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O FATO DE eu ter ficado um dia inteiro trancado no quarto e só saindo pra usar o banheiro não ter preocupado ninguém dos meninos me fez ficar mais deprimido do que antes

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O FATO DE eu ter ficado um dia inteiro trancado no quarto e só saindo pra usar o banheiro não ter preocupado ninguém dos meninos me fez ficar mais deprimido do que antes. 

encarei a tela preta do meu celular pela milésima vez, eu fico horrível chorando. sem mensagens. sem notificações. nem mesmo beomgyu me enchendo de figurinhas de gatinho ou dele mesmo.

eu sou uma pessoa horrível.

me levantei apenas pra ir pro chão do quarto, encostei minhas costas na parede e abracei meus joelhos.

não culpo os outros, em algum momento iam se afastar, que nem wonyoung. não os culpo, é o ciclo da minha vida, em algum momento iriam. eu só não queria que fosse tão cedo.

odiava o fato de eu querer voltar 22 anos no tempo pra impedir meu pai e minha mãe de me fazerem, não queria ser compatível com eles ou coisa assim, outra pessoa estaria aproveitando a vida que tenho. 

meu celular tocou, o único som do lugar no momento. o toque clássico de beethoven me acalmava um pouco, mas não fez minhas mãos pararem de tremer. seunghyun fazia meu celular vibrar na cama.

— Alô? — me repreendi pela voz trêmula, não conseguia fazer nada contra isso.

Kai? Está bem? — apenas resmunguei concordando — Queria te dar essa notícia em primeira-mão! — sua voz parecia animada demais.

— o que é? 

Shin Yuna é a nossa nova novata na corrida!

desliguei.

me senti mal por seunghyun, mas foi reflexo. as lágrimas só aumentaram e tudo que minha mente me induzia a fazer não era nada educativo. sorri triste, e mandei uma mensagem pedindo desculpa pro kahiko, mas não expliquei o porque. tinha certeza que ele tinha mandado algo após ver a mensagem, porque meu celular vibrou, peguei-o e silenciei.

me levantei, ainda trêmulo, tentei fazer isso passar respirando fundo e andando pelo quarto. saí dali e me tranquei no banheiro, que graças a Deus era perto. a claridade podia me matar, odiava isso. entrei de baixo do chuveiro gelado, mesmo estando tremendo.

Saí e coloquei minha roupa de antes, um conjunto moletom preto. quando abri a porta, me dei de cara com soobin e yeonjun.

— desculpa — falei no tom de voz baixo —, por esbarrar com vocês

— você está horrível — ri e me desviei dos dois — é sério, não quer panquecas ou algo parecido? não comeu nada — soobin continuou falando

— já sei o que querem, sem chance 

— hueningkai, se voltar pra aquele quarto te juro que te espanco. — yeonjun esbravejou

— não é meu pai. — antes de entrar pra minha escuridão, olhei pra yeonjun, o que foi uma péssima ideia. levei um soco na bochecha, caí no chão encostado na porta 

— mas eu me preocupo com você, caramba! — gritou, o que fez beomgyu e taehyun aparecerem na porta do meu quarto 

— eu por acaso sou saco de pancada agora, porra? uma me dá um tapa, outro me dá um soco! — gritei, me levantando agressivamente e segurando no colarinho de yeonjun.

o que eu tô fazendo? 

brigar com um amigo não é um dos meus princípios, eu juro. eu sei que mesmo que eu jure não vão acreditar, mas é realmente sério dessa vez.

soltei ele, taehyun e yeon me encaravam assustados, soobin tinha os olhos arregalados, e beomgyu parecia uma incógnita.

— d.. desculpa — falei, colocando minhas mãos na frente pra impedir de chegarem mais perto. — me desculpa, yeonnie. me desculpa mesmo.

entrei no quarto o mais rápido que consegui, e comecei a me beliscar. é apenas um pesadelo. bem, acabei descobrindo que não é um.

eu sabia que era soobin que batia agressivamente na minha porta, junto de yeonjun. podia ouvir esse me xingando do outro lado.

— eu posso ficar aqui o dia todo, kai. — ouvi a voz calma do loiro. — precisa passar algo nesse novo hematoma e comer algo.

— por favor, ning — eu travei.

odiava esse apelido, e sempre deixei isso claro. mas todos usavam pra me testar. ele me lembrava de coisas que eu queria esquecer, minha mãe o deu. uma vez, yeonjun ouviu minha conversa com lea, e acabou por saber do apelido que eu odeio. começou a me chamar assim e todos entraram na onda.

— huening? — dessa vez, taehyun falava.

abri minha porta e fui recebido por um abraço caloroso de beomgyu, todos diziam algo que eu não conseguia entender, pra mim aquele abraço era o que eu precisava. ou em algum momento foi. 

— vamos, fiz panquecas pra você 

— soobin, é quase hora de almoçar.

— eu sei, mas imaginei que ia gostar. — sorriu, taehyun ia me conduzindo pra cozinha. parecia que eu era uma criancinha. — eu vou esquentar no microondas. — balancei a cabeça, enquanto me sentava no sofá. 

yeonjun me entregou uma sacola com gelo e apontou pra minha bochecha.

— me desculpa, fui idiota — sorriu sem graça, sentando no meu lado e passando o braço pelos meus ombros. — você não dormiu né?

— não consegui. minhas costas estavam pesando. — ele entendeu, me permiti dar um mini sorriso pela lateral do rosto.

— por que não foi pro meu quarto? eu fazia você dormir, pinguinzinho — apertou a bochecha que não havia sido socada. resmunguei — vou te arrastar pra psicóloga, à força mesmo.

— não pode fazer algo contra minha vontade. eu sou louco e posso pular com a moto em movimento.

— eu pego seu carro, a gente ia chegar rapidinho.

ri, mas doeu. meu estômago doeu. ou talvez tenha sido minha barriga. algo doeu.

a comida chegou, e comi todas de bom gosto. não gostava tanto assim delas, mas ficavam boas com soobin. yeonjun fazia carinho na minha nuca, talvez ele estava tentando fazer a tensão que os meus ombros apresentavam diminuísse.

eu gosto disso mas, por que todos eles estão se importando? é estranho se sentir tão culpado ultimamente? é estranho se sentir mal só por estar sendo cuidado?

do ur thangOnde histórias criam vida. Descubra agora