Uma visão do passado

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Silver Spear era uma cidade de interior da Inglaterra como qualquer outra, casas aconchegantes e prédios comerciais que intercalavam-se em ruas que se cruzavam e seguiam retas ou curvas formando avenidas, ruas principais, e que moldavam a base da cidade, tais ruas possuíam seus respectivos nomes, mas eram chamados na maior parte do tempo pelos apelidos populares inventados pelos cidadãos locais. Mas Silver Spear tinha vários fatores que se diferenciavam das demais cidades do interior, de certa forma ela era cercada por uma imensa e densa floresta onde a maioria das árvores eram Carvalhos, mas haviam outras espécies igualmente velhas e belas, algumas dessas árvores, foram responsáveis por dar sobrenomes das famílias mais antigas, como os Oakwoods ( Carvalhos ), uma das famílias mais antigas e renomadas da cidade.

Mas as lendas, é claro, são um ponto focal de toda a cidade, e em Silver Spear não era diferente, o lobo é o animal símbolo da cidade, símbolo da escola local, era a criatura mais respeitada e o centro da maioria das lendas, pais contam aos seus filhos desde crianças que lobos rondam a cidade a noite atrás de crianças mal criadas para levá-las para a floresta onde alimentavam seus filhotes, ou que se as crianças forem muito fundo na floresta elas nunca mais voltariam, ás vezes quem as levava nem eram os lobos e sim o Povo das Árvores, pois sempre buscavam por crianças humanas pra eles, já que não reproduziam como os humanos. Tinham até algumas mães malvadas que falavam que eles pegavam elas pra comer.

Mas é claro que não poderiam faltar lendas sobre Lobisomens, alguns adultos brincavam sobre ir na floresta a noite por conta disso, em noites de lua cheia muitos dizem que podem sentir a presença deles na floresta, outros falam que podem ver pequenos olhos piscando pela escuridão, mas além do temor, os lobisomens eram vistos como protetores em Silver Spear, lendas antigas falam que o Povo das Árvores e os Lobisomens possuem um acordo de paz onde os lobisomens ficariam encarregados de cuidar e de alguma forma educar os humanos e garantir que a floresta não fosse maltratada, funcionando como protetores da vida selvagem. Mas é claro, são só lendas.


De alguma forma parecia que havia uma linha que delimitava Silver Spear do resto do mundo, e estranhamente Aurora podia senti-la toda vez que entrava na cidade, era como se uma lufada de ar fresco passando por ela, ou como uma pequena pressão que sentia atrás da nuca, um pequeno formigamento pelo corpo, ou nas mãos, ou nos pés, não conseguia descrever com precisão o que era ou como se refletia nela, mas mesmo se estivesse dormindo ela sentia quando entrava ou saía da cidade. Depois de um tempo parou de tentar pensar sobre .

O carro onde ela estava com os amigos ia na frente, o caminhão de mudanças de Danels Lionels atrás, cruzaram pequenas avenidas, algumas encruzilhadas, até chegarem a uma casa com um azul desbotado na parte de fora, nitidamente os antigos proprietários não retocaram a tinta antes de se mudarem, mas para Aurora aquilo era mais um charme de que uma inconveniencia. Mal chegaram próximo da casa e os pais da jovem já estavam lá para os receberem com sorrisos e abraços.

- Finalmente chegaram! Seu eu soubesse que demorariam tanto assim eu teria colocado todos no meu carro e ido buscar minha filha - falou o pai de Aurora, um homem com seus já 40 quase 50 anos, bem conservado, fazendo muitos pais e homens da cidade invejarem sua boa aparência e principalmente sua inteligência, tinha cabelos castanhos escuros com vários fios cinzas e olhos azuis cristalinos, que tentava esconder atrás de seus óculos, não possuía um físico de atleta mas era notável que era um estudioso e em sua melhor forma - Deixa eu adivinhar, vocês se perderam?

- Claro que não Senhor Pendragon, nosso senso de direção é impecável! - falou Victor estacionando o carro em frente a casa.

- Deixe as crianças Peter - disse a mãe de Aurora, uma mulher de estatura média com volumosos cachos ruivos alaranjados e olhos verdes, um claro espelho mais velho da filha, aquela era Cristina Pendragon, bibliotecária na Biblioteca de Silver Spear, também foi professora do primário alguns anos antes da filha nascer. Assim como o marido Cristina está na faixa dos 40 anos, mas muito bem conservada, era o maior exemplo de doçura e simpatia, seu marido sempre falou que era impossível um ser vivo ter qualquer hostilidade perante a esposa, era como uma aura de paz e alegria que a cercava, algo inexplicável. Seus cabelos ruivos a essa altura já se mesclavam com alguns fios mais claros e alguns cinzas, ela segurava uma cesta repleta de guloseimas que com certeza ela passou o dia anterior preparando - Aqui, vocês devem estar com fome.

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