xiv. Não Leia esse Livro

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O Grão-senhor da Corte Noturna, o homem mais lindo que a Quebradora de Maldições já viu, de quem ninguém sabia o sobrenome, sentou-se no sofá, ao lado de sua esposa.

Alina manteve seu olhar sereno. Mesmo que fosse difícil dominar a leitora surtando em seu interior. Mas aí ela não conseguiu controlar mais sua expressão. A seriedade que ostentava com dignidade se desmanchou. A humana tentou, com muito esforço, não rir. Ela riu e não pode parar. Isis olhou para a sua amiga e disse carinhosamente "Enlouqueceu de vez?".

Não havia piada, contexto ou razão para que Ali estivesse se contorcendo de tanto rir e que sua barriga estivesse explodindo pela intensidade da graça da situação.

"Do que você está rindo, Alina?", Isis perguntou.

"De nada", Ali respondeu entre um fôlego e outro.

"O que é tão engraçado?" Ashe pareceu subitamente interessado na resposta de Alina do que na partitura. "Se eu contar vai perder a graça. De qualquer forma vocês não entenderiam".

Em tom depreciativo, Ashe resmungou "Todos os humanos são assim? Loucos de pedra?". Isis podia ter acertado as contas no tapete da sala se não houvesse tantos adultos à espreita.

O parceiro da Grã-senhora de coração humano notou como a crise de risos de Ali parecia voltar com mais força a cada vez que ela o olhava.

A menina, que tinha se acostumado com as orelhas pontudas, as asas e o poder esmagador que todos tinham em suas veias, não sentiu nem fração do desconforto daquele café da manhã desastroso.

Eles, que não só pareciam como eram de carne e osso, deixaram de ser para ela algo de outro mundo. Ela devia aproveitar aquela oportunidade para pelo menos respirar o mesmo ar que eles, não? Ao invés de ficar pisando em ovos por causa deles.

Se Ali conseguisse escutar Az cantar ela estaria pronta para transcender. Mesmo se Amren brigasse com ela, Alina ficaria feliz.

Rhysand da Silva.

Pela Mãe, Ali tinha que parar de pensar no sobrenome dado a Rhys, ela começaria a falar pelos cotovelos o motivo do seu surto de risos se estivesse que encarar os olhos violetas do filho de um Grão-senhor de quem ninguém importa saber o nome.

Teria sido uma benção se Isis tivesse lido Kiera Cass. Porque Alina colocaria sua mão na orelha e assunto resolvido.

"Tia, a senhora bem que podia deixar a Alina dormir lá em casa...". Isis era uma leitora de mentes?

Ashe disse em alto e bom tom "Lembrou que tem casa?".

"Se sua mãe tiver deixado e ela quiser, eu não veria o porque não".

Isis virou-se para a amiga "Quer ir ou não?". A humana se levantou, grata por receber um motivo coerente para se distanciar de Rhysand da Silva. "Tenho que ir na biblioteca primeiro, há um livro me esperando lá".

"Tão típico". Isis também se levantou.

"Já vão tarde" Ashe, como o amor de pessoa que era, disse. "Filho" a reprimenda de Feyre assentou se pesada sobre os ombros do irmão mais novo de Nyx. As meninas nada disseram ao pianista carrancudo antes de caminharem para a biblioteca, onde Alina muito respeitosamente saquearia alguns livros para repor seu estoque e garantir sua leitura, a substituta e alternativas sobressalentes. Como se ela estivesse se mudando para o outro lado daquele mundo, e não para A Casa do Vento. Como se ela não fosse virar a noite rindo e debatendo besteiras com Isis. Mas com a loucura de um doído não se mexe. Se a humana não consegue sair sem o peso de uma pilha de livros, quem seria Isis para impedir?

Uma Corte de Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora