Capitulo 01 - Alina

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             Acordo com o som do despertador estridente. Grito nervosa e o arremesso do outro lado do quarto, estou com dor de cabeça e uma tremenda ressaca. Arrependo-me instantaneamente de cair na lábia dos meus parceiros de delegacia, disseram que seria somente uma comemoração rápida por minha promoção, mas acabamos varando noite adentro bebendo e jogando sinuca num barzinho de esquina.

Fui promovida depois de alguns anos trabalhando na polícia de Chicago, sorrio, será que papai ficaria orgulhoso?

Não consigo me lembrar mais de seu rosto, ele era um homem carinhoso na medida do possível, adorava me contar histórias enquanto fazia cafuné em minha cabeça. Ás vezes passava algum tempo longe de casa, mas quando voltava seus sorrisos e sua atenção eram somente pra mim. Limpo uma lágrima que teimosamente escorre no meu rosto e levanto, preciso me arrumar e ir ao departamento, hoje irei receber mais informações sobre a máfia que irei me infiltrar.

Meu telefone toca enquanto arrumo meu cabelo no banheiro, olho no visor e vejo que é Helena, minha amiga de faculdade.

- Oi Helena, como vai?

Coloco o celular no viva voz enquanto luto para fazer um coque.

- Tô bem amiga, e você, animada para o dia de hoje?

Helena é um anjo em minha vida, fomos colegas de quarto na faculdade e levamos a amizade pra vida. Ela sempre foi a mais festeira de nós duas, eu sempre fui a nerd esquisitona que gostava de livros, mas graças a sua obstinação em me tornar mais sociável, pude aproveitar essa época. Ela praticamente me arrastava para as festas. Nunca me deixou sozinha, nem em minhas piores crises depressivas.

Graças a ela, tomei coragem e me alistei para a escola de cadetes da polícia, ela sempre me apoiou em todos os meus sonhos. Sou muito grata e sempre arrumo um tempo para conversarmos e sairmos.

-Tô bem amiga, respondo. – Estou saindo agora, à noite te ligo para dizer como tudo foi.

- Tá bom amiga, te amo minha eterna nerd, se cuida.

Desligo o telefone e termino de me arrumar, saio do apartamento e entro no elevador, o carinha do meu andar também entra e me cumprimenta. Ele já tentou algumas investidas, mas não é o momento para ter algum tipo de relação. O trabalho consome a maior parte de minha vida social, tenho Helena para sair e só isso me basta. Meu tempo livre é precioso pra mim, não sobra espaço para mais nada.

O cumprimento enquanto saio do elevador e caminho até o metrô. Está bem lotado, mas ainda consigo entrar a tempo e achar um lugar vago para sentar. Me recosto no banco e coloco um fone de ouvido com minha playlist favorita. Fecho os olhos por um momento, me desligando da realidade, mas logo sou trazida de volta, sinto que estou sendo observada. Fico em alerta e olho para os lados, procurando meu possível atacante.

Não vejo ninguém suspeito, mas a sensação continua, aprendi a não ignorar meus instintos e sinais de alerta. Aperto a bolsa que estou carregando e seguro o coldre que tenho em minha cintura. Me mantenho alerta o percurso inteiro da linha de metrô, mas nada acontece. Assim que as portas se abrem, me lanço para frente e saio apressada, subo as escadarias em ritmo acelerado e só consigo relaxar completamente quando chego as portas da delegacia.

Que diabos foi isso?

Resolvo não comentar com ninguém, afinal, pode ter sido somente suposição. Cumprimento a recepcionista e subo até o andar que trabalho, vejo outros policiais no caminho e cumprimento cada um deles. Educação nunca é demais, uma das regras de meu pai.

Bato a porta do escritório de meu novo chefe, ele grita lá de dentro para entrar. Entro e fecho a porta.

- Bom dia Senhor, me pediram para passar aqui e receber as informações sobre meu novo trabalho.

Tento não transparecer meu nervosismo enquanto falo. Eu sempre quis trabalhar como infiltrada. A emoção de poder ser qualquer pessoa e depois de um tempo, simplesmente largar tudo e ir embora...

Talvez por ser um serviço tão incompatível para uma pessoa metódica eu queria tanto, com certeza é ao contrário do que todos pensavam que eu queria ser. Sempre passei essa imagem de centrada e metódica.

O oficial pigarreia chamando minha atenção de volta.

- Bom dia oficial Alina, meu nome é Aleksander, é um prazer trabalhar com você. Agora sente-se que irei passar todos os detalhes do caso.

Ele acena para mim me mostrando a cadeira vazia, sento-me e ele me entrega um envelope preto com fotos e um grande arquivo com informações sobre várias pessoas.

- Seu alvo será Lorenzo Santorini. O líder da máfia Mirtiva. Ele é suspeito do assassinato de um policial importante e condecorado. Ao que aparenta o policial em questão, reuniu várias provas do envolvimento de Lorenzo com a máfia alemã, por isso a queima de arquivo.

Analiso as fotos da pasta, o cara é bonito. Moreno, altura de 1,80m com olhos verdes, corpo bem definido, mesmo de terno se percebe como a roupa molda seu corpo. Vejo que estou o analisando demais quando escuto o oficial ainda conversando comigo. Pigarreio e coloco o arquivo de lado enquanto presto atenção em suas palavras.

- Daqui a 06 meses vão escolher os seguranças pessoais de Lorenzo. Você precisa se infiltrar imediatamente entre os soldados da máfia e conquistar seu respeito para conseguir uma vaga.

Não consigo disfarçar minha cara de choque, é praticamente uma missão suicida, no mínimo precisaria de anos de infiltração para conseguir um cargo e confiança assim desse jeito.

- Sei que deve estar temerosa Alina, mas tenho confiança em suas habilidades, sempre foi a melhor da sua turma de cadetes. Além disso, o Don Lorenzo têm a fama de ser um capo moderninho. Gosta de ousar, então creio que não será problema colocar uma mulher ao seu lado.

Assinto com a cabeça por motivo de não haver palavras para expressar. O oficial termina seu monólogo de como esse caso irá fazer com que minha carreira se deslanche na policia e depois me dispensa. Coloco a pasta com os arquivos a serem estudados na minha mochila e peço licença. Hora de me adaptar a minha nova vida.

Infiltrada na MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora