Bala de Prata

Café, Livros e Cerveja

Aurora acordou na manhã seguinte a sua mudança toda torta em sua cama, com sua cabeleira ruiva espalhada em seu travesseiro, o leve cheiro de seu shampoo emanava da fronha do seu travesseiro. Não se lembrava da última vez que teve um sono tão pesado como aquele, sentiu como se cada músculo do seu corpo estivesse tensionado, pesado, os olhos ainda queriam permanecer fechados, mas a ruiva se forçou a levantar pois naquele dia daria início oficialmente a arrumação da sua casa pela manhã e no início da tarde iria até a Biblioteca Central da cidade se candidatar para a vaga de Bibliotecária Chefe, cargo que era da sua mãe, pelo menos por meio período, mas soube que atualmente ele está com a odiosa Senhora Hanna Grave, uma mulher amarga com seus já 70 e poucos anos, nunca soube ao certo a idade exata dela, já que quando Aurora nasceu ela já era velha, e a mãe disse que, até mesmo quando ela se mudou para Silver Spear para viver com o marido, a mulher tinha as mesmas feições, as mesmas rugas e a mesma cara de quem chupou limão.

A jovem nem podia acreditar que havia voltado a sua cidade natal, parecia um sonho distante. Durante um bom tempo ela começava a pensar que moraria de vez em Londres, no apartamento aconchegante que se mudou quando começou a fazer os estágios da faculdade, com os amigos que formou, o café que sempre bebia na esquina do apartamento, todos os pequenos elementos que aprendeu a apreciar quando estava lá, a milhares de quilômetros de distância de Silver Spear. Mas sempre havia uma voz em seu interior, uma voz que sempre a lembrava que seu verdadeiro lar era em Silver Spear, sua verdadeira cidade não era a movimentada Londres, com suas lojas sofisticadas de livros, mas sim as ruas tranquilas, o povo que conhecia desde que nasceu, a floresta com seu doce cheiro de flores, árvores e plantas, e o bom e velho clima nublado de cidade de interior, clima esse que se fazia presente naquele dia.

Vestindo calças e um casaco moletom, Aurora saiu de sua casa naquela manhã fria em busca da pequena lanchonete que sabia que havia a poucas quadras da sua nova casa, o antigo Toca da Coruja, uma lanchonete que frequentou algumas vezes em sua adolescência. Chegando lá foi recebida por uma conhecida de infância, Lora Flowers, que antigamente era uma adolescente rechonchuda com cabelos cor de palha e grandes olhos verdes claros como vidro, tímidos e amáveis, agora, era uma mulher igualmente rechonchuda, com o mesmo olhar amável e o os mesmos dentes tortos. Assim que viu a ruiva deu um grande sorriso e grito de alegria.

- Eu não acredito, Aurora Pendragon, é você mesma?! - a loira saiu detrás do balcão com um uniforme de garçonete e um bloco em mãos onde estava anotando o pedido de um homem que olhou a ação da jovem com uma cara mal encarada - Eu não acredito que realmente voltou - ela disse lhe dando um grande abraço - Jhonny! - ela se virou para o balcão -Me vê 4 ovos bem fritos com bacon , junto com pão frito na manteiga e um duplo café expresso pro Senhor Fingolfen! -  logo que falou a loira se virou para Aurora - E pra você querida? Se não me engano você nunca foi muito fã de café no ensino médio, mesmo estando com uma cara de que precisa urgentemente de um.

- As coisas mudam Lora, hoje em dia eu sou uma boa amante de café - Aurora falou com um sorriso tímido no rosto - Mas eu posso ver o cardápio primeiro? Faz muito tempo que não venho aqui, quero ver se ainda tem o famoso cappuccino do Sr.Flowers - ela disse indo se sentar em uma mesa próxima, virada para o salão.

- Eu posso olhar pra você Rora, mas conta, como é Londres? Dizem que é enorme, movimentada, bem chiquê - ela perguntou enquanto anotava no bloquinho em sua mão - Ovos com bacon para acompanhar?

- Oh sim por favor. E bom, Londres é um pouco disso, mas há lugares que me lembraram Silver Spear, mesmo que vagamente e... - nesse momento a porta da lanchonete se abriu surgindo Victor e sua irmã Jades, ambos agasalhados e com os cabelos soltos.

- Menina do céu, aqui está a Senhorita Aurorinha, fomos na sua casa ver pra ver se não era um delírio coletivo você ter voltado, Lora querida - Victor se aproximou da garçonete dando dois beijos no ar em cada lado do seu rosto e ela fez o mesmo - eu vou querer o de sempre e Jay vai querer o que?