➵ 15. What did I do?

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Calina Sartori
Seis anos atrás...

A brisa fria da noite atingiu meu rosto enquanto observamos o casarão Sartori a nossa frente através da janela do carro com o vidro abaixado. Estamos aninhados entre a mata e uma estrada bem antiga que nos levaria a um chalé bem antigo, mas que já não tinha uso há anos, ou seja, era uma estrada vazia que ninguém usava. Minhas mãos agarravam o celular com força, aguardando a mensagem de Hailey que demorava para dar a resposta. As luzes da casa estavam acesas, eu precisava saber se meus pais já haviam voltado ou não. E ela seria minha porta-voz.

— O que estamos fazendo aqui? — Aiken colocou a cabeça pra fora da janela do Toyota à nossa esquerda.

O ignorei sentindo o telefone vibrar nas minhas mãos. Rapidamente olhei para baixo acendendo a tela vendo a mensagem de Hailey dizendo que eles ainda estavam lá e que demorariam para voltar para casa. Meus lábios se estenderam em um sorriso quase cruel. Levei meu olhar até Bugsy que me encarava através da máscara com a cabeça caída um pouco para o lado.

— E então? — Ele perguntou.

Apenas levei minha mão até a maçaneta abrindo a porta do carro me esgueirando para o lado de fora. Antes de passar correndo pela estrada de terra cruzei os braços ao redor do corpo sentindo o frio se intensificar. Mesmo com a janela do carro aberta não estava tão ruim assim. A mata escura que corria ao redor de toda a minha casa dava um ar afastado e gélido, talvez até mesmo sombrio. Me apressei correndo até o muro abrindo o portão pequeno preto de metal enferrujado — que berrou como se não tivesse tido óleo por mais de 15 anos — colocando minha cabeça para o lado de dentro.

Eu sabia que nesse horário os seguranças não vagavam pelos arredores — esse portão sempre foi minha fuga para noites de diversão com Hailey e Tyler — por ser um lugar mais afastado da propriedade. Olhei para trás vendo os três rapazes descerem de seus veículos após o meu sinal, os outros dois colocando as máscaras de volta em seus rostos e puxando os capuzes para suas cabeças. Levantei a mão para cima balançando para que eles apressassem seus passos e rapidamente eles estavam ao meu lado.

— Sério... O que nós vamos fazer? — Aiken sussurrou.

— O que ela ordenar. — Bugsy respondeu e então o olhar dos três vieram até mim fazendo o meu estômago sacudir como se houvesse uma tempestade lá dentro.

Sorri faceira para eles como uma criança que iria aprontar. E nós realmente iríamos colocar o céu abaixo por uma noite. Me esgueirei passando pelo portão mantendo uma brecha aberta para eles. Do lado de dentro da imensa propriedade olhei de um lado para o outro caminhando apressadamente em direção ao pequeno galpão de madeira que armazenamos os materiais de limpeza das gramas e árvores. Ao adentrarmos o velho lugar iluminado apenas pela luz da lua um vento gélido percorreu pela minha espinha. Uma sensação estranha e distante que eu não consegui distinguir. Poucas vezes eu havia vindo aqui e pelo que eu me lembre nunca havia sentido isso.

— Está tudo bem? — Dei um pequeno salto ao sentir a mão gelada de Hunter tocar a pele nua das minhas costas.

— Hum... Sim... Está tudo bem. — Gaguejei mordendo meu lábio inferior logo em seguida. Seja o que fosse que havia aqui eu não tinha tempo para descobrir. — Vamos pegar aquilo.

Apontei na direção de vários galões de gasolina brancos que havia para as máquinas de aparar as gramas. Caminhei lentamente entre os equipamentos tirando uma lona preta de cima. Os rapazes rapidamente agarraram dois galões cada um e caminharam para o lado de fora. Peguei um menor que estava no canto e os acompanhei voltando a observar o casarão. Madeira para todos os lugares, isso pegaria fogo em um piscar de olhos, mas eu já não ligava para nada.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOnde histórias criam vida. Descubra agora