Cordelia Atkins

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— Mavis, estamos andando a quase duas horas, precisamos de uma pausa…

— Devemos estar por perto, sinto que lembro desse lugar.

— É uma floresta, é tudo a mesma coisa. — Seu tom era o mais tedioso possível.

Depois do encontro completamente agradável (mentira) com os homens do governo, não esperamos que eles entrassem, saímos correndo até o terceiro andar da minha casa, pulando o muro que dava na casa da vizinha. 

De lá saímos pelos fundos, e corremos intensamente desde então. Finalmente chegamos na entrada de um matagal, e eu e Sadie logo tivemos uma ideia.

Sonhamos a mesma coisa naquela noite, e lá havia uma senhora. Sei que parece loucura mas ambas sentíamos que era algum tipo de ajuda, e que ela estava próxima, sendo assim, seguimos caminho pelas árvores.

Admito, não foi uma bela ideia… Realmente estávamos andando por duas horas.

— Eu acho que estamos no caminho errado. — Diz a mulher apreensiva.

— Por que acha isso?

— Tenho certeza que já vi essa árvore hoje…

Paramos, e reparo no que ela apontava. Uma enorme árvore com tronco largo e folhas bem verdes, com algumas frutinhas vermelhas nas plantas. 

— É… Argh!! — Sento sobre um tufo de folhas caídas, olhando para a ruiva, que se ajoelha na minha frente.

— Eu tô com sede.

A observo atenciosamente, e a puxo para que se deite em meu colo.

— Não temos nada para beber. Acho que vamos morrer até que o sol nasça no dia de amanhã… — Ela ironicamente ri, claro, entendendo o humor ácido.

— É, talvez tenhamos a sorte de sermos encontradas por uma fadinha da floresta antes que os lobos nos comam. — Nós duas rimos de desespero.

Nossas risadas pararam imediatamente quando ouvimos barulhos de galhos sendo pisoteados mata adentro. Nós nos levantamos o mais rápido possível, com medo.

Olhamos para todos os lados, e finalmente algo sai da mata. Eu e Sadie nos abraçamos fortemente enquanto gritamos alto, esperando nossa morte. Felizmente, tudo que ouvimos é uma risadinha.

Vergonhoso.

O que estava na nossa frente era uma senhora, a mesma do sonho.

Seus cabelos eram ondulados, bagunçados e enormes. Sua roupa, era um vestido de um tecido leve e um casaco de pele aparentemente real. Seus traços eram brutos e enrugados, mas era baixa e corcunda. Ela era claramente uma figura. Carregava uma cesta cheia das mesmas frutinhas vermelhas que mencionei antes.

Eu e Sadie nos soltamos quando ela começa a falar: — Saiam da frente, por favor. — Nos olhamos mas continuamos no mesmo lugar. — Vamos, com licença!

Nós nos afastamos da árvore, a qual ela tenta pegar as plantinhas mas falha miseravelmente. A senhora nos olha, fitando de cima a baixo.

— Você, Mavis, você é alta, pega umas frutas pra mim. — Seu tom era simples e mandão, mas não rude, parecia gentil.

— Você sabe quem eu sou? 

Ela não me responde: — Pegue logo essas frutas, vou fazer uma torta deliciosa.

Estico-me, pegando as frutinhas que estavam mais baixas, elas pareciam frescas e suculentas. A senhora estende sua cesta, e vou colocando uma a uma.

— Muito obrigada, garota. — Ela se vira, e eu acredito que ela irá embora, mas ela nos olha novamente. — Vão ficar aí mesmo? Vamos logo, está quase na hora do pôr-do-sol.

MAVIS'S LOOPING - Sadie SinkOnde histórias criam vida. Descubra agora