24. loucura

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Atlas Martinez

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Atlas Martinez

A vida era mesmo uma porra.

Fumando um cigarro encostado em um dos carros da oficina, observo a pequena movimentação de pessoas na parte de dentro da minha casa, já sabendo o que estava acontecendo. Uma festa surpresa. Foi o que Nathan me contou no telefone hoje de manhã. Disse que Helena parecia feliz enquanto fantasiava sobre a ideia a semana toda, que ela parecia animada demais pra ele desanima-la com o fato de que eu odeio a porra do dia do meu aniversário.

Inalo a fumaça e fecho os olhos por um momento, ignorando a leve dor de cabeça que picava na parte de trás da minha nuca. Tinha sido uma semana de merda, cheia de trabalho de merda e a cereja do bolo foi receber uma ligação premiada do Chefe avisando que, pela primeira vez em muito tempo, ele voltaria pra Santorial e que queria falar especificamente com Cauê. Eu sinceramente não sei o que esse merdinha fez, mas para o Chefe vir pro fim de mundo que era Santorial alguma coisa muito fodida deve estar acontecendo.

Pensar sobre isso faz um arrepio ruim subir por minha coluna. Como um pressentimento de que uma guerra civil estava prestes a começar. E que provavelmente eu não sairia vivo. O que não me preocupava tanto, meus planos só iriam de acordo com o que eu já sabia a um tempo. Uma morte jovem e feia, como é com todo mundo que vive do lado obscuro.

Lambo os lábios, meus ombros tencionam e olhos verdes vem em minha mente, isso tem acontecido frequentemente, ela visitando meus pensamentos como a porra de uma bruxa. Porra eu precisava transar. Foder com putas se tornou sem graça depois de comer uma boceta que sei que foi só minha. Precisava de Helena de quatro pra mim, de ouvir seus gemidos manhosos e de ela sorrindo toda vez que batia nela e dizia que ela era uma boa menina. Merda, eu precisava até da parte de como ela me olhava com devoção quando eu deitava do lado dela.

Só ela conseguia fazer minha mente apagar, levar os problemas e as memórias ruins pra longe. E hoje era um dia perfeito pra isso.

Eu não odiava meu aniversário porque significava que estava envelhecendo ou nenhum desses motivos que pessoas normais tem. Era porque sempre me fazia lembrar de como minha vida passou e nenhuma das escolhas que eu fiz foram porque eu quis e sim porque fui forçado em troca de sobreviver. Era isso ou desistir, e eu sou teimoso.

A última vez que realmente comemorei meu aniversário, a ultima memória feliz que tenho desse dia foi a noite antes da minha mãe conhecer Otto. Éramos só nós dois, ela tinha comprado um desses bolos baratos de padaria e algumas velas, meus olhos vidrados nas pequenas chamas enquanto esperava sua voz doce terminar a música impacientemente, lembro de uma ansiedade gigante de soprar as velas e fazer meu pedido.

Quero que seja pra sempre só nós dois.

É o que eu repetia mentalmente. Repetia e repetia.

Nós comemos o bolo, e eu desembrulhei o presente que eu sabia que ela tinha se esforçado pra comprar, algumas ferramentas de brinquedo junto com um carro vermelho de plástico. Ela sempre soube que eu gostava de carros, era uma obsessão minha quando criança.

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⏰ Última atualização: Sep 24 ⏰

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