Ponto Sem Nó - parte II

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''Um pouco de chá com leite e alguns biscoitos sempre ajudam os desamparados'', era o que a mãe de Cristina sempre falava em dias chuvosos, depois de anos,  a vaga lembrança dela era quase um borrão no fundo de sua mente, vagos flashes, ás vezes estáticos como uma pintura, ás vezes enrolados como corpos valsando em um grande salão de festa. Mas as lembranças mais nítidas eram aquelas que ambas cozinhavam juntas, os momentos em que a mãe ia ao fogão preparar nem que seja um chá, eram quase que místicos para a pequena Cristina.

Como nasceram humildes, sua mãe e ela, desconheciam as maravilhas das ervas mais sofisticadas, como Beladona, algumas gotas faziam a pessoa mais agitada dormir como um bebê, e naquela noite se atreveu a usar um pouco colocando 3 gotas de sua mistura concentrada no chá da filha, a aura dela estava minguando consideravelmente, na hora de dormir uma oscilação emanava da filha, e suspeitava que o que quer que tenha encontrado na floresta tenha feito algum contato psíquico com ela, por isso a trouxe para sua casa, ali as runas e os feitiços de proteção fariam o seu trabalho, mas não parecia ser o bastante, então optou pela opção mais ''mundana''.

- Pesadelos? - Peter apareceu silenciosamente na entrada da cozinha com um sorriso terno, mesmo após anos Cristina ainda sentia seu coração dar uma acelerada ao ver aquele sorriso - Achei que a runa debaixo da cama dela iria funcionar.

- Aurora sempre teve uma certa resistência a magias sabe disso - os olhos verdes dela encararam o marido se sentar ao seu lado na mesa de cento, seus dedos tocaram os dela que circulavam uma xícara com chá quente - Eu coloquei 3 gotas de Beladona no chá dela agora pouco - ele levantou uma sobrancelha - Foram só 3, não me olhe assim, ela deve conseguir pegar no sono direito agora - a ruiva respirou fundo e olhou pro marido - A aura de morte não sai dela, o que quer que estivesse na floresta não era fraco.

- Eu sei, eu senti a mesma coisa quando fomos a delegacia, toda aquela presença de morte e desespero... - o marido olhou pensativo para o nada por alguns minutos - Só senti algo parecido em vampiros bem bestiais...

- Se fosse um vampiro Aurora não estaria aqui sabe disso, um vampiro com uma aura como aquela? Nunca a deixaria viva - Cristina olhou o marido séria.

- Eu sei Cris, eu só comentei - ele esfregou o polegar em sua mão - o fato de só a nossa filha ter estado lá piora ainda mais as coisas, os lobos não vão aceitar ela ter falado que foi o garoto Oakwood, e ainda temos sei lá o que por aí...

- Não acho que eles fariam mal a Aurora, vivemos em paz com eles a anos, temos um acordo, lembra? - ela disse esfregando a xícara quente.

- Acha que os lobos pensam quando estão irritados Cris? - Peter elevou a voz um pouco e recebeu uma advertência da esposa, quando ambos constataram que ninguém estava ouvindo, ele continuou - Nós não nos metemos nos assuntos deles e eles nos nossos, mas nossa filha e o garoto Oakwood no mesmo lugar, e ainda mais em uma cena de assassinato?

- Não sabemos ao certo de todos os detalhes, Aurora está muda a dias, e eu não vou força-la a falar.

- Podemos entrar nos sonhos dela... - ele falava dando de ombros.

- Peter, não, já conversamos sobre isso - Cristina o interrompeu com veemência - Não usamos magia nas nossas filhas - falou cada palavra devagar enfaticamente.

- Você não quer saber o que ela viu? Ou melhor, não quer apagar o que ela viu da mente dela? - ele apertou os olhos azuis encarando os verdes dela, por um momento Cristina teve vontade de aceitar, ela virou seus olhos pro líquido na xícara agora morno.

- Você sabe que sim, mas fizemos uma promessa de não usar magia nas nossas meninas - ele estalou a língua em descontentamento e ela segurou a sua mão - Uma coisa é usar uma runa de proteção, outra coisa é entrar nos sonhos delas e alterar tudo. Você não confia que ela vai saber lidar com tudo isso?

Bala de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora