Capítulo 06

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Alina

Minha cabeça dói, é o primeiro pensamento que tenho ao acordar e me sentar numa cama macia. Olho ao redor do quarto em que estou, as paredes são escuras, sem muitas decorações. Há uma penteadeira, um espelho, uma mesinha e um closet, tem uma porta que acho que vai dar num banheiro.

Estou vestindo uma camisola dessas de hospital, das que você morre de vergonha de usar, passo a mão pelos meus cabelos que parecem um ninho de pássaro. Por quanto tempo será que apaguei?

Tem uma bandeja com biscoitos e café no criado ao lado da cama, avanço com gula, estou morrendo de fome. Assim que termino de engolir tudo, tento me levantar para chegar até a janela. Não me lembro muito do que aconteceu, lembro que Lucca apareceu antes que aquele filho da puta tirasse alguma de minhas unhas, depois disso não me recordo de nada mais.

Coloco meus pés no chão, fico um pouco zonza por ter passado muito tempo deitada, respiro fundo algumas vezes enquanto tento me equilibrar.

- Vamos Alina, você consegue. – Digo a mim mesma me incentivando.

Com alguns passos vagarosos, consigo chegar até a janela. O movimento é grande lá fora, vejo homens de terno, provavelmente seguranças em todo o perímetro. É um lugar bem cuidado, tem muito verde ao redor.

Escuto um barulho vindo da porta e antes que eu consiga voltar à cama, Lucca entra com outra bandeja nas mãos. Ele fica meio desengonçado enquanto tenta fechar a porta sem fazer barulho e continuar com a bandeja firme.

- Precisa de ajuda? – Digo sorrindo e olhando pra ele.

Ele meio que se assusta com minhas voz e me olha.

- Já acordou Alina? Você não brinca mesmo em serviço.

Lucca coloca a bandeja no criado e vem até mim. Parece que analisa meu corpo procurando por alguma ferida ainda não vista.

- Estou bem Lucca, sabia no que estava me metendo. Você deixou bem claro que não seria fácil e agradeço por ter aparecido antes que minha situação piorasse. – Volto para cama e me sento na beirada. – Mas, por favor, pode devolver minhas roupas? Essas camisolas são humilhantes.

Ele sorri enquanto se senta na cama também.

- Você é uma figura Alina, a sua maior preocupação no momento nem é sua saúde ou a condição em que estava quando a encontrei, e sim suas roupas.

Sorrio também enquanto dou um soquinho em seu braço.

- E aí, eu passei no teste pra vaga?

Lucca se levanta enquanto vai até a janela, coloca as mãos no bolso da calça social enquanto olha o movimento lá fora.

- O chefe vai falar contigo assim que você estiver melhor e curada. Por enquanto sua única preocupação deve ser descansar e recuperar seu peso. – Ele vem até mim e passa a mão no meu cabelo bagunçando-o ainda mais.

- Você está muito magra senhorita, parece que vai sair levitando a qualquer momento.

Penso em discordar, mas ele está certo.

- Suas roupas estão no closet e aquela porta dá em um banheiro privativo, por enquanto você fica aqui no quarto, suas refeições serão trazidas até você e amanhã estarei aqui pra te ver e te mostrar a casa. Tenha um bom descanso Alina.

Ele dá uma piscadela e sai do quarto. Deito-me novamente já cansada, ele deve ter notado minha exaustão, acho que vai demorar um pouco até meu corpo e organismo voltar ao normal.

Acordo novamente e vejo que já anoiteceu, junto forças e resolvo tomar um banho, consigo andar mais rápido do que hoje cedo, assim não demora muito para chegar ao banheiro. Tiro a camisola de hospital e me olho no espelho, estou com olheiras profundas e meu cabelo ser chamado de ninho de pássaro é elogio, meus lábios estão ressecados e meu corpo magro. Nada bonita, penso enquanto entro no box e ligo o chuveiro. Lavo meu corpo enquanto aproveito a água, banho é uma coisa tão básica mas me sinto privilegiada por estar fazendo isso, encontro um shampoo de babosa e o utilizo para lavar meus cabelos, aproveito para já desembaraçar os fios debaixo da água.

Infiltrada na MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora