Um ator para chamar de meu

3 - Você é meu girassol

Taehyung

Infelizmente, não importa como e onde você esteja, se for homem e sul-coreano, até os vinte e oito anos, vai ter que se alistar no exército e cumprir a missão. Estava feliz com meu personagem ganhando mais visibilidade e ainda mais feliz por estar ao lado da Amy. Sete meses se passaram e um mês desde a minha conversa com o Hae. Já sabia o que me esperava com a decisão que eu havia tomado, mas não poderia ficar um ano e meio fora remoendo essa dúvida em meu peito.
Minha proximidade com a Amy tinha aumentado e eu sentia que ela tinha por mim um sentimento de amizade muito forte e por mais que eu quisesse que fosse algo a mais, sabia no fundo que era só um amigo. Estar com os dois sempre fazia com que meu coração quebrasse em mil pedaços.

Por mais que eu quisesse que a resposta dela ao meu sentimento fosse sim, lembro-me de como o Hae já sofreu por conta de Aera. Ele era louco por ela, minha intuição sempre me disse que essa mulher ia aprontar. Ela morou conosco nos Estados Unidos, e pouco antes dele se alistar, tivemos que voltar para a Coreia do Sul. Como o meu motivo de estar lá era o Hae, voltei para a casa da minha irmã. Acompanhei toda a história, a despedida de Aera e Hae, a dor no coração dele e como meu irmão sofreu. Depois daquele dia, eu não vi mais a Aera. Afinal, eu nunca fui amigo dela. Até que minha irmã recebeu o convite de casamento dela seis meses depois de ele ter partido; seis meses depois, descobri que ela estava grávida. Hae-Jin se deparou com a mulher da vida dele casada e grávida assim que voltou. Ele não deu tempo para ninguém falar com ele, saiu de lá e foi direto na casa da mãe dela, e coincidentemente, ela estava lá.

Encosto no muro e observo a rua e a enorme CN Tower, toda iluminada. Todo rio que vejo me lembra o Rio Han e de como tenho saudades da Coreia do Sul. Mesmo que eu não more lá, sempre sinto falta, gosto do clima, das pessoas e de como me sinto no meu lugar. Agora terei que voltar mas não estarei livres nas ruas de Seul.

Viro o girassol nas mãos e fico encarando a flor vistosa que vou entregar para a minha Amy. Avisto ela andando em minha direção na calçada e sorrio quando me vê - escolhi esse parque em frente a CN Tower, por mais que esteja lotado de turistas, esse espaço com um banquinho que fica bem de frente para a CN Tower que ilumina tudo deixa mais especial.

-Estou atrasada- ela sorri e me abraça. - Desculpa- faz biquinho- a Samantha inventou moda de novo de repassar as falar- reviro os olhos, ela sabe que eu não gosto dessa menina.

-Eu estou te esperando tem três horas- minto e ela me encara, dou uma risada- faz dez minutos que cheguei.

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-Hae, eu vou me declarar para a Amy - ele enrijece e me encara. - Vou levar um fora, mas não vou ficar um ano e meio na dúvida.

-E se não levar um fora- ele mal fala.

-Porque diz isso?- meu coração chega a ter um fio de esperança.

-E se ela disser que quer ficar com você? Como vai ser esse um ano e meio?

-Doloroso e feliz - falo o encarando. - Hyung, ela não gosta de mim, você é o amor dela, mas eu preciso deixar claro e contar que vou me alistar. Ela precisa saber antes de eu ir.

-Obrigado pela sinceridade Tae.- assinto e o abraço forte.

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-Trouxe um presente - entrego o girassol, e ela pega encantada. - Acho que é a melhor representação para o que eu preciso te dizer. - Amy me olha intrigada. - Na Coreia do Sul, presentear com um girassol é como se disséssemos que a pessoa é nosso sol. - Ela permanece calada me encarando. - Como se fosse única - sorrio. - Então te trouxe para dizer que você é meu sol. Logo, sol é uma estrela, e você é a estrela mais brilhante de todo o universo, a mulher mais radiante e cheia de atitude que já conheci. - Começo a chorar.

-Tae- ela se aproxima e eu levanto a mão para continuar.

-Eu sou sentimental - enxugo as lágrimas. - Amy, você se tornou a pessoa que eu mais confio e mais quero fazer bem nessa vida, sabia? Bagunceira - ela ri - bebum, maluca e que ronca mais alto que um trator. - Permanece calada, como se estivesse entendendo, ela enxuga uma lágrima que escorre do rosto. - Eu te amo, Amy. - pauso para engolir um nó na minha garganta e olho para cima, nunca imaginei que seria tão difícil, mesmo tendo a plena certeza que levaria um fora, não estava preparado para nada agora, respiro e olho nos seus olhos. - Me apaixonei por você de uma maneira que eu não consigo conter - Amy abaixa a cabeça e encara os pés, seu choro fica um pouco mais alto e eu não esperava essa reação, suas mãos estão firmes segurando o girassol que eu entreguei segundos atrás. - Eu sei que não sou eu - puxo seu queixo com o indicador. - Eu sei que é o Hae - ela assente com lágrimas escorrendo em seu rosto - Ei, ei - me abraça forte e solta um soluço alto.

-Me desculpa, por favor, me desculpa.

-Calma, meu bem, ei, ei - afago seus cabelos. - Está tudo bem - eu precisava falar porque...

-Não se afasta de mim, eu te imploro, não quero te perder. Eu prometo não ficar com ele perto de você, eu...

-Eu vou ter que me afastar - ela me encara. - Queria falar com você de tudo isso porque eu vou ter que me alistar no exército.

No Way  ( música)

-O que? - ela quase grita. - Não, por favor - chora mais. - Por causa disso? - meu choro ainda está presente e eu nego deixando ele sair. Por mais que eu ouvia muito meu pai dizer que chorar não era para homem, minha irmã sempre me disse que eu poderia expressar meus sentimentos sem medo sempre que quisesse.

-Completo vinte e oito mês que vem, tenho que ir - ela chora. - É obrigatório, meu bem - ajeito seu cabelo atrás da orelha.

-Como vou fazer sem você? - ela soluça. - Eu não quero que você vá, Tae - aperto ela em meus braços em um forte abraço e ela faz o mesmo. - Não, não. Desculpa, por favor, me desculpa.

-Shhh, está tudo bem. - beijo o topo da sua testa, minha cabeça roda em mil pensamentos e eu olho pra cima me condenando no que vou pedir, posso levar um não ou ser morto pelo Hae, mas eu preciso.- Posso te pedir uma coisa? - ela assente. - Você e o Hae estão namorando? - ela nega. - Posso te dar um beijo? Técnico mesmo - sorrio sem graça. - Só para ter a lembrança dos seus lábios e remoer ela nesses dezoito meses - Amy está de cabeça abaixada, e seu choro me corta o coração. - Se não quiser, eu vou entender - para a minha surpresa, ela assente.

-Pode Tae.- me aproximo em segundos e pego seu rosto unindo aos meus lábios, falei que seria técnico mas não me controlo e minha língua invade a sua boca, ela corresponde e me abraça, faço o mesmo a puxando para mim e aproveito cada segundo desse beijo misturado em lágrimas. Sentir seu gosto de olhos fechados com o aroma da sua pele é ainda mais delicioso do que eu imaginei nos meus mais doces sonhos, porque ela aceitou eu não sei. Talvez tenha sido pena ou porque sentiu que estava me devendo algo.

-Obrigado- falo quando nossos lábios se separam e ela me abraça chorando mais - ei, foi um presente maravilhoso e pode ser nosso segredo está bem? Não quero fazer você e o Hae brigar.

-Eu não tive responsabilidade afetiva- fala baixinho e chora me abraçando forte.

-Você me deu o melhor presente de todos - sorrio- sério, você não faz ideia de como eu vou lembrar disso todos os dias. E quando eu voltar nem vou te lembrar do que aconteceu- ela assente mais uma vez. 

-Você vai voltar e ser meu amigo?

-É óbvio meu bem! Vai ser a primeira coisa que eu vou fazer! Vamos? Preciso arrumar minhas coisas, vou embora semana que vem.

-Semana que vem?- ela quase grita e eu assinto.

-Sim, preciso só finalizar em dois dias algumas falas do meu personagem e aproveitar você e o Hae- a abraço e ela me aperta.

-Eu te amo, não do jeito que você me ama, mas eu te amo muito.- ela fala baixinho.

-Eu te amo de verdade- sorrio- Vamos, vou te levar- ela me abraça forte e andamos assim. Juro que não esperava essa reação dela e muito menos que ela aceitasse o beijo, Amy não me confundiu, mas me deixou tão feliz que eu poderia ficar nos lábios dela a noite toda. Confesso que não esperava esse choro e nem o desespero dela por eu ter que partir.

Eu vou guardar esse gosto por todo esse tempo que vou ficar longe dela.