Helena Maria;Mexo minha perna nervosamente sentindo um corrente ansiedade atravessar todo o meu corpo, enquanto giro um dos cigarros amassados que roubei de Cauê, eu não fumava, mas segurar aquele bastão tóxico sempre me ajudava a pensar melhor em momentos que eu não sabia realmente o que fazer.
- É proibido fumar aqui mocinha - Uma senhora que já parecia estar no final da vida reclama do meu lado. Eu observo quando seus olhos me repreendem e respiro fundo por um segundo.
- Eu não ia - Murmuro enfiando o mesmo de volta no bolso da minha mochila.
A emergência do Hospital Público de Santorial parecia agitado hoje, tinham pessoas deitadas em macas, outras em cadeiras porque os leitos tinham acabado, os enfermeiros e médicos uniformizados andavam de um lado pro outro como se o trabalho nunca acabasse.
Olho minha senha mais uma vez e então olho o painel que apitava preguiçosamente comandando em qual guichê você deveria ir. Lambo meus lábios e checo meu telefone, percebendo que daqui á algumas horas eu deveria estar na minha primeira casa para a faxina, como Lola, minha chefe tinha falado hoje mais cedo, quando o sol ainda nem tinha nascido. A velinha rabugenta do meu lado tosse e eu me encolho, não querendo pegar uma doença, minha rotina não me permitiria isso.
Deus, eu odiava hospitais. O branco infinito e o cheiro de desinfetante faziam minha cabeça latejar.
Odiava mais ainda o motivo deu estar aqui.
O número apita e eu dou um pulo da cadeira quando percebo que finalmente é minha vez, carregando minha mochila pesada e minha bolsa térmica com meu almoço, eu quase tropeço até o guichê dois, onde a recepcionista da um olhar de pena para o meu desespero.
- Como posso te ajudar hoje? - A mulher aparentemente não tão mais velha que eu pergunta educadamente, sua voz rouca demonstrando seu cansaço.
- Bom dia - Murmuro, começando a tirar alguns documentos da bolsa. - Eu queria deixar registrado o desaparecimento da minha... - Eu engulo em seco quase não conseguindo puxar as palavras para fora de meus lábios em puro desgosto - Da minha mãe, ela é dependente química e já está sumida faz alguns meses, eu já fui na delegacia, eles me explicaram que em casos assim, é necessário deixar cadastrado no hospital caso chegue algum...
Minha voz some, não querendo continuar. Minhas mãos soavam enquanto eu empurrava o papel que o policial me deu mais cedo para a moça que demonstrava compaixão em seus olhos. Não era assim, não era algo como nos filmes onde a filha desesperada procurava pela mãe. Era mais como apenas um protocolo para eu saber quando Ela estivesse morta, e eu finalmente pudesse enterrar uma parte dos meus traumas junto com seu corpo.
Normalmente eu não me importava quando ela desaparecia, mas agora já fazia tanto tempo que algo no meu coração idiota me disse que pelo menos tentar descobrir se ela estava morta, era o certo a se fazer. Não por Ela, longe disso. Mas por mim, por Cauê e principalmente por Henry.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ele em mim.
Romance- 𝐕𝐨𝐜𝐞̂ 𝐯𝐚𝐢 𝐬𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐛𝐨𝐚 𝐦𝐞𝐧𝐢𝐧𝐚 𝐞 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐬𝐭𝐢𝐫 𝐞𝐧𝐪𝐮𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐞𝐮 𝐪𝐮𝐞𝐛𝐫𝐨 𝐬𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 - 𝖬𝖺𝗋𝗍𝗂𝗇𝖾𝗓 𝗌𝗎𝗌𝗌𝗎𝗋𝗋𝖺 𝖾𝗆 𝗆𝖾𝗎 𝗈𝗎𝗏𝗂𝖽𝗈, 𝗌𝖾𝗎𝗌 𝗅𝖺́𝖻𝗂𝗈𝗌 𝗀𝖾́𝗅𝗂𝖽𝗈𝗌 𝗋𝖺𝗌𝗉𝖺𝗇𝖽𝗈...