Uma Corte de Estrelas Cadentes

xiii. Sombras e Luz

Foram as sombras que o levaram até ali. Onde encontrou a antiga casa dela, uma ruína incendiada em um gramado verde e sadio, a só alguns passos de um jardim. A névoa espessa e negra que se agarra a ele, diz que é um canto abandonado. Nenhuma mão, desde a falecida dona voltou a cuidar do jardim.

Solitárias gotas de uma chuva de partida pingam nas plantas e no solo. As raízes sugam todo o líquido que conseguem. O jardim não parece abandonado, as rosas sobrevivem, as árvores parecem mais altas, e as margaridas mais próximas das tulipas.

O mestre espião jamais viu a primavera desabrochar e tantas cores e formatos em que lugar não que não fossem as férteis e abençoadas colinas primaveris. Para qualquer observador, os botões intocados pudessem reluzir em sorte, mas Azriel tem convicção que há mais do que parece.

São poucas as coisas que são realmente o que parecem.

Ele duvida que seja um milagre que acontece uma vez a cada um bilhão de vezes, quando avista a maryphri, a flor simbólicas das terras da estação da vida. Há dúvidas, essas, entretanto, não são tão firmes como a certeza, a sensação de que nem uma gota da seiva que percorria os caules e troncos sustentadores fosse natural.

Pouco depois do término da reunião do Círculo Íntimo, sua Grã-senhora o deu um medalhão. Ele escutou com o mesmo silêncio que vivia, a esposa de seu Grã-senhor relatar o mundo de onde a menina veio..

Partiu de Amren a iniciativa e a necessidade de a investigar. Feyre, embora tenha relutado, aceitou ao entender que a sondagem era mais um protocolo do que qualquer coisa. Assim, ele foi teletransportado para a terra de Alina.

Aquela flor não devia estar no jardim. E ele não devia ter confiado que não houvesse algo... Tanto tinha vagado, com suas sombras agitadas, até que houve um puxão. Magia atraindo magia. Devia ser a maryphiri, a planta que não deveria crescer em terras humanas. Porque um solo sem magia suportaria o espírito que encarna a primavera? Quando esta era a projeção da vida de um povo que existia a uma mundo de distância?

Nas colinas verdejantes elas são como protetoras, mas o que ela poderia fazer em um mundo em que todas as orelhas são redondas?

Az, que saiu em uma missão sem acreditar que houvesse algo a ser descoberto, sentiu o cheiro da maryphiri na brisa. Mesmo que não suportasse Tamlin, não haveria como evitar, não podia voltar sem respostas. E elas, ele soube, estariam na terra-mãe da flor deslocada entre rosas e peônias. X

As botas brutalmente esmagam a grama. Azriel desviou da rota que o levaria até a Mansão do Grão-senhor, o conhecimento ele estava a procura não pertencia ao macho escrupuloso.

O Chalé que avista é o lar de um velho conhecido. Um curandeiro que não teve medo em sacrificar sua capacidade de enxergar por um bocado de domínio sobre coisas que poucas pessoas poderiam dominar.

Como se ainda tudo visse, o homem o cumprimenta, diz que preparará um chá. O espião o espera, porque sabe que as informações que pedir não serão negadas.

A água ferve quando o illyriano pergunta ao curandeiro se uma maryphri pode sobreviver a uma terra sem magia. "Elas vivem onde seu povo vive, Mestre-Espião".

Az pensou na humana com orelhas redondas que viu. No quão comum ela era. Ali, que não chegou a falar de seus pais, teria sido amada e cuidada por pessoas que seriam mais do que apareciam? E se fossem, o quão poderosos seriam para com o glamour, esconderem as afiadas orelhas de sua espécie. Se eram feéricos, a maryphri cresceria a seus pés, mas se eram, como poderiam ter uma filha humana?

Os olhos avelã de Azriel faiscaram.

Sem questionar a curiosidade ou pedir pela intenções do illyriano, o curandeiro completou "Não importa qual seja a terra, se for alguém nascido sob o véu da eterna primavera, então haverá magia suficiente para nutrir o que plantado foi".