Jason, azarado ou vilão?

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O dia nasceu ensolarado, nada incomum naquela estação, afinal era Verão. Sol, ventos quentes, climas gotosos no meio da tarde, ótimos para nadar nos lagos cristalinos da floresta ao redor da cidade, em sua juventude Aurora adorava andar por aquelas floresta com seus amigos, as mochilas com guloseimas e roupas adicionais, as cantorias desafinadas que fazia parte do percurso, mas principalmente a sensação de paz e harmonia de andar pelo solo de terra cheio de raízes e folhas, o cheiro das árvores era inebriante, e como era verão, as frutas estavam maduras e as flores em cores vivas, nada era tão belo. Mas agora, essas lembranças felizes eram apenas isso... lembranças.

Depois que sua mãe lhe trouxe chá e biscoitos a ruiva até teve o resto da noite tranquila, acordou próximo da hora do almoço, ainda cansada e com o corpo pesando? Sim, mas era um progresso não ter tido pesadelos, nada de corpo, nada criatura e nada de lobo. Escolheu não se demorar muito, iria arrumar suas coisas e voltar a sua casa, estava a 2 dias de ''licença'' da biblioteca, a morte de Victor foi uma justificativa mais que suficiente para a Sra. Grave não tirar a sua vaga por faltar os primeiros dias do expediente, mas agora a única coisa que Aurora não queria era ficar em casa, deitada, chorando, dormindo mal, pensava que um pouco de trabalho podia lhe ajudar, podia fazer sua mente voltar aos eixos e quem sabe, se lembrar melhor dos fatos que ocorreram naquela noite.

Sua mãe foi veemente contra, ela ainda achava que a filha deveria descansar, ainda era muito recente, mal tinha feito 1 semana, voltar a trabalhar naquelas condições era quase como se torturar, se torturar a voltar a ser normal, a fingir que estava tudo bem mas no final ele seu amigo de infância, ela o viu morrer, não era um conhecido qualquer. Mas Aurora estava decidida, não queria mais ficar apenas vegetando e ocupando espaço na casa dos pais, naquela tarde mesmo, falaria com Jades, depois iriam pra casa (acreditava que voltaria chorando) e arrumaria suas coisas.

Mas ao que parece a amiga teve a mesma ideia, pois quando saía pela porta dos pais depois do almoço deu de cara com Jades, os olhos verdes cintilando de tristeza, as olheiras já bem amostras e a ruiva podia jurar que ela estava mais magra, o que não era estranho aquela altura.

- Jay... - as palavras lhe escaparam naquele instante, estava treinando tanto naquela manhã, mas agora parecia que tudo havia fugido - E-está um bom dia não é?

- É - ela disse com um sorriso triste.

- Eu lembro que... Nós... Olha, eu queria dizer que...

- Eu posso começar? - ela disse dando um passo meio vacilante - E-eu sei que... Que você deve achar que sim, mas eu não culpo você, naquela noite... Meu deus você viu o corpo dele, sabe-se Deus o que o atacou, sabe-se Deus se iríamos achá-lo depois - Jades respirou fundo parecendo conter as lágrimas - Foi bom você ter saído de lá, porque porra... Se vocês dois... Eu não conseguiria... - algumas lágrimas escorriam sem sua permissão e Aurora não aguentou e deu os passos que faltavam abraçando a amiga, não sabia, mas ainda tinha lágrimas para derramar também, então chorou, mas sabia que não poderiam se demorar ali, ela precisava falar o que havia acontecido e os curiosos já espreitavam em volta.

-Jay.

- Oi.

- Eu preciso te contar uma coisa - ela se separou do abraço e a encarou nos olhos - mas não aqui, preciso te contar sobre... Aquela noite.

- Rora você não precisa...

- Sim, preciso sim - a ruiva disse de maneira firme, Jades merecia saber e ela não suportava mais esconder aquilo dela.

- Ok - a loira disse depois de um suspiro longo - Eu estou com o meu carro, podemos ir nele... - ela parou pra pensar - Pro lago, o nosso lago, não acredito que esses abutres vão nos seguir até lá.

Bala de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora