Não pensei que um esporte, o qual eu amava tanto com toda a minha alma, fosse me deixar em pedaços. Após me tornar um 𝘮𝘰𝘯𝘴𝘵𝘳𝘰, machucar todos os que estavam à minha volta, todos aqueles que tentavam me ajudar, eu me sentia mal, muito mal. A c...
"Eu não podia acreditar, que após passar por tanto, seria como se não estivéssemos passado por nada".
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Se passaram 2 semanas desde o acidente, e eu me arrependo todos os dias de ter entrado naquele maldito carro.
Meus ferimentos foram superficiais, quase nenhum, porém, isso foi porque Shun'rey entrou na minha frente antes do impacto com a árvore. Devido ao meu ataque de pânico enquanto dirigia, quase batemos de frente com um carro, mas antes disso ela virou o carro com força, entrando na minha frente enquanto o carro bateu em uma árvore. Ela teve danos cerebrais e ficou internada desacordada. Desde aquele dia, todos os dias, me detesto por ter feito ela passar por isso, essa situação. Pedi inúmeras desculpas para a família dela, mesmo que eles estivessem tão preocupados com ela que não estavam com raiva de mim, apenas desejavam que ela ficasse bem. Shun'rey não estava mais em risco de vida, mas, por algum motivo, ainda não acordava. Estou quase o tempo todo no hospital, saio apenas 1 vez por dia para ir para casa e tomar um banho, tirar um cochilo breve e voltar para o hospital. Já perdi a conta de quantos ataques de pânico tive ao lado dela, segurando sua mão no hospital. Sem sombra de dúvidas, nunca chorei tanto quanto nessas últimas duas semanas.
Valt — Shu... trouxe comida. — Disse, com as mãos cheias de sacola. Suas mãos estremecem ao encontrar meu olhar, provavelmente devo estar exalando fraqueza e desespero, porque ele me olha com tanta pena que sinto vontade de vomitar.
Shu — Obrigado, mas estou sem fome. — Acariciei a mão dela, estava quentinha e macia, como sempre foi. Às vezes tudo que eu queria era que ela acordasse, me abraçasse e dissesse que está tudo bem, mas eu sei que isso não vai acontecer tão cedo.
Valt — Qual foi a última vez que você comeu? Está mais pálido do que o normal. — Ele coloca a mão na minha testa, mas eu me afasto. — Shu, você está gelado.
Shu — Eu estou bem, Valt. Sério. Tudo que eu quero é ver os olhos dela se abrirem, nem que seja por uma última vez... — Olhei para ela, que estava com os olhos fechados, algumas cicatrizes no rosto. Senti um nó na garganta ao pensar na possibilidade de não vê-la sorrir mais para mim.
Valt — Vira essa boca para lá. Você tem que parar de ser pessimista, tenho certeza de que ela ficará bem, o médico disse que ela acordaria logo então... — Eu o interrompi, já que ele estava gritando e poderia ser expulso por isso.
Coloquei a mão na boca dele, negando com a cabeça enquanto olho-o nos olhos, mas logo escuto um suspiro ao meu lado. Meus olhos se arregalam ao olhar para o lado e vê-la se sentando, colocando as mãos na cabeça como se sentisse dor. Ela abriu os olhos, finalmente, após semanas, pude ver seus lindos olhos cinzentos.
Shun'rey — Onde que eu... ai... que dor de cabeça do cacete. — Ela murmura colocando as mãos na cabeça enquanto olhava em volta.
Valt — Você está bem? Shun'rey... como se sente? — Meu amigo fala por mim, tão surpreso quanto eu por ela acordar repentinamente.
Eu estava estático, paralisado de surpresa e felicidade, extremamente feliz por ver finalmente a minha garota acordar. Meus olhos se enchem de lágrimas e um sorriso genuíno aparece nos meus lábios. Dei um beijo nela.
Shu — Estou tão feliz que está bem, depois do acidente fiquei com medo que você não sobrevivesse, mas... — Falava de tudo olhando nos olhos dela, mas, ela me olhava como se eu fosse um louco.
Shun'rey — Quem é você? — Essa pergunta destruiu minha felicidade em um único segundo, escutei uma rachadura se formando no meu coração. Engoli seco, um pouco desesperado para que não fosse verdade.
Shu — Sou o seu... namorado... — Digo, não crendo nas minhas próprias palavras, não por ser mentira, mas por ela não se recordar de tudo que passamos juntos.
Valt — Eu vou chamar o médico. — Ele parece estar tão assustado quanto eu, e foi o primeiro a sair correndo.
O clima da sala ficou estranho, nós olhávamos nos olhos e não tinha aquela conexão de antes, não tinha amor nos olhos dela. Me senti terrível, como se eu fosse um estranho, um desconhecido para ela. Ela rapidamente desviou o olhar.
Shun'rey — Por quanto tempo fiquei aqui no hospital? — Sua voz estava tão distante quanto seu comportamento, mais conservador do que de costume.
Shu — 2 semanas e 4 dias. — Ela olhou brevemente nos meus olhos.
O médico entrou, acompanhado dos pais dela, que imediatamente a abraçaram. O pai dela beijava sua testa milhares de vezes enquanto a mãe dela chorava com o rosto no pescoço da filha. Senti meu coração apertar ao vê-la sorrir, confortando seus pais, da forma como ela não agiu comigo e sim com eles.
Shu — Doutor, ela não se lembra de mim... — Olhei para o médico, que limpou a garganta.
— Bem, havia certo risco de ela perder parte das memórias, mas isso é algo temporário, com o tempo ela pode ter déjà vus, lembranças e dor de cabeça. As memórias dela podem tardar algumas semanas, meses, ou até anos para voltarem totalmente. — Senti meu coração pesar, e se ela... não se lembrasse mais de mim?
Shun'rey — Mãe, pai, o que está acontecendo? — Ela olha confusa para seus familiares, enquanto eu ainda estou tentando absorver as informações.
Malik'rey — Minha filha, esse aqui do seu lado é seu namorado. O nome dele é Shu Kurenai e você namoram há meses, não se lembra dele? — A mãe dela pega a minha mão, conectando com a dela.
Shun'rey — Desculpe, mas não... não me recordo de você... apenas... você é um garoto que ficou internado no hospital em que eu trabalhava como enfermeira, certo? — Os olhos dela estavam ligeiramente arregalados, e eu afirmei com a cabeça.
Shu — Depois que te reencontrei, começamos a sair, namorar, você... mora comigo na minha casa, temos uma gatinha chamada Sakura, um filhote de Dálmata chamado Bjorn... não se lembra disso, Rey? — Segurei a mão dela com as minhas duas, esperançoso que ela se lembrasse de ao menos um pouco.
Shun'rey — Desculpe, Shu, mas eu não me lembro de existir um "nós". — Ela suspirou, o olhar dela estava cheio de pena, assim como onde todos aqui, como se eu a tivesse perdido. Suas mãos largaram as minhas, me deixando órfão de seu toque.
Eu não podia acreditar, que após passar por tanto, seria como se não estivéssemos passado por nada