Capítulo 08

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Alina

Acordo com o despertador tocando, resmungo palavras obscenas tentando desligá-lo. Depois de muito custo consigo derrubá-lo da mesinha fazendo-o ficar embaixo da cama apitando feito um louco.

- Merda de despertador do caralho! – Praguejo em voz alta enquanto me arrasto para fora da cama para pegar o maldito lá embaixo. Agacho-me, mas não consigo tirar o desgraçado de lá, dou-me por vencida e me arrasto de uma maneira nada elegante para debaixo da cama, enfim a vitória. Assim que estou tentando sair daquela situação embaraçosa, a porta do meu quarto se abre num rompante.

- Que merda é essa Alina? O que você está fazendo aí debaixo sua louca?

Escuto a voz de Lucca, ele me pega pelos pés e me puxa me ajudando a sair da alcova em que me meti.

- Melhor nem perguntar Lucca, e você o que está fazendo aqui tão cedo? – Indago enquanto me levanto e vou em direção ao banheiro escovar os dentes e tomar um banho.

Ele se escora no batente do banheiro enquanto eu alcanço minha escova de dente e o creme dental na prateleira.

- Vim dar uma de babá e garantir que já estava desperta. Lorenzo não gosta muito de atrasos. Mas já to saindo, te espero na cozinha para comermos algo antes de começar o turno.

Assinto pra ele e agradeço enquanto me preparo para o banho. Decido não lavar meu cabelo para não perder tempo secando-o. Faço um coque e deixo a água escorrer por meu corpo. De repente me lembro daquele homem na escuridão me observando, enquanto eu dançava, gostaria de saber quem era o senhor misterioso.

Assim que termino o banho, escolho uma calça social preta e uma camisa branca com colete preto por cima. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo e faço uma maquiagem básica no rosto, coloco o coldre de peito por cima do colete e finalizo com um blazer. Olho no espelho e gosto do resultado, nos pés escolho uma bota feminina com salto médio, pra não dar trabalho se precisar perseguir algum desavisado.

Assim que termino de me arrumar, saio do quarto e vou em direção as escadas para encontrar o Lucca na cozinha, tento fechar o botão do colete que ficou aberto e acabo trombando em alguém, me desequilibro e me preparo para cair de cara no chão, mas antes que isso aconteça, sinto mãos fortes me segurando pela cintura.

- Te peguei.

Reconheço a voz rouca em meus ouvidos.

- Perdão senhor Lorenzo, estava com pressa e acabei não olhando ao redor.

- Tudo bem Alina, mas pode me chamar somente de Lorenzo. – Ele se prepara para continuar em seu caminho de destino, mas antes para e me olha novamente. – E a propósito, você está bonita.

- Obrigada senhor Lorenz... ops Lorenzo, obrigada Lorenzo.

Ele sorri e vai em direção ao seu quarto. E eu como não sou nada boba, aproveito para ter uma ótima visão daquela calça de moletom preta, ele está com uma camiseta regata na mesma cor, que parece ter dificuldades para sustentar seu peitoral malhado.

- ESTOU SENTINDO SEUS OLHOS ME QUEIMAREM DAQUI SENHORITA ALINA, RECOMPONHA-SE. – Ele grita entrando em seu quarto.

Filho da puta, juro que escutei uma risadinha. Não é culpa minha se o mafioso fica bom em qualquer tipo de roupa. Reinicio minha caminhada até a cozinha, que foi interrompida bruscamente por um cretino gostoso que a propósito terei que prender algum dia.

Assim que chego a cozinha, vejo Lucca já sentado a mesa de café da manhã. Ele está tomando um café enquanto conversa com alguém no watsapp.

- Bom dia menina, sente-se aqui que já trago sua xícara de café.

Tereza vem até mim com uma bandeja de torradas. Agradeço e me sirvo de algumas enquanto ela traz a xícara de café.

Termino de comer e me preparo para levantar, mas antes que o faça, escuto alguém entrando na cozinha. É um homem baixo, mas bem corpulento. Tem os cabelos cortados em estilo militar, com um semblante nada agradável. Ele entra e se senta a mesa me olhando com cara de poucos amigos.

- E a vadia, quem é? Sua nova ajudante na cozinha Tereza?– Ele pergunta quase casualmente enquanto passa manteiga no pão.

Meu sangue ferve, sou uma pessoa paz e amor, mas não levo desaforo pra casa, ainda mais de macho escroto. Olho pra ele com meu olhar mais fuzilante, espero eu, mas Lucca me interrompe antes que eu abra a boca e estrague meu disfarce.

- Bom dia pra você também Dominic, essa é Alina, nossa nova companheira de trabalho. Ela vai nos ajudar com a segurança pessoal do chefe.

Dominic quase engasga com a torrada, que pena, não foi dessa vez. Ele me olha com deboche e já sei que vai sair só merda dessa boca.

- O dia em que eu precisar de ajuda de uma mulher irá ser somente pra trazer minha comida e ficar de quatro pra mim. – Ele pisca em minha direção e enfia um pedaço enorme de torrada na boca, mastigando sem fechá-la.

Nojento.

- Que bom que você não sou eu então não é Dominic? O que seria dessa organização em suas mãos? – Lorenzo responde entrando na cozinha e se servindo de um café. – Vamos que tenho muito trabalho hoje.

Ele toma tudo em um gole, lava a xícara e dá um beijo na testa de Tereza antes de sair.

- Vão com Deus meus meninos. – Tereza diz enquanto estamos saindo da casa.

Sorrio pra ela e sigo os demais para a área externa. Os demais seguranças da equipe já nos aguardam. São 03 carros no total, o nosso é o último. Dominic será o motorista e Lucca irá ao seu lado, eu vou atrás com Lorenzo. Enquanto fazemos o percurso até a empresa, Lorenzo realiza ligações e marca reuniões com empresários para discutir algum plano de negócio. Fico atenta a todas as conversas e datas para repassar a Aleksander meu chefe na polícia.

- Senhor estamos sendo seguidos. – Dominic diz enquanto olha pelo retovisor.

- Merda, acho que são os sérvios – Lucca fala enquanto retira a arma do coldre e solta a trava de segurança.

Lorenzo encerra a ligação com algum empresário e guarda seu celular no bolso do paletó. Fico atenta a movimentação ao meu redor, o carro suspeito passa por nós dando a seta e entrando em uma estrada secundária.

- Alarme falso. – Dominic sorri enquanto fala.

Chegamos ao prédio onde fica o escritório de Lorenzo sem mais alardes. Estacionamos no subterrâneo e subimos num elevador privativo. Somente eu, Dominic e Lucca o acompanhou e os demais ficaram fazendo rondas nos outros andares.

Enquanto subíamos, eu pensava em como era triste aquela vida. Lorenzo não tem um minuto de segurança ou paz. Sua guarda deve estar sempre alta e esperando o pior, ele precisa se preparar para o pior, sua infância também deve ter sido bem pior. As portas do elevador se abrem cortando a minha divagação, o local é exuberante, vidro por todos os lados mas com poucas pessoas circulando. Para as pessoas normais o local é uma construtora respeitável, com um chefe respeitável. Para os demais criminosos, é a alcova do rei. O don da máfia. 

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⏰ Última atualização: Mar 25 ⏰

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