse, a relutância que obriguei meu corpo ativar para não ceder a este homem.

Minha respiração, que está no ápice da velocidade aumenta com a volta de sua mão na área nua do meu peitoral.

- Você está tão quente, tão rápida... - a voz embargada de desejo ativa os pelos da minha nuca.

Incerta viro-me, meus dedos trilhando um caminho da altura de sua bochecha a nuca. Nossas testas se tocam, o canto da batida de nossos corações tornando-se uníssono.

Selo nossos lábios sem pressa, entregando o controle do beijo a Tom.

É um beijo ávido e necessitado.

Contraio os músculos superiores com o encontrar da parede gelada e a parte exposta, mas não paramos ou nos afastamos.

Ele não se afasta.

Com medo talvez, medo de se afastar e isto entre nós acabar por conta do que viria a seguir.

A conversa que tentamos evitar.

Com uma certa obrigação paro o beijo.

- Você não está sendo sincero comigo, por quê? - ele não entende de primeira, parece nauseado pelo beijo, mas aos poucos a ficha cai e sua expressão séria volta. - Tem alguma coisa entre nós, é legal e viciante. Eu sinto que sou capaz de gostar de você em um futuro, - a expressão séria enfraquece. - Mas, eu não quero me machucar depois de estar apaixonada, então se você quer ter algo comigo, precisa ser sincero, não me esconda nada e por favor não me compre colares mais caros do que todos meus patrimônios juntos! - ele para, analisa o que eu peço e concorda com a cabeça.

- É justo, - solta uma respiração anasalada. - Muito justo. - aguardo palavras mais reveladoras do que "justo". - Vamos para outro lugar pelo menos. - puxa a minha mão mas não me movo. - Eu vou te contar, só é melhor que ouça a minha história chata com um pouco mais de comida no estômago e álcool no sangue. - Adiciona humor na fala.

Estamos em um momento de tudo ou nada.

De extrema sinceridade. A chance de dizer "sim" é uma, pois sinto que se continuarmos assim não demorará para mais do que arrepios ou temperaturas elevadas se expressem no meu coração por Tomas.

- Tudo bem. - Noto a linha de preocupação em seu rosto se tornar menos marcante com minha resposta.

Alívio.

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